Maranhão
— Cê tá com cara de sono... dormiu de noite? — perguntei pra GK, que tava coçando os olhos.— Aham. — GK respondeu, suspirando. — Maranhão, toda hora tiazinha vem aqui no meu plantão pertubar dizendo que o gás acabou tem que ficar porra. Pagando gás pelo meu dinheiro, pra ficar como? Dando pra tiazinha. Tá de marola com a minha cara?
— Porra me lembrou agora, tem que mandar aqueles menor lá comprar, esqueci de mandar. — respondi, pegando meu celular, pra mandar alguém comprar o gás da tia.
Vitor entrou com a arma no braço pendurada pela bandoleira.
— Visão. — Vitor fez toque comigo e com GK. — Tião tá todo mandadão lá. — olhei pra GK que deu de ombros — Ele veio com papo da ameaça e perguntou como que tava a investigação.
— Não era pra ele saber, era? — olhei pra GK e ele balançou a cabeça negando.
(...)
Vitor deu um tapa na cara de Tião. — Me dá essa porra de celular.
— Não pô! Tô mentindo não! — Tião balançou a cabeça e Vitor chutou ele. — Que eu te fiz, merda?
— Tião, dá o celular, aqui — GK estendeu a mão, esperando Tião dar o celular. — Se tu não tá devendo nada, então não tem pra que temer, bora.
Tião olhou pra GK, tirou o celular do bolso e entregou.
E GK achou uma conversa bem suspeita.
— Tá te pagando pelo o quê? — GK disse meio bravo, mas ainda com calma na sua voz.
— Pra pegar dinheiro de vocês pra dar pra eles, ai. — Tião balançou a cabeça, chorando.
— Eles tão te pagando pra você pegar dinheiro? — perguntei, fazendo Tião olhar pra mim. — Que papo torto é esse?
— Tião, tu me venha com a verdade... — GK disse, respirando fundo.
Tião olhou pra mim e depois olhou pra GK. Respirou fundo e abaixou a cabeça.
— Eu que te mandei a mensagem, GK. Eles querem que eu pegue o João Lucas.
— Eles quem, Tião? — perguntei.
— Não sei, não sei!
— Não sabe? — Vitor debochou, dando mais um soco na cara de Tião.
— Vitor, dá um fim nesse daí. — Tião chorou gritando. — Mas valeu aí, Tião. De verdade mesmo. Mas tu tem quem morrer pro meu filho ficar vivo.
GK saiu da casa e eu fui atrás.
— Vou enrolando esse filha da puta aqui até achar ele. — GK disse, mexendo no celular de Tião. — Essa porra tá me deixando louco.
— E a Maria Cecília? — GK balançou a cabeça, ainda mexendo no celular.
— Contei, pô. — ele deu de ombros.
—Eu tava indo nela agora, pegar meu carregador com a Beatriz. Quer ir mais eu? — GK passou a mão no rosto e balançou a cabeça concordando.
Não sabia que GK tinha contado pra Cecília e agora faz sentido o porquê dele estar desse jeito, pra baixo.
Ele é bem fechadão, mas a gente sempre sente quando não tá nada bem.
(...)
Beatriz atendeu a porta, me recebendo com um beijo.
— Oi, amor! Vou pegar seu carregador. — ela deu um oi pra GK e voltou pra dentro de casa.
GK se aproximou da porta. João Lucas viu o pai e correu animado em sua direção.
— Papai! Papai!
GK se ajoelhou e abraçou João Lucas com força.
— Lucas!
Cecília apareceu na porta, olhando a cena com uma expressão de desconforto.
— Gabriel... — Cecília disse, com um tom sério.
— Eu só queria ver nosso filho, Cecília. Deixa de ser chata, mano. — GK respondeu, ainda abraçado a João Lucas.
Cecília suspirou, visivelmente tensa. Bia chegou com o carregador na mão, me entregando.
— Valeu, gatinha. Bora, GK? — eu disse, tentando aliviar o clima.
— Tá bom, filho. Pai vai embora agora, mas ele volta pra te ver logo, tá? — ele disse, olhando pra João Lucas.
— Não vai embora, papai... — Lucas disse com uma voz de choro.
— João, o papai precisa ir agora. Vamos, ele vai voltar logo. — Cecília disse com um olhar firme, mas compreensivo.
GK deu um último abraço apertado em João Lucas. — Papai vai voltar.
— Você promete que jura? — João Lucas disse, triste.
— Eu juro que prometo. — GK respondeu, deixando um beijo na testa de João Lucas.
Nos despedimos e fomos embora.
(...)
— Tem mais alguma coisa pra fazer aqui? — balancei a cabeça, olhando preocupado pra GK. — Então eu vou indo.
— Fica ai, pô. Vai deixar o cara sozinho no plantão? — GK riu — Não some, mané. Vai pra casa, tá?
GK foi embora e eu fiquei no Q.G, preocupado, ele não ia pra casa nunca.
Subi na laje, acendi um baseado e fiquei lá observando aquela vista linda.
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Kairós
RandomTudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu; Vivemos pelo Kairós.