Você está sempre comigo

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Talvez a maior surpresa de Mo Ran não tenha sido Luo Binghe ser Junshang, mas Shi Mei ser seu conselheiro. Shi Mei, Shi Mingjing. O segundo discípulo do ancião Mo Weiyu, que ele aceitou por que o rapaz parecia não ter talento nenhum para cultivação e foi desprezado pelos outros anciãos da seita. Mo Ran então o acolheu, e usou a afinidade do rapaz com o elemento água para focar em ensinar técnicas de cura e preparo de tônicos, ao que Shi Mei pareceu se adaptar relativamente bem.

Mas agora ele estava em vestes claras com detalhes de ouro, trazendo roupas para Mo Ran logo após sua ressurreição.

- A-Jing, o que você...

O mestre não conseguiu concluir sua frase, pois seus olhos desviaram das roupas escuras que o rapaz trazia para a marca dourada em sua testa, que lembrava três gotas formando uma flor a desabrochar. Shi Mei fez uma referência funda.

- Shizun, fico muito feliz em vê-lo. Agradeço por me acolher antes e por acreditar no meu potencial quando ninguém mais acreditou. Mas, com todo o respeito, shizun, preciso dizer que meu nome é Hua Binan.

Então "Shi Mei", como ele mesmo explicou, também estava fugindo após sua mãe ser descoberta como membro do Clã da Beleza dos Ossos de Borboleta.

- Peço perdão a shizun, mas eu não podia usar meu nome real, então disse não ter nenhum e deixei o líder de seita Xue escolher o que quisesse. – Ele disse, mais tarde, enquanto colocava uma garrafinha de tônico revigorante nas mãos de Mo Ran. E suspirou: - Não imaginei que ele me chamaria de "irmãzinha".

Hua Binan pouco conseguiu esconder de sua expressão de desprezo ao acrescentar:
- Sempre fui fraco como uma garotinha, suponho.

Mo Ran estava tentando engolir um pouco do seu remédio, considerando a possibilidade de estar ainda morto ou tendo um sonho maluco.

- Suponho que você soubesse bem mais do que deixava transparecer. Por exemplo, acho que você sabia das técnicas de treinamento que eu e Binghe estávamos aperfeiçoando.

- Ah, claramente! Veja, shizun, quando você não tem habilidades físicas exorbitantes, precisa confiar nas intelectuais. Eu reconheci Luo-xiong assim que o vi, como teria feito qualquer pessoa que estivesse prestando atenção.

- E por que não me falou nada?

- E por que eu falaria? Meu clã é perseguido no Reino Humano e no Reino Demoníaco, nossa carne é usado para fazer pílulas ou somos vendidos como escravos sexuais.

- Por isso você precisava de um junshang em quem confiasse. Por isso você encheu a cabeça de Binghe sobre buscar Xin Mo o quanto antes.

Hua Binan sorriu enquanto pegava mais coisas em sua manga qiankun.

- Shizun não é tão estúpido quanto faz parecer.

Mo Ran tentou levar como um elogio, ele de verdade tentou, mas sua cabeça latejava e seu corpo todo doía e nada parecia muito bom naquele momento.

Hua Binan então se pôs a examinar o pulso de Mo Ran e a checar sua circulação espiritual. Ele franziu um pouco as sobrancelhas delicadas, seus dedos longos se movendo discretamente, talvez para analisar o fluxo um pouco melhor.

- Shizun, está com sua arma espiritual, certo? Consigo sentir a energia de Bugui, mas parece haver algo diferente. Pode convocá-la?

Mo Ran não fazia ideia do que poderia haver de errado com sua espada, considerando que fazia um longo tempo em que não a desembainhava (tanto por não a ter utilizado em seus últimos confrontos, como por ter ficado morto por alguns anos), mas ele convocou a espada para a palma da mão direita. Ela apareceu, com seu cabo longo e a lâmina curvada e escura, terrível como sempre. Então Mo Ran a colocou ao seu lado na cama e ofereceu o pulso para Hua Binan checar novamente o fluxo de energia espiritual.

- Shizun, sinto outra energia circulando, com um forte componente de madeira. Parece outra arma espiritual...

Foi a vez de Mo Ran franzir suas sobrancelhas.

- Impossível, a não ser que eu tenha arrumado uma arma enquanto estava morto.

- Bom, só tem um jeito de saber – Hua Binan retesou a postura e deu um sorriso suave. – Tente convocá-la.

Achando tudo um absurdo, mas cansado demais para discutir e querendo encerrar logo o assunto para poder comer alguma coisa, Mo Ran convocou a suposta arma para sua mão, com descrença. Mas então uma videira de salgueiro começou a crescer de sua palma, estendendo-se com folhas de um brilho vermelho até ele segurar o cabo de um chicote.

- Que diabos?!


***

Esta autora tem algo a dizer:

Não tenham 3 empregos.

Sobre gatos brancos e seus cães demoníacos | 2ha x SVSSSOnde histórias criam vida. Descubra agora