CAPÍTULO NOVE

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          O ser desprezível cospe ao chão, com um som úmido e repugnante, o cuspe atingindo o chão com um respingo grotesco. Enquanto isso, ele desfaz o nó de sua calça como se estivesse saboreando o momento e o sorriso se mistura à saliva que escorre pelos lábios.
          Num gesto sinistro, ele dá um sinal e dois de seus comparsas avançam, suas mãos ásperas e calejadas envolvendo meus pulsos e tornozelos, apertando com tanta força que sinto os ossos protestarem.    Um terceiro homem se aproxima com uma expressão predatória, arrancando minhas roupas com brutalidade e expondo minha pele vulnerável.
           Me sinto nocauteada pelo bafo quente de suor misturado com o odor ocre de bebida alcoólica que emana do homem enquanto ele lambe meu pescoço de maneira repugnante, a umidade gélida de sua língua deixando uma trilha pegajosa em minha pele. Seus lábios, ásperos e ressecados, forçam um beijo invasivo e nojento, uma sensação de repulsa tomando conta de mim.
           Tento gritar, mas o som é abafado e sufocado pela mão suja que obstrui a passagem de ar, minhas palavras reduzidas a gemidos sufocados.
           A escuridão começa a se fechar ao meu redor, as bordas da minha visão ficam turvas e distorcidas enquanto sou asfixiada.    Sinto uma sensação de vertigem e perda de controle, meu corpo se tornando pesado e inerte. Meus pensamentos se tornam uma súplica desesperada e silenciosa ao tentar lutar contra a escuridão que se aproxima.
          Pare!
          Espero pela morte que não vem, então sou forçada a abrir os olhos, mas o mundo está paralisado, como se o próprio tempo tivesse sido pausado. O silêncio é estranho, uma interrupção no fluxo da realidade.  Os homens estão lá, no mesmo lugar onde estavam enquanto me agrediam, como se tivessem sido petrificados por uma magia poderosa, muito embora eu não veja nada.
           Sinto um arrepio enquanto me levanto, tentando cobrir minha nudez com as mãos trêmulas, sem nunca tirar os olhos das figuras petrificadas que me cercam. Me arrasto até me libertar do maldito que estava acima do meu corpo, seus cabelos negros como a noite congelados no tempo. Com um toque, espero que ele acorde dessa paralisia sinistra, mas ele permanece imóvel, sua pela ainda inerte sob meus dedos trêmulos.
           Dou um soco em seu nariz, o som de algo quebrando preenche o vazio, e por um momento, meu medo se transforma em triunfo. Talvez tenha fraturado a mão no processo, mas isso é o de menos agora, pelo menos meu coração parece tentar voltar ao ritmo normal.
           Seguro o braço por causa da dor e Asi aparece em meu campo de visão. Olhos arregalados e a boca entreaberta.
          — É tudo verdade! — diz a garota, antes de cair em prantos

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⏰ Última atualização: Mar 12 ⏰

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