Capítulo 12

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KYLE JOHNSON 

Uma semana depois

— Tem certeza que não quer que eu vá ao casamento, filha?

O meu pai me olha com tristeza, analisando a minha produção para o casamento. Um vestido branco colado ao corpo, mas nada vulgar, indo até os joelhos. Um decote sutil, e sandálias delicadas da mesma cor. Nos cabelos, ondas perfeitas e para dar um toque especial, um acessório de diamantes. Presente da mãe do meu “noivo”. 

Durante toda essa semana, me dediquei a escolher tudo para o casamento. Almoçamos com os pais dele, e também saímos em público para alguns restaurantes. Digamos que depois daquela conversa, quando o encontrei recebendo carícias de uma mulher no escritório, decidimos dar uma trégua. 

— Não precisa pai, melhor evitar isso. Já informei aos pais dele que o senhor está em outro país, mas, já nos enviou felicitações. 

— Eu achei que você sairia dessa casa de outra maneira.— afirma com a voz embargada.

— Para, pai!— limpo as lágrimas que rolam no rosto dele. — Está tudo bem, eu irei voltar, será apenas uma estadia fora de casa. Além do mais, irei vir sempre que quiser. 

Ele se conforma e sai do quarto. Meu irmão vem até mim e olha da cabeça aos pés. Estou colocando os brincos de diamante que combinam com a produção. 

— Se esse cara fizer algo de ruim para você, eu vou até ele e espanco, chuto as bolas deles até não ser capaz de fazer filhos e ….

— Obrigada, maninho. É uma ótima proposta de defesa, mas, creio que não precise. 

Toco o rosto do meu irmão, dando um beijo na bochecha e sai do quarto apressada. Não quero olhar para trás, mesmo sabendo que estarei na mesma cidade e voltarei, a sensação de despedida do meu quarto, é imensa. 

O meu pai se trancou no dele e preferi não ir até lá, podendo causar ainda mais transtorno já que ele está nervoso. 

Em frente a minha casa, o motorista me aguarda com a porta aberta, como de costume. Vou até o carro e entro, sentando no banco de passageiro. 

Ao dar a partida, percebo que estou indo oficializar aquilo que eu mais temia. 

☆▪☆•☆ 

Ao chegar na casa dos Richmond

Uma cerimonialista esta no meu aguardo, vem até o carro e indica que eu entre quando der o sinal. Mesmo sendo apenas um casamento no civil, existe todo um ar dramático e organizado. 

No momento indicado, ela me entrega um pequeno buquê de flores brancas. Ao descer do carro, respiro fundo e a sigo até o alta montado. Lá estão cerca de trinta pessoas, não conheço a maioria, para os pais de Klaus, minha família viaja bastante. 

Quando piso na passarela de vidro, montada até o ponto principal, observo Klaus com um lindo terno escuro. Ele me olha fixamente e sinto meu rosto corar. 

Caminho com calma, olhando para ele e me emociono, não pelo casamento, mas por tudo isso ser uma mentira. Sempre sonhei em me casar apaixonada. As pessoas ficam encantadas quando me veem emocionada, sendo convencidas que faço isso pelo meu noivo. 

– Você está linda!— Klaus afirma ao me aproximar. 

Ele toca a minha mão e a beija com carinho, ao menos fingi ter carinho.  

Dou uma leve olhada para trás, observando a família dele. Alguns primos desconhecidos, pessoas que aparentam ser do trabalho.

Um homem começa a expressar algumas palavras e ouvimos atentamente. Até parece que tudo isso é real. Depois, as alianças foram trocadas e quando chega a hora do beijo, fico nervosa. Meus lábios nunca sentiram os dele. 

— Apenas relaxa!— Klaus sussurra.

Nossos olhos estão fixos um no outro e aproximamos os rostos. Nossos lábios se unem, sentindo a maciez dos dele. Fecho os olhos, num selo demorado que se transforma em beijo quando ele abre a boca levemente. 

Arregalo os olhos, surpresa com o convite de um beijo mais intenso. Colocando as mãos no peito dele e empurrando. 

— Querido, todos estão olhando!— tento disfarçar, sorrindo. 

Os convidados gargalharam. Me sinto aliviada por não notarem o meu desconforto. Klaus segura a minha mão e passamos pela passarela espelhada. 

Uma recepção foi montada no jardim. Recebi felicitações de quem nem ao menos conhecia. Até que os pais dele vem em nossa direção. 

— Ainda não estou acreditando nisso!

O pai dele estende a mão para o filho, que assim que a pega, é puxado para um abraço, quase caindo na cadeira de rodas. 

— Seja bem vinda a família, Kyle. Estamos muito felizes. — A mãe dele me abraça. 

Me sinto uma vigarista por enganar as pessoas que me trataram bem desde o primeiro momento. Tento acreditar que essa responsabilidade não é minha. 

— Uma pena não conhecer a sua família.— ela continua.

— Em breve o meu pai retorna e poderemos marcar algo. 

Sorrio e ela toca meu rosto. Depois, eles saem juntos, e olho para Klaus que está pensativo. 

— Você conseguiu o que queria. — falo baixo. 

— Não sei porque, mas… não me sinto satisfeito com isso. — Ele suspira. 

— Depois que você for nomeado Presidente vitalício, se sentirá satisfeito. 

— Vamos embora? Não suporto precisar ser simpático com todos!— revira os olhos. — Iremos partir em uma hora. 

Fico ansiosa pela viagem. Não por ser uma falsa lua de mel, mas, meu sonho sempre foi conhecer a neve. Aquela neve que cobre os telhados e tudo envolta. Por esse motivo, decidimos ir para a Finlândia. O local onde o sol aparece por apenas duas horas no dia, muito gelo e chocolate quente. É disso que eu preciso. Quem sabe veremos a Aurora Boreal,  seria uma experiência incrível. 

O melhor de tudo, sem ninguém para julgar por não sermos um casal de verdade. 

— Está tudo preparado. As malas já estão no carro e podemos sair daqui agora mesmo. 

— Por favor!— suplico. 

— Atenção todos…— Klaus grita, me deixando surpresa. — Minha linda esposa está ansiosa para a lua de mel. Foi um prazer tê-los aqui, desfrutem da recepção que iremos nos retirar. 

— Esse é o meu garoto!— o pai dele afirma, animado. 

Forço um sorriso e sinto Klaus segurar a minha mão. Caminhamos entre as pessoas que desejam felicitações, saindo do local e indo direto para a frente da mansão onde o carro nos aguarda. 

Ao entrar no carro, respiro fundo. Me sinto livre e aliviada. Fingir estar radiante é muito cansativo. 

— Para o aeroporto, Charles! — Klaus ordena ao entrar no carro. 

— Você tentou me beijar, aquilo foi…

— Eu ? — ele me olhou indignado. — Estava apenas tentando ser o mais realista possível. 

Olho para ele com uma expressão de poucos amigos. Não quero esse tipo de aproximação, ainda mais sabendo toda a fama que ele tem. 

ALÉM DO SIMOnde histórias criam vida. Descubra agora