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ANGEL LINHARES

Me limpo antes de entrar no prédio. Será que eu deveria ter falado com ele ou não? Não daria... Tinham garotas demais.

Tento desviar meus pensamentos dele, e foco no que é mais importante no momento: A visita.

Minhas pernas tremiam. Elas queriam andar,mas minha mente dizia "não". Sei lá o que me aguardava, eu só...Espero que não piore o que já está ruim.

Lentamente,me dirijo ao elevador. Ajeito-me olhando no espelho. Tudo ok.

Após sair do elevador, abro a porta e me deparo com...

— Angel! — Diz a senhora vindo em minha direção.

— Vovó... — Digo para mim mesma.

Eu estava paralisada. Meus olhos arregalados. Seus braços me tomaram em um abraço, e eu não o retribuí.

Natasha Linhares,conhecida como "vovó". Tinha cabelos grisalhos, a única coisa de uma típica vó. De resto, ela parecia uma atriz de Hollywood.  Vive se produzindo pra esconder a idade, uma autêntica narcisista.

Graças a ela,nossa família possui uma rachadura. Após a morte dos meus pais,eu entendi o porquê disso tudo.

Meus pais me tiveram antes do casamento, o que gerou uma repercussão muito grande na "família perfeita". E quem gerou essa repercussão? Minha avó,claro.

As coisas não estavam claras pra mim,mas agora estão. E sei que ela é a vilã nisso tudo. Ela que colocou a família contra nós. E eu nunca irei perdoá-la por isso.

— Oi, meu bem... — Ela diz melancolicamente, apertando mais o abraço.

Fico imóvel. Olho ao meu redor, Giulia e tia Alessandra me olhavam sentadas no sofá. Eu estava pedindo ajuda com meu olhar.

— Tá tudo bem? — A mais velha me interroga, preocupada e com sua testa enrugada.

— Claro que não está,e você sabe disso. — Falo em bom som, tirando delicadamente seus braços frágeis de mim. — Por que está aqui?

Ela me olha de forma enigmática.

— Você é incrível,não muda... De todos os meus netos, você é de longe a mais problemática. — Ela cruza os braços.

— Sério isso? — Aumento o volume de minha voz. — Quer falar de melhores netos agora? Agora que eu não tenho merda nenhuma, você quer me deixar ainda mais arrasada? Bom,parabéns. Mas deixa eu te contar uma coisa, se veio aqui me consolar, está sendo terrível nisso, acho melhor ir embora. — Falo apontando meu dedo em sua direção e em seguida, aponto pra porta.

Alessandra se levanta e entra em minha frente.

— Ane...Por favor. Escute o que sua avó tem para lhe dizer. — Ela segura minha mão e acaricia meu rosto.

Concordo com minha cabeça. Mas por dentro, minha vontade era de sair correndo dali.

— Enfim... — Minha avó senta-se no sofá. — Vou ser bem clara. Eu sou uma das candidatas para sua adoção. — Ela junta as mãos em seu colo.

Meu coração quase para. Cerro meus punhos e dou uma risada debochada.

— Eu não preciso nem falar que isso não vai rolar,né? — Falo com propriedade.

— O que for melhor pra você,é o que será feito. — A senhora diz séria.

— Não, eu não vou morar com você. Prefiro morrer, e você sabe disso. Você botou a nossa família contra meus pais, e consequentemente contra mim. Você disseminou o caos. Você é o caos. — Meus olhos lacremejam. — Após a morte dos meus pais, que eu percebi quem de fato sempre fez mal a essa família. Eu era cega demais. E meus pais sempre te inocentavam, mas agora eles não estão mais aqui para fazer isso.

Faço uma pausa, tentando segurar o choro. Não posso demonstrar fraqueza,não na frente dela.

— Que seja. — Ela resmunga, ajeitando seu cabelo, o colocando pra trás. — Você não quer ficar comigo... — Ela faz uma pausa e olha para Alessandra. — E sabe que mais ninguém da nossa família tem condições de ficar com você, né? Você tem ciência disso,não tem ?

— Eu sei sim, e por mim tudo bem. — Falo rispidamente, quase como um desabafo.

— Então não há mais nada para fazer aqui. Estou de partida. — Ela se levanta e se aproxima de mim, prestes a tocar em meus braços, porém ela hesita. — Adeus...

— Tchau. — Vou até a porta e abro ela, apontando meu dedo para fora.

A senhora se dirige até a saída e antes que eu fechasse a porta, ela sussurra.

— Foi bom te ver.

E vira as costas, entrando no elevador e sumindo de vista.

Ao fechar a porta, me encosto nela e Giulia vem me consolar,dando-me um abraço.

— Ai amiga...que situação. — Ela diz.

— Não quero falar sobre isso. — Saio do abraço e me sento no sofá.

— Garanto, amanhã será um ótimo dia ,melhor do que hoje. — Alessandra fala com um sorriso meigo, acariciando meus cachos enquanto estou deitada na cama.

— Obrigada. Estou esperando por isso por muito tempo...Sou grata por ter vocês.

— E nós somos por ter você. Boa noite querida. — Ela beija minha testa.

— Boa noite. — Sorrio fraco e fecho os olhos.

Ela caminha até a porta e a fecha. O quarto escurece,entretanto, ainda consigo visualizar o teto, e olho para ele por mais alguns minutos, refletindo sobre tudo que ocorreu hoje. E principalmente: O que vai acontecer amanhã.

Oiie gente! Esse cap foi um pouco mais curto,porém o outro com certeza não será assim, afinal, será O EVENTO.

Garanto que será repleto de emoções, risadas e muito mais. Comentem o que estão achando, e boa leitura!

Ah, e não esqueçam de votar e compartilhar! Byee

O PLANO - MIGUEL CAZAREZ MORAOnde histórias criam vida. Descubra agora