Capítulo 19

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Narrador's POV

Uma das únicas vantagens de ter um emprego imprevisível, eram as folgas imprevisíveis também. Pela carga horária da última semana, ambas estavam de folga naquele dia, podendo aproveitar a cama por mais tempo, mesmo que acordadas.

— Sinto zero vontade de levantar e viver o dia de hoje. - A Tenente falou, escondendo o rosto no pescoço da namorada.

— Somos duas. Podemos ficar aqui hoje e fingir que o mundo lá fora não existe, o que acha? - Perguntou, enrolando os dedos nos fios da mais velha.

— Acho uma ótima ideia.

Embora a ideia tenha sido aceita pelas duas, o resto do mundo não ouviu o que elas sussurravam para a outra embaixo das cobertas, por isso, o celular da cirurgiã tocou, desfazendo o acordo sobre esquecer que existe vida fora daquele quarto. Após resmungar, Wanda se virou parcialmente, pegando o celular que estava em cima da mesa de cabeceira, ao lado da cama.

— Alô? - A voz sonolenta não escondia nem um pouco o fato de que tinha acordado há pouco tempo.

— Oi, mãe desnaturada, esqueceu que tem filhos? - A voz da Maximoff mais velha soou divertida do outro lado da chamada.

— Jamais seria capaz de esquecer meus filhos! Principalmente pela paz que está aqui, é o que indica que eles estão longe. - Brincou de volta, ouvindo a risada da mãe e até a risada da namorada, que ainda estava com o rosto enterrado em seu pescoço.

— Natasha está aí? - Irina perguntou após também ouvir a risada da tenente.

— Sim, vou colocar no viva-voz, aguenta aí! - Suas palavras e seu movimento de tirar o celular da orelha chamou a atenção da bombeira, que levantou o olhar. — Pronto.

— Oi, minha nora favorita!

— Oi, minha sogra favorita, como você está? - Repetiu o cumprimento, mudando apenas o título. Claro que seriam as favoritas uma da outra, eram as únicas. Ou deveriam ser, pelo menos. Se Wanda fosse sua ex, seria questionável.

— Estou bem e você, minha querida? - Wanda apenas ouvia a conversa das duas, não se importando de ficar de fora, amava demais a relação de sua namorada com sua mãe pra se importar. Além de que estava sonolenta demais pra prestar atenção, processar e ainda pensar em uma resposta pra qualquer coisa que seja. Seu cérebro ainda estava iniciando.

— Estou bem, só um pouco cansada. - Respondeu, pegando o celular da mão de Wanda quando a mais nova fraquejou e o aparelho quase caiu em sua cara.

— Minha filha não está te dando descanso? - Seu tom sugestivo deixava bem nítido a malícia em sua pergunta.

— Quem me dera fosse sua filha, sogrinha, quem me dera. - Respondeu divertida, vendo que Wanda estava de olhos fechados, mas tinha um sorrisinho nos lábios. Wanda lhe deu sim uma canseira na última noite, mas essa canseira ela sentia prazer em receber, o problema era a canseira do dia a dia, do trabalho, da rotina. Essa era a canseira que desagradava.

— Trabalhando muito?

— Igual o Papai Noel no Natal.

— Então você não existe? - Sua sogra perguntou zombeteira. Wanda nunca abriu os olhos tão rápido.

— Mãe, se você tiver dito isso perto das minhas crianças, eu me deserdo! - A cirurgiã falou séria, sabendo que suas crianças realmente acreditavam em papai Noel. A doce inocência.

— Suas crias tão tudo igual você, dormindo. Hoje é o dia da preguiça pra todo mundo, aparentemente. Seu pai tá jogado no sofá, assistindo aqueles documentários em um idioma que ele nem entende... - Ambas escutaram a mais velha gritar, dava pra notar que também estavam no viva-voz. — Ô velho, que língua é essa?

FIREFIGHTER - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora