Você me buscou no fim do mundo

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Ele estava em uma floresta escura, completamente perdido, sem saber para onde ir. Tentava se mover, mas não conseguia sentir seu corpo. Em algum momento outro corpo surgiu diante dele, e ele deve ser caído de joelhos, porque estava mais perto do chão. Um som distante, uma voz rouca e machucada que ele não conseguia compreender bem.

Por que aquela pessoa junto dele estava falando? Falando com quem? Ele discernia algumas palavras, mas seu raciocínio estava lento. Então ergueu o olhar e se deparou com olhos de fênix castanhos e uma boca de lábios finos e austeros, mas que estavam ligeiramente abertos em desespero.

Ele achou que conhecia aquela pessoa, e a imagem de dias mais felizes pareceu surgir em algum canto de sua mente torporosa. Ele estava perdido, mas havia alguém que era como seu lar. Qual era mesmo o nome daquela pessoa?

- Estou procurando meu baobei. É você meu baobei? – Foi o que conseguiu sair de sua boca, embora a voz soasse como a de um estranho.

Diga que é você. Eu quero ir para casa.

A pessoa pareceu ficar ainda mais triste e pediu para ele olhar. Claro, ele olharia o infinito para aquele rosto, com olhos expressivos, sobrancelhas retas e severas como espadas. Mas então sua consciência pareceu fugir ainda mais, pois a visão foi escurecendo até se tornar escuridão completa.

Então dor.

Dor lancinante irradiando junto com seu sangue por todos os cantos do corpo, entrando em seus órgãos, extravasando pelos seus poros.

Ele deve ter gemido.

E então um zumbido surgiu nos seus ouvidos e foi aumentando, até se tornar pessoas gritando. Houve uma explosão. Depois outra, mais abafada.

Ele sentiu desconforto no peito e forçou ar para dentro de seus pulmões, que arderam como fogo do inferno.

No meio do mar de dor, algo suave em seu pulso. Deve ser uma mão, ele pensou, ajudando a circular seu qi.

Seu tormento foi amenizando um pouco e, quando se tornou suportável, ele percebeu que estava de olhos fechados. Ele os abriu.

Um rosto bonito flutuou acima, com uma moldura de cabelos selvagens, olhos avermelhados e uma marca em formato de fogo na testa. Ele conhecia aquela pessoa, embora ela parecesse diferente.

- Shizun – o rapaz chamou -, como você está?

- Binghe – ele se forçou a responder, o peito ainda queimando. – Um lixo...

Luo Binghe sorriu, alívio e lágrimas suavizando suas feições.

- Mo Weiyu, bem vindo de volta.

Mo Ran tentou se mover, mas todos os músculos ardiam e respirar doía. Binghe continuou gentilmente segurando seu pulso e ajudando no fluxo de energia espiritual.

- Descanse, shizun ficou morto por um tempo considerável.

Então as lembranças do confronto na fenda para o Reino Demoníaco atingiram Mo Ran e seu peito doeu também com angústia.

- Binghe, o que aconteceu? E Chu Wanning? Mestre Shen...

Ele não conseguiu completar, lembrando-se de ver Shen Qingqiu ser atravessado por um tentáculo afiado.

Lágrimas caíram dos olhos de seu discípulo.

- Chu Wanning está bem, mas sênior Shen está morto. Ainda está morto. - Mais lágrimas naqueles olhos grandes, Luo Binghe soltou o pulso de Mo Ran e virou o rosto para longe. – Shizun, como eu posso estar tão feliz e tão triste ao mesmo tempo?

Mo Ran trincou os dentes e suportou a dor física ao se sentar com dificuldade na cama. Ele não falou nada, apenas puxou a cabeça de Binghe para seu colo e passou os dedos entre os cabelos cacheados.

Ah, Binghe, você está tão grande, mas não passa de um bebê chorão.

- Tudo bem, Binghe. Pode chorar.

MoRan também estava chorando.

Sobre gatos brancos e seus cães demoníacos | 2ha x SVSSSOnde histórias criam vida. Descubra agora