Primeira alimentação

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Voltando um pouco em minha história acabei de encontrar uma parte do diário perdida, solta entre outras folhas. Foi o que eu escrevi depois de ter ido morar com Arianne e o momento depois da minha primeira refeição na nova vida. 


Recém-abraçada, sentia uma sede crescente, a necessidade voraz do sangue. Era como uma fumaça escura me consumindo por dentro, como se meu corpo entrasse em combustão.

Dentro do castelo de minha senhora tinha toda mordomia ao meu alcance. Ao perceber meu estado, Arianne conduziu até uma das diversas salas da construção onde um humano já esperava.

-  Chegou o momento, Annya. Sinta a presença da presa. Este é o seu instinto.

Um arrepio e tremor percorreu meu corpo como uma corrente elétrica. Hesitante e insegura, eu observa enquanto Arianne se aproxima da pessoa que parecia em estado de transe, o reconheci como um dos seus servos. Minha senhora me oferece um olhar tranquilizador, encorajando-me. 

- Não sei se consigo fazer isso.

- Você é forte, Annya. O sangue é o seu novo alimento, a sua nova vida.

Seguindo o exemplo de Arianne, me aproximo da presa escolhida, sentindo a tensão do momento. O homem por um momento para estático como uma estátua olhando para um ponto fixo atrás de mim.

Pouso minhas mãos em seus ombros e encaro a artéria pulsando em seu pescoço, sentindo a boca salivar. Me inclino tocando os lábios no pescoço sentindo os dentes pulsando dentro da minha boca, um incômodo tão diferente, que nunca senti antes. Então cravo meus dentes na pele, como morder uma maçã, a resistência da pele não forte o suficiente para que minhas presas perfurassem a superfície.

Ao sentir o sangue em minha boca meu corpo vibra de alegria, um misto de emoções me percorre. Me sinto acolhida pela sensação, como se diversas mãos me abraçassem.

Ao terminar, afasto-me da presa, sentindo uma mistura de gratidão por ter saciado a sede da besta dentro de mim e o desconforto diante do ato que acabara de cometer.

- Isso é... estranho. Não sei como lidar com isso. - Comento olhando para o humano ainda de pé mas com o pescoço sangrando por dois buracos levemente lacerados.

- É um processo, minha querida. Aprenderá a controlar e a compreender sua nova natureza.

Diário de Annya Katerina de BorgonhaOnde histórias criam vida. Descubra agora