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Boa leitura ❤️❤️❤️❤️❤️

               DEZESSETE


Onda de arrombamentos no Banco de Sangue em Chicagoland confunde hospitais locais [da página 5 do Chicago Tribune de 14 de novembro]
John Weng, AP
– Os administradores de hospitais de Chicago estão coçando a cabeça por causa de uma onda de recentes invasões a bancos de sangue entre centros de doação no Near North Side de Chicago.
“Esperamos que um certo número de doações desapareçam a cada semana”, disse Jenny McNiven, coordenadora de voluntários do Hospital Infantil da Michigan Avenue. “Nossas doações de sangue são em sua maioria realizadas por voluntários e erros acontecem. Mas o que vimos nas últimas quarenta e oito horas não pode ser explicado por um simples erro humano”.
De acordo com McNiven, três centros diferentes sofreram invasões no fim de semana. Em cada caso, os voluntários compareceram aos seus turnos da manhã e encontraram portas de frigoríficos penduradas nas dobradiças e a maior parte do seu conteúdo removido. Um par de luvas de cetim branco até o cotovelo deixadas em um dos centros estão sendo analisadas pela equipe forense do Departamento de Polícia de Chicago em busca de pistas.
“Não sei por que alguém faria algo assim”, disse McNiven. “No que diz respeito às pegadinhas, esta pode ser uma das piores. Sangue salva vidas”.

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Wangji – e seu peito nu – estavam me esperando na sala quando saí cambaleando de seu quarto na madrugada do dia seguinte. Ele estava no sofá, folheando um jornal com uma leve carranca no rosto.

— Bom dia.

Ao som da minha voz, ele ergueu os olhos e colocou o jornal de lado.
— Bom dia. — Ele sorriu para mim, um pouco tímido – o que era um pouco ridículo, considerando como havíamos passado boa parte da noite anterior. Fiquei um pouco surpreso ao ver como ele parecia penteado e arrumado, já que eu poderia dizer, mesmo sem olhar no espelho, que estava com o cabelo mais ridículo da história do mundo.
Então me lembrei que ele saiu do quarto com um pedido de desculpas pouco depois da meia-noite e não dormiu ao meu lado.

— Que horas são? — Perguntei. — Preciso estar no trabalho às oito e meia.
— Pouco depois das seis. — Ele se levantou e caminhou até mim, colocando as mãos em cada lado da minha cintura. Ou, mais precisamente, em ambos os lados da vizinhança da minha cintura. Eu estava enrolado  em um de seus lençóis macios de cetim vermelho. A precisão anatômica foi difícil.

— Meu lençol combina com você.

Eu bufei.
— Eu não me vesti de novo ontem à noite depois... bem. — Eu parei, corando. — Me enrolar neste lençol foi mais fácil do que descobrir onde você jogou minha cueca.
Ele cantarolou e deu um beijo na minha bochecha.
— Você parece divino.
— Não pareço não.
— Espero que você nunca use mais nada.
Ele me beijou então, casto e terno. Coloquei minhas mãos em seu peito e me inclinei, apreciando o toque suave de seus lábios contra os meus.

— Estou surpreso que você não esteja vestido — pensei. — Não é como se você estivesse dormindo todo esse tempo.

As pontas dos meus dedos traçaram o contorno de uma cicatriz irregular e proeminente logo abaixo do mamilo direito. Eu queria perguntar a ele como ele conseguiu isso. Se aconteceu enquanto ele ainda era humano, ou depois. Mas agora não era o momento.
— Daqui para frente pretendo passar o maior tempo possível sem camisa.

Soltei uma risada surpresa.
— O que?
— Você gosta quando eu não uso camisa — disse ele, com tanta naturalidade como se estivesse me dizendo que a previsão era de chuva. — Você gosta muito, na verdade. Gosto de fazer coisas que te agradam.
Eu não tentei exatamente esconder o quanto eu estava dentro do corpo dele, mas a maneira como ele expressou isso me fez pensar em algo.
— Você percebe que gosto quando você não usa camisa? — Corri minha mão por seu peito fabuloso para garantir. — Além de simplesmente dizer que você tem um corpo ótimo, quero dizer.

Beijo Quente, Sangue DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora