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*AVISO* : POSSUI CENAS FORTES.

ANGEL LINHARES


Estava em casa.

Sorrindo para meus pais, eu tomava meu café da manhã. Meu lanche predileto, pão de queijo. Estavam uma delícia. Tudo estava perfeito,perfeito demais. E isso começou a me incomodar.

Dando mais uma mordida, olhei para o lanche.

E quase instantânea, seu gosto começou a amargar em minha boca.


Parei de comer. Meus pais,sentados na mesa,me olhavam preocupados. Seus olhares expressavam algo enigmático para mim. Era como se estivessem buscando alguma resposta. E eu não tenho nenhuma.

Eu senti arrepios,tudo era tão monótono. O ambiente estava começando a me incomodar.

— Tudo bem,filha? — Minha mãe pergunta.

Não conseguia responder. Parecia que algo prendia minha boca. Aos poucos,o desespero tomou conta do meu corpo.

De repente, sangue começou a escorrer pelas paredes. O cheiro de gasolina me deixou tonta.

Olho desesperada para todos os lados. Meu corpo parecia querer paralisar.

— Vai. — Meu pai diz de repente, com uma voz firme.

Olho para ele totalmente perdida. O que ele quis dizer?

O chão começa a tremer.

— Vai! — Ele grita.

Tomo um susto.

— Filha. Tá vendo aquela porta?— Minha mãe aponta para trás de mim e decido olhar.

Vejo uma abertura que possuía claridade. Era tão forte que meus olhos ficaram semicerrados.

  — Saia por ali, ela é a saída. Foque nela. — Diz a mulher.

Ao retomar meu olhar para minha mãe,sua cabeça e braços estavam cobertos de sangue.

Meus olhos começaram a lacremejar. Decido olhar para meu pai, e ele estava no mesmo estado que ela.

Tento chorar mas não consigo.

"De novo não, de novo não", eu pensava.

— Corre. — Minha mãe sussurra e nossa casa começa a desabar.

Tento correr entre aquele rio sangrento e escorrego.

Olho para trás e vejo...O acidente.

Começo a chorar. Me rastejo até a porta,esticando o braço.

Acordo.

Me sento na cama para me acalmar. Minha mão estava em meu peito, eu estava ofegante e suava frio.

Eu só queria que isso acabasse logo. Pelo menos não acordei ninguém...

Me sinto um pouco tonta,então espero alguns minutos para voltar a dormir.

O PLANO - MIGUEL CAZAREZ MORAOnde histórias criam vida. Descubra agora