Melhor secretária

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Julieta

Aquele maldito! Já não bastasse toda a carga de serviço dos últimos dias, agora ele resolve sumir justo no momento em que um banbanban de Tokyo resolve fazer negócios. O homem já ligou tantas vezes e eu já disse tantas vezes que Nathan está num compromisso que ele passou a perguntar se ele “já chegou”. Eu sei que não devia, mas precisava ter ao menos uma pequena noção de onde ele está, não dá pra ignorar isso. Então faz 10 minutos que estou abrindo compulsivamente todas as gavetas da recepção para saber se tem algo

AQUELE BABACA PRECISAVA QUERER FECHAR ACORDOS JUSTO HOJE? ELE ME DEU A PORRA DE UM PRAZO RIDÍCULO DE ATÉ AS 00:00.

Puxo uma das gavetas tão rápido que ela simplesmente solta, derrubando todas as porras de carimbos e tinteiros sobre mim. Que ótimo! Tem como ficar pior?

Levanto, com a bunda um pouco dolorida. Minha blusa, antes branca, agora tem tantas manchas que não sei se algo vai conseguir tirar. Corro até a sala dele, atravesso rapidamente e corro até o banheiro. Meu queixo vai no chão, esse banheiro é maior do que a minha sala de estar.

Revestimento creme, banqueta no granito queimado preto. O banheiro inteiro é preto, para ser sincera, com exceção de alguns detalhes em dourado. Desabotoo os botões da blusa, a tirando. Rapidamente a enfio debaixo da água corrente, na opção gelada. Algumas manchas parecem se dissolver aos poucos e respiro aliviada com isso.

Quando fecho a torneira, torço a blusa a sacudindo um pouco, mas quando miro os olhos no espelho, largo ela na pia, fazendo um barulho alto.

Olhos azuis. Muito azuis. Sobrancelhas relaxadas. Rosto indiferente. E uma blusa comum. Só a blusa, sem jaqueta, ou casaco, deixando à mostra todas as tatuagens, próximo ao seu peito, nos braços, pulsos, mãos… não consigo tirar os olhos delas.

Nathan: Já terminou? - pisco algumas vezes tentando assimilar as palavras

- Quanto tempo faz que você está aí?

Nathan: Cheguei no último botão - MAS QUE MERDA!

Tento me cobrir tão rápido, mas não tenho nada nas mãos, então a imagem é meio patética, levo a mão à frente dos seios numa espécie de barreira e ele arqueia uma das sobrancelhas

- Para de olhar!

Nathan: Não - diz simples, cruzando os braços à frente do corpo, enquanto se encostando no batente - poderia fingir que sou um cavalheiro, mas pra ser sincero, desde que cheguei, seu rosto é a última coisa para qual estou olhando.

- Então sai da frente, seu cretino! - avanço, tentando passar, mas ele endireita o corpo, bloqueando a passagem. Estou de salto e eles não são baixos. Mas ele é um armário, que me olha de cima e não faz questão sequer de disfarçar que está me secando - Pensei que eu fosse tão comum que chegasse a ser patética - é a primeira vez que ele mira os olhos nos meus, e sinceramente preferia quando eles estavam em outro lugar, esqueço como se respira quando ele me olha assim. Preciso reagir - que nada em mim fosse do seu interesse

Nathan: Eu também disse que você até que é bonitinha - mas que porra. A voz dele é baixa o suficiente para ecoar latente na minha cabeça, mandando uma vibração para entre as minhas pernas, que preciso fechar um pouco para conseguir respirar.

Ele sorri. Um sorriso de verdade. Ele nunca devia sorrir assim.

Nathan: Tem coisas que não mudam mesmo - filho da puta - sabe, cerejinha - diz roçando a ponta dos dedos nas mechas do meu cabelo - eu tive um dia de merda hoje e estava bem estressado - ele continua e eu não sei onde quer chegar - cheguei aqui no escritório disposto a rasgar a garganta de quem encontrasse na minha frente - engulo seco - então cheguei aqui e a situação mudou parcialmente. Quer saber por quê?

Tudo ou nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora