CAPÍTULO DOIS

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           Após o banquete regado a guloseimas preparadas por Dona Mima, ela se oferece para me guiar até o meu novo quarto, através de uma escadaria com um tapete vermelho tão ostentoso quanto as paredes de pedra que se estendem diante de mim. Com três andares acima, é difícil acalmar o tremor nas pernas.
          Ao adentrar o quarto, me sinto em um sonho. A imponência da cama esculpida em madeira Falak, cria uma atmosfera de opulência. Este exemplar alvo, símbolo incontestável de riqueza apreciado pela nobreza, floresce apenas na remota província de Croi. Seu transporte delicado, realizado em embarcações específicas, contribui para a aura de exclusividade e, claro, para o alto custo associado à essa preciosidade.
          Com a boca aberta, igual uma criança quando recebe um doce, passo a mão na lateral do cômodo e sinto cócegas na ponta dos dedos. Como é macio! Parece mais um tapete feito com mil fios, do que uma parede. Saltito na ponta dos pés e até arrisco uma pequena dança antes de me deitar só pelo prazer de espiar meu reflexo no chão. É tudo tão reluzente.
           Ao fundo daquele lugar enorme há pelo menos uma dezena de velas acesas ao redor de uma tina que deve ter o triplo do meu tamanho. Se eu estiver sonhando, não quero acordar nunca mais. Se eu tiver morrido, não me importo, desde que fique aqui por toda a eternidade sendo paparicada.
         — Pronta para conhecer seu tio?
Suspiro. É hora de dar rosto ao pior nome do mundo, depois do meu, é claro!

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