capítulo 3

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...

- Mamãe! Olha, peguei essa para você. - Um garoto de cabelos loiros corria pelo jardim com um pequeno dente de leão na mão. - Posso colocar em seu cabelo?

Ele chega perto de uma moça esbelta, de cabelos loiros como os dele e olhos claros, sorria gentilmente para o garoto e se ajoelhava em sua frente.

- Então? Como ficou? - Ela pergunta sorrindo com os olhos fechados, esperando uma resposta. Esperou e, então abriu os olhos curiosa com o silêncio.

O menino a encarava, sua expressão mudará de um sorriso alegre e despreocupado, para um rosto sério e recuava passos.

- Mãe...? Por que você mente? - Sua voz trêmula tentava soar o mais clara possível. Sua mãe por outro lado ficou confusa com a pergunta.

Os olhos do garoto pareciam cintilar, em tons de vermelho e um sorriso estranho nos lábios surgiu. A expressão da mãe mudou, seu sorriso sumiu e sua pele se tornou pálida, como a neve.

- Cante para mim mãe, sobre a ponte de londres.- Ele diz parecendo se divertir com o que dizia e a expressão confusa da dama. Então se vira e sai correndo, como uma criança, rindo.

...

Luffy pov:

Sinto meus olhos se abrirem lentamente, o quarto continuava escuro e me levanto, colocando uma mão sob minha cabeça.

- Que dor... - Murmuro, olhando para a porta e travando no lugar.

Tinha uma mulher ali, a mesma com quem sonhei? Também a vi na foto, sei que era ela. Ela estava parada, encarando meus olhos sem nenhum sentimento exposto. Seu corpo transparente parecia querer sumir e, com uma pequena distração, ela some.

O quarto fica em silêncio, tirando por um som vindo de longe, algum lugar na casa, como uma música... Não. Parece como um coral de igreja.

Suspiro olhando para Tral, que se mantinha dormindo. Me arrasto para o canto da cama, me levantando.

Ando devagar pelo quarto, observando alguns detalhes. Sei que não pareço nenhum pouco sério mas, sei que tem momentos que não podemos brincar. Aprendi isso naquela casa.

Observo os papéis empoeirados na escrivaninha, pareciam cartas mas, todas manchadas com tinta preta ou rasgadas. As gavetas estavam vazias, apenas com algumas aranhas morando nelas.

Suspiro me levantando e indo até a porta. O som do coral ficava mais alto e, minha cabeça latejava cada vez mais. Abri a porta, com receio sai do quarto observando o local escuro, que parecia amanhecer lentamente.

O corredor era grande, possivelmente os 6 cômodos seriam quartos e, o som que me perturbava não vinha deles. Me apoio na parede, respirando de maneira pesada e lenta,  começo a andar para a ponte do jardim, que liga esses cômodos até a entrada, a capela.

Sinto uma brisa fria passar por mim e vozes com sussuros e risadas, fazendo meu pelo se arrepiar e recuar um passo, encarando o jardim. Parecia ser bonito anos atrás mas, hoje, coberto por espinhos e ervas daninhas, dentro de cada buraco nos arbustos parecem existir olhos que observam cada passo dado ali.

Sinto minha cabeça pesar novamente, e me recobro de continuar andando procurar de onde vinha o som. Ao passar pela porta, as vozes se silenciam e, apenas um belo som de coral fica audível, assim como a luz saindo do cômodo ao meio.

Engulo seco, pensado em voltar para trás ou apenas entrar pela porta. Eu preciso ver o que está ali, certo...?

Empurro a porta com força, tossindo por conta da poeira que saiu dali. A música que antes alta, agora parou completamente. Fico imóvel ao olhar para dentro.

Tinha algumas freiras rezando nas cadeiras quebradas, de frente ao púlpito que, ao seu lado, tinha 5 crianças, todas paradas uma ao lado da outra olhando ao chão.

Fui tomado por uma adrenalina surreal, que me mandava fugir dali, correr para longe, o que não consegui fazer. Algo me chamou a atenção... Atrás do terceiro garoto havia uma sombra, dando claramente para ser vista.

Como um encosto, ou coisa pior que não quero imaginar.

Isso é real? Essa casa está vazia à... Uma década. Além dos 400 anos que ficou inabitável. Não são pessoas que estão aqui, não...

De repente, ouço um barulho alto e estrondoso, que me faz cair de joelhos e tapar os ouvidos com as mãos. As vidraçarias das janelas se quebram, e as pessoas somem como fumaça, ficando apenas a sombra com um sorriso branco transparecendo.

Temi. Temi que ele fosse fazer alguma coisa enquanto eu não podia me mexer mas, ele apenas sumiu também. Tudo ficou escuro de repente e, um pequeno feche de luz passa pela janela.

O sol está nascendo... Devo voltar para o quarto. Eu não estou sonhando, estou? Como posso?

...

- Luffy, você saiu sozinho perambulando por aí no meio da noite? - Tral aumenta a voz num tom de preocupação. - Você tem ideia do perigo que corria? E se tivesse acontecido algo? Podia... Podia ao menos ter me acordado. Sabe que eu não vejo o que você vê mas, entendo.

- Foi mal, foi a força do hábito... Eu só segui o som. - Respondi com desdém e cara emburrada no meio da cama, Tral estava de frente para mim, de pé e com as mãos na cintura.

- Som? - Ele pergunta com a testa enrugada. - Que som?

- Do coral. A sala do meio, atravessando aquela "ponte", tinha umas freiras rezando e, umas crianças formando um coral. Tudo sumiu como pó depois que entrei mas, aquele som fez minha cabeça latejar.

Termino de falar e, Tral suspira, parecia pensar "e lá vamos nós outra vez...". Entendo ele, por mim não estaria mais aqui. Mas não é algo que depende do meu querer interior.

- Tem mais alguma coisa sobre esse lugar que eu preciso saber? - Pergunto, vendo Tral dar de ombros.

- Talvez, mas não me lembro. Que estranho... - O moreno diz se virando e indo até a porta. - Vamos vasculhar esse lugar? Tentar achar algo que possa ajudar.

- Vamos...

Por algum motivo, dentro de mim, sinto que isso não vai ser tão fácil assim. Será que realmente fizeram o certo ao colocar eu e o Tral nesta missão?

Não sei, e não busquei entender.

Vamos ao relatório:
- de fato, todos os quartos no corredor pareciam ser iguais. A ponte que ligava os quartos ao resto, tinha um jardim não cuidado, como vi durante a noite.

O lugar em que entramos primeiro, era uma sala, tem um sofá branco rasgado e velho, com um armário que descascava a madeira e cheio de poeira. Tinha alguns quadros de fotos, todos rasgados e quebrados.

Ao lado desse cômodo uma cozinha, com uma mesa grande e comprida e tinha a mesa feita, como se alguém tivesse acabado de almoçar ali.

No corredor haviam dois banheiros, com certa distância entre ambos e, com a mesma decoração e um espelho quebrado.

A capela em que vi durante a noite ficava bem no fim, estava intacta, tirando as janelas quebradas e paredes que pareciam trocar de pele como cobras.

A imagem de Jesus na cruz era o que me dava arrepios ali. Estava sem a cabeça, possivelmente vandalismo mas, não acredito que seja isso, nem Tral acredita nisso.

...

my exorcist partner 2 - LawluOnde histórias criam vida. Descubra agora