JEON P.O.V
Após a conversa que tive com Taehyung, eu decidi que iria tentar ser mais próximo de Jimin, e talvez, até ter algum relacionamento com ele.
Porque segundo o Taehyung, eu não posso ficar evitando acontecimentos futuros na minha vida apenas por ter medo de que mágoas passadas se repitam.
Então seguindo seu conselho, por hoje ser um dia de semana e consequentemente estarmos na escola, eu chamei o Jimin para se sentar longe dos meninos, para poder ter essa conversa mais séria com ele. Coisa que seria impossível perto dos outros, não pelo fato deles já saberem, mas sim porque nessa escola até o vento tem ouvidos.
E eu realmente acho desnecessário que algumas pessoas, essas que eu só vejo na escola, saibam da minha vida pessoal.
– Jun, por que a gente veio sentar aqui e não com os meninos? – a sua cara de dúvida era bem aparente, eu não sabia muito bem por onde começar, então fiquei um tempo em silêncio. Quando me veio um surto de coragem eu comecei a falar, torcendo para que ele não me interrompesse, senão a mesma iria pelos ares.
– Sabe, Jimin, você está se aproximando de mim gradativamente e… Tem coisas sobre mim que você não sabe, mas precisa saber... No entanto eu quero que você tenha paciência... ou melhor, eu preciso que seja muito compreensivo.
– Eu não estou entendendo, por que todo esse mistério, Kook? Você não quer mais ser meu amigo? – pergunta com um semblante triste e um tanto confuso.
– NÃO! – na hora em que ele cobre os ouvidos eu vejo que fiz merda ao gritar e já me apresso para pedir desculpas – Me desculpe por gritar, mas não tem nada a ver com isso, eu juro. Até porque no final dessa conversa quem decide como irá ficar a nossa amizade… será você. – me apressei em explicar e logo juntei coragem para falar sobre o assunto.
– Olha, eu sei que você tem poucas informações sobre a minha vida fora do colégio, assim como eu também tenho pouco conhecimento sobre você, mas como você está se tornando uma pessoa importante para mim e eu tenho contato diário com você dentro da escola e estou começando a ter fora dela também, você precisa saber sobre algumas coisas.
– Eu acho que está na hora de você ter mais conhecimento sobre a minha vida. No dia que tudo aquilo aconteceu, eu te disse que eu fui filho único até os meus 15 anos, lembra? – ele apenas assente e parece prestar bastante atenção. – Eu sei que na hora você não pensou muito sobre isso, e se pensou você deve ter achado que meus pais apenas quiseram esperar um bom tempo entre um filho e outro, estou certo? – Ele assentiu novamente e eu prossegui, parece que ele percebeu que esse assunto é um pouco difícil de falar e está apenas me deixando desabafar sem fazer perguntas. – De certa forma esse raciocínio está certo e errado ao mesmo tempo, como eu posso dizer isso…? – penso em um jeito que seria mais fácil de explicar, por mais que eu saiba que ele não teria dificuldades para entender sobre, eu me atrapalharia na hora e não daria muito certo – Eu e meu irmãozinho fomos gerados por meio de fertilização em vitro.
– Por que? O seu pai é estéril ou algo do tipo? Desculpe interromper, pode prosseguir. – fala educadamente e se senta de pernas cruzadas no chão, não sem antes limpar brevemente para que as suas calças não sujassem. Até em um momento desses esse garoto faz eu querer boiolar pelo tanto de fofura que ele exala.
– Quase isso, Ji. Biologicamente falando, ele não poderia ter filhos, a menos que fosse ele a pessoa que estivesse gerando a criança. Jimin, o meu pai é um homem transgênero. – Nessa hora eu fiquei com medo da sua reação, dentre todas as reações possíveis que eu havia imaginado que ele pudesse ter, ele apenas sorriu docemente para mim e fez sinal como se tivesse entendido o que eu queria dizer.
– Entendi, mas eu só não entendi aonde isso irá interferir na nossa amizade? – ele ainda parece confuso, mas não tanto quanto no início desta conversa.
– É porque a maioria das pessoas, quando descobrem, não tem reações tão pacíficas quanto a que você teve. Eu acho que essa foi a melhor reação que já tiveram ao me ouvirem falar sobre isso.
– Jun, você se esqueceu que eu não consigo demonstrar e ler emoções? Mas fica calmo que eu estou de verdade tranquilo com isso, no entanto o que você me disse me fez questionar: o que você já passou para ter medo de me falar isso?
– Resumidamente, eu passei por muitas coisas. Os pais de coleguinhas quando descobriam isso não deixavam os filhos brincarem mais comigo, eles ignoravam o fato de eu ser apenas uma criança de 5 anos de idade, acho que isso também influenciou no bullying que eu sofria quando criança, mas em resumo, eu sempre era tratado diferente quando as pessoas tinham conhecimento sobre esse fato da minha vida.
