Você também deveria descansar

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- Parar é desnecessário, eu já disse!

Mo Ran sorriu cansado.

- A-Ning, permita a este ancião descansar um pouco, sim? Vamos comer algo, dormir umas horas e então partiremos de novo. – E acrescentou, porque o outro continuava com as sobrancelhas franzidas: - Conseguirei ir mais rápido se estiver descansado.

Só assim Chu Wanning assentiu e o acompanhou para o interior da pousada, como se ele soubesse que a real razão para Mo Ran querer fazer uma parada era que Wanning estava tão rígido que Mo Ran teve medo que ele ficasse cheio de cãibras e quis dar um descanso para ele. Já era madrugada, e no balcão um homem velho dormia com o queixo apoiado em uma mão. Foi preciso chamá-lo três vezes até ele acordar com um salto, olhando em volta assustado. Eles pediram dois quartos e comidas leves ("A-Ning, perdoe este ancião por não cozinhar hoje").

Mo Ran pensou em se esticar em sua cama e só acordar com o sol, mas as roupas estavam grudando em seu corpo e seus músculos reclamavam pelo esforço de ter navegado a espada por mais de 12 horas seguidas. Ele então se lembrou de ter visto uma fonte termal quando passaram por cima da pousada, ao chegar.

Ele se arrastou para os fundos do estabelecimento, vendo satisfeito as espirais de fumaça subindo da água quente. Tirou todas as suas roupas e as deixou dobradas do lado e se enfiou lentamente na piscina termal, sentindo todos os músculos relaxarem com o calor.

Ah, ele estava tão cansado!

Encostou-se na borda, apenas a cabeça exposta e ficou ali o tempo de dois incensos queimarem, apenas deixando os membros se soltarem e a cabeça se esvaziar. Sua mente vagou para a sensação da respiração de Chu Wanning em seu pescoço, o corpo trêmulo em seus braços... se o rapaz não estivesse com tanto medo, se fosse em outra situação...

Mo Ran teve que fazer um esforço para não se fixar nesse pensamento. Ele submergiu e nadou um pouco na piscina, tentando clarear sua mente impura.

Satisfeito, ele voltou para a borda e saiu. Ao estender a mão para pegar suas roupas, ele viu outro conjunto de vestes cuidadosamente dobradas um pouco mais ao longe, brancas e imaculadas.

Ele se virou para a fonte termal procurando quem poderia estar ali também, e ainda conseguiu ouvir um gritinho esganiçado e ver a cabeça de Chu Wanning afundar na água ao escorregar.

Mo Ran não pensou, ele pulou nas termas de novo e em poucos segundos seus braços puxaram Chu Wanning do fundo, tossindo e cuspindo água.

- A-Ning, você está bem?

Chu Wanning continuava tossindo, seu rosto absurdamente vermelho e lágrimas escorrendo dos olhos e se misturando à agua em seu rosto.

- Eu só escorreguei – ele disse, quando conseguiu respirar um pouco.

Ele não olhou para Mo Ran e pareceu ficar ainda mais vermelho. Mo Ran notou que ainda estava segurando o jovem em seus braços, e pode sentir a pele macia das costas sob seus dedos. Inconscientemente, ele apertou. Chu Wanning fez um barulho engasgado do qual Mo Ran jamais se esqueceria.

Se perguntado, Mo Ran não saberia dizer o que estava pensando quando se inclinou para frente. Seu corpo quase se moveu sozinho, como um animal ao sentir a presa indefesa ao seu alcance. Seus braços puxaram Wanning mais para perto e sua boca buscou a dele, lentamente, um suave encostar naqueles lábios macios. Ele sentiu Chu Wanning tremer novamente em seus braços, dessa vez numa situação tão melhor do que mais cedo!

Ele afastou alguns milímetros e se aproximou de novo, dessa vez sua língua lambeu e Wanning permitiu sua entrada com um suspiro.

Suas línguas dançaram juntas, conhecendo, sentindo o sabor um do outro. Mo Ran podia dizer que Chu Wanning era inexperiente, ele estava descoordenado, seus dentes batendo às vezes, mas era sedento e ávido. O pensamento de que aquele era seu primeiro beijo fez algo feroz dentro de Mo Ran se remexer e desejar clamar Wanning com suas garras.

Com muito custo, ele afastou um pouco seu rosto.

- A-Ning, baobei – ele pousou uma mão nos cabelos molhados do outro -, tê-lo em meus braços é como um sonho, mas eu acho que precisamos ir para cima.

Chu Wanning, rosto já corado e com uma expressão atrapalhada, arregalou um pouco os olhos e fez um aceno sutil com a cabeça. Mo Ran soltou seus braços dele, mas deixou suas mãos entrelaçadas conforme se dirigiam à borda da piscina termal.

***

Esta autora tem algo a dizer:

Eu acabei de quase ter um ataque do coração. Estou com um notebook novo após o meu fiel companheiro de 8 anos começar a respirar por aparelhos. Após o backup, abri todos os arquivos e não encontrei o texto dessa história no novo. Foram segundos tensos, porque tenho rascunhado até o capítulo 29. Enfim, por sorte o antigo ainda não havia sido formatado. Ufa.

Tenham sempre backup dos seus arquivos importantes. É isso.

Sobre gatos brancos e seus cães demoníacos | 2ha x SVSSSOnde histórias criam vida. Descubra agora