– Às vezes é um estorvo viver nessa humanidade. – Ele diz, e apesar de achar engraçado, fico confuso.
– Um o que? – perguntei e ri um pouco da palavra que ele usou – Ji, certeza que você tem 18 anos e não 65? – falo rindo da sua cara e ele fica vermelho, não sei se de raiva ou vergonha, mas se está fofo? Ah, e como está!
– “Estorvo”, é o mesmo que uma “uma droga” ou “um saco”, não é minha culpa que eu falo mais formalmente e tenho mais conhecimento sobre as palavras do que você! – fala fazendo um biquinho fofo demais, e é em mais uma dessas nossas conversas com ele que eu vejo que estou bom do coração. Porque para suportar essa fofura que Park “Charlie” Jimin é, só sendo muito bom do coração.
Ficamos mais um tempo conversando, apenas nós dois. Isso até ele dizer que queria se juntar aos meninos e fomos para o mesmo lugar de sempre.
– Ji, você ainda é inocente né? Esse brutamontes não tirou sua inocência não, né!? Se você tiver tirado, eu te dou uma surra, Jeon Jungkook! – Jin fala assim que nos aproximamos da mesa, ele nem teve tempo de perceber que Jimin estava com os abafadores e estava pegando o seu Kindle no bolso do moletom.
– Oh demônio burro que gosta de rosa, ele está com os abafadores, e não, eu não fiz nada demais. Eu só falei sobre meu pai para ele.
– Ah bom! Gente, vocês ficaram sabendo que o Jackson Wang do 3-A foi corno? – Taehyung já começa com a hora da fofoca.
– Menino, sabia não. Você sabe como foi? Fala mais, eu trabalho com detalhes, amor! – Jin, o outro fofoqueiro do grupo, já entra na onda.
– Você sabe que ele estava namorando com aquela quenga do 1C né!?– O Tae tem ódio do Jackson porque ele deu em cima do Hoseok uma vez, Jin apenas assentiu e o mais novo continuou – Então, resumindo o que me contaram, ela viajou durante um tempo para a casa de alguns parentes dela e quando voltou trouxe um “primo” para morar com ela, de primo não tinha nada, menino. Um dia ele foi visitá-la de surpresa e aí pegou os dois na cama.
– Eita porra! Que isso, foi melhor que novela teen, me desculpa mas ele mereceu, um gay que se força a ser hetero merece isso, a única coisa boa disso é que as festas vão voltar.
Eles continuaram a falar da vida dos outros por mais um tempo e eu por não me importar muito, nem prestei atenção. Não que eu não goste de fofoca, mas é que eu não tenho uma relação de muito amor com o Jackson, não foi briga nem nada, é só que ele também já foi um “nerd”, assim como eu – ele ainda é – e em uma de nossas discussões sobre One Piece, ele simplesmente falou que Zosan não existe, e cara, eu comecei a ler fanfic's por causa desse casal, aí por isso que eu tenho “raiva” dele, ele falou que meus “papais” não existem, vê se pode uma coisa dessas?
Mas enfim, voltando…
Vou mexer no celular que é bem mais interessante do que a vida de uma pessoa que shippa o Zoro com a Perona, ou pior, Sanji com a Nami.
JIMIN P.O.V
Os meninos estavam falando sobre algum assunto que eu não prestava atenção, mas eles pareciam bem animados. Por algum motivo o pátio estava bem barulhento hoje em comparação aos outros dias. Então, estava usando os abafadores e focado em terminar o último capítulo de “A garota do Lago” e enquanto isso todos estavam focados em alguma coisa.
Quando eu terminei minha leitura, fiquei curioso com o que os outros meninos estavam fazendo ou falando, porém quando eu fui tirar os abafadores parecia que o volume de vozes no pátio aumentou então os coloquei rapidamente de novo.
O único que percebeu tal ação foi Jungkook, percebi o mesmo pegar o celular e digitar algo. Segundos depois senti meu telefone vibrando e peguei o objeto vendo uma mensagem do mais velho.
“– Está muito barulhento aqui, né?”
Era o que sua mensagem dizia. Apenas olhei para Jungkook e balancei a cabeça em afirmação, logo meu celular vibrou novamente.
“– Quer ir para onde você costumava ficar antes de andar com a gente?”
Olhei para ele e parei para pensar. Não era uma má ideia!
“– Lá é mais afastado do pátio, então deve ser menos barulhento, e aí, topa?”
Eu o encarei por mais alguns segundos, antes de responder sua mensagem.
“– Não! Eu não quero atrapalhar, nem todos os meninos irão querer ir junto!”
“– Eu aguento ficar aqui até o final do intervalo!”
Ele me olhou como se estivesse me analisando e voltou a digitar.
“– Que nada, você nunca atrapalha! Vamos nós dois então. Ainda faltam 20 minutos para acabar o intervalo, e você não está bem, vamos pra lá, uh?”
Aqui o intervalo tem 1 hora de duração, isso porque ficamos na escola mais de 7 horas, quase 8 na verdade, isso já contando as aulas extracurriculares.
Eu apenas me dei por vencido e assenti.
Vi ele falando com os meninos que apenas assentiram e logo ele se levantou pegando o seu violão que estava embaixo da mesa.
Saímos em direção ao lugar que ele havia mencionado nas mensagens, lugar esse que eu passava boa parte dos intervalos.
– Ji, quando você não estiver se sentindo bem é pra falar para o Jin Hyung ou para mim, entendeu? – Jungkook fala seriamente, percebo também um tom de preocupação na sua voz.
– Sim, Jun, mas eu… não queria atrapalhar vocês! – falei baixinho, mas sei que ele ouviu.
– Jimin, você precisa entender que expressar as suas vontades, para seu próprio bem estar, tem que sempre vir antes do bem estar de terceiros! – Ele fala e eu o olho prestando atenção.
– Se você vai se auto tratar como coadjuvante na peça onde o personagem principal é você, ou como o Domingo, que é o primeiro dia da semana, mas muitos o tratam como último. Isso ficou estranho, mas você entende o que eu quero dizer? Sempre se coloque antes dos outros na sua vida, está bem? – Ele fala por fim, dando um pequeno sorriso.
Eu sei que parece que ele está me dando uma “bronca”, mas acredito que é uma forma sua de demonstrar cuidado comigo. O que é um dos pontos que, segundo o Lino hyung, pode ser considerado um ato de uma pessoa apaixonada.
– Está bem! Prometo que irei seguir esse conselho, hyung, mas por que o pátio estava tão barulhento hoje?
– Ah, bom… um dos alunos mais populares foi traído, então todo mundo está falando disso! – fala dando de ombros e se sentando no chão. Ele arrumou o violão em seu colo como se fosse começar a tocar.
– Hum, entendi! – apenas o observo e me sento ao seu lado, mas não tão próximo e vejo ele mexer no instrumento como se estivesse ajustando alguma coisa. Eu realmente não entendo muito disso.
– Hey, Ji? Você já tocou algum instrumento? – ele me perguntou após ficarmos um tempo em silêncio.
Eu apenas neguei e ele se arrumou um pouco mais próximo de mim.
– Se você quiser, eu posso te ensinar a tocar alguns acordes no violão! – ele prontamente disse.
– Se não for encôm... – ele semicerrou os olhos como se estivesse me “repreendendo” e eu logo me interrompi – Eu aceito sim!
– Eu… bom, eu… vou ter que me aproximar mais de você e te abraçar por trás, tudo bem para você? – Ele perguntou baixo.
Eu apenas confirmei. São essas pequenas atitudes dele, que eu vejo que ele realmente se importa comigo. Ele sempre tenta me avisar antes de algum contato físico entre nós acontecer.
– Ji, eu sei que às vezes você não gosta de falar, mas agora eu preciso que você me responda com palavras. – Ele falou calmamente e eu o olhei.
– Eu… permito que você tenha esses contatos comigo! – após eu deixar claro as minhas vontades, com palavras dessa vez, ele se aproxima e fica na mesma posição que ele havia me descrito.
Ficamos assim durante um tempo, na verdade o suficiente para eu aprender 2 notas apenas, o “Dó” e o “Ré”, que só saíram depois de muitas risadas, tanto da minha parte quanto da parte dele. Porque de fato, estava sendo engraçado a minha aula rápida de violão.
Quando faltavam apenas 3 minutos para o fim do intervalo ele se levantou e me ajudou a levantar também.
Estamos seguindo para a nossa sala agora, nem passamos para nos despedir dos meninos, já que a minha sala e do Jungkook hyung fica no 3° andar, enquanto as deles ficam no 1°. Seria uma perda de tempo considerável nos despedirmos deles agora.
QUEBRA DE TEMPO
Estávamos no último período antes de começar as aulas extracurriculares, quando ouvi a menina que senta atrás de mim me chamando.
Quando eu viro para trás ela me entrega um papel e sussurra: “O Jungkook que mandou te entregar!”
Eu olho para ele e ele assente com a cabeça, como se já soubesse que eu iria duvidar da procedência do bilhete.
No papel estava escrito:
“Sete dias de mochi grátis ou sair comigo para um lugar misterioso?
Ps: Pense com carinho, Jimin-ah! <3”
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Love between neurodivergences
Fanfiction[Em andamento] Onde Park Jimin se vê mudando de escola pela 5° vez em menos de 2 anos, isso tudo por sempre ser vítima de piadas e comentários maldosos sobre seus costumes um pouco diferentes, mas que para ele são totalmente normais como uma pessoa...