capítulo 9

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- Essa é a terceira reclamação sobre você nesta semana, senhor Vinsmoke. - Um padre sentado a uma cadeira de madeira rústica e antiga diz com a voz serenamente triste. - Gostaria de me contar o motivo?

A sala iluminada por uma luz amarela fraca, à frente da mesa, de pé encarando as mãos estava o loiro Sanji. Seu olhar de raiva e incompreensão.

- Eles foram maus com aquele pássaro... E o pássaro estava machucado. Eu só... - O loiro parou de falar, mordendo os lábios e continuando movimentos os dedos.

O padre suspira, colocando seus óculos em cima da mesa, olhando para Sanji com compreensão.

- Sanji, sei que crianças podem passar dos limites as vezes mas, você precisa ter mais calma em relação a isso. Não pode simplesmente tentar quebrar o braço de um colega

- Não foi eu... - O loiro murmura, felizmente o padre não parece escutar e se levanta, indo até a porta da sala e a abrindo. - Eu sinto muito padre.

- Tudo bem, pode ir para seu quarto. - Enquanto esperava na porta, também observava o loiro, que encarava fixamente uma pequena pomba branca presa em uma gaiola enquanto dormia. - Sanji?

- Perdão, estou indo! - Ele se vira, em passos rápidos até a porta e parando na frente do padre. - Não vai contar aos meus pais sobre isso, certo? Sabe que ele é cruel.

- Não se preocupe, o senhor Vinsmoke não vai saber desses ocorridos. Te dou minha palavra, agora vá dormir.

Sanji se vira, andando pelos corredores escuros, apenas iluminados pelas velas que, para ele pareciam inúteis. Subiu as escadas e finalmente chegou até o quarto.

Abriu a porta devagar, não querendo acordar os outros garotos que já se encontravam dormindo a algum tempo. Adentrou o quarto e subiu em sua beliche, soltando um longo suspiro.

- Sanji-kun? Está acordado...? - A voz sonolenta do garoto em baixo de si sussurrava, alto o suficiente para que o loiro pudesse ouvir. - Ok. Sinto muito por isso acontecer com você de novo. Boa noite!

O loiro encarava o teto, os olhos perdidos em devaneios e sem luz. Ao seu lado uma sombra, sussurrando coisas em seu ouvido.

Sanji apenas virou o rosto irritado, cobrindo os ouvidos com o travesseiro, sentindo as lágrimas descerem e, assim dormiu sem perceber.

...

- Bom alunos, como vocês perceberam, nosso colega Allexei não virá mais para as aulas por conta de um acidente... - O professor da turma do loiro diz se sentando a frente de sua mesa, olhando para a turma, esperando que alguém dissesse algo para então continuar. - Ok, nenhuma dívida? Vamos para a aula. Peguem a bíblia de vocês e aguardem um pouco.

O loiro, enquanto escutava seu professor falar, olhava para a cadeira de seu colega vazia. Seu semblante sério e, cheio de dúvidas e incertezas.

Voltou a atenção para as palavras do professor, voltando a cabeça para a aula e, tentando entender algo. Aula de ensino religioso era um mistério para si, não via motivo disso em escolas mas, fazia sentido para si já que era um colégio interno religioso.

Estava tão absorto em suas dúvidas que obtive durante a aula que, nem se tocou com o término da aula. Seus colegas haviam saído e, só restava ele ali, que encarava a mesa de madeira e o lápis desapontado em cima dela.

- Senhor Vinsmoke, parece meio perdido. Tem dúvidas em algo? - Seu professor então se aproxima dele, puxando uma cadeira para ficar de frente ao loiro, olhava com os olhos grandes e vidrados, querendo respostas do aluno.

Sanji o encarou de volta, com o mesmo semblante que permaneceu durante a aula, apenas mudou o olhar, parecia ter um certo brilho neles.

- Professor... Aqueles animais, foram possuídos porque Deus permitiu, correto? - O professor balança a cabeça em concordância, encarando com curiosidade o jovem. - Por que Deus permite essas coisas? Os animais eram inocentes... E, um demônio tem que ter permissão... Para possuir uma pessoa?

O professor pensa por um momento, balançando a cabeça e estalando a língua.

- Jovem, tem coisas que Deus faz que é um mistério mas, necessário, não acha? O agir de Deus é um mistério. - Ele para, então pensando na outra pergunta do jovem loiro, que o encarava com os olhos azulados brilhando. - Sabe... Um demônio pode possuir uma pessoa, se tiver assim a permissão dela, entregar a chave. Geralmente, uma pessoa fraca emocionalmente ou... Bom, isso é assunto para próximas aulas, não acha? Vá, está na hora do intervalo.

O loiro suspira, não parecia ter gostado completamente da resposta obtida. Ele queria entender, a morte, as injustiças, os mistérios que todos sempre pareciam falar e, girar em torno.

Sanji se levanta, andando até a porta sem pressa parando ao escutar novamente a voz de seu professor.

- Vinsmoke! Sua irmã lhe enviou uma carta, está no seu armário. - Ele diz, e então o loiro continua seu caminho, pegando a carta de sua irmã do armário, indo até o jardim onde ficava durante os intervalos.

Abriu a carta, sem a entender bem... Era um desenho. Parecia ser sua mãe e ela mesma, com expressões não muito boas e, algo ruim parecia acontecer. Além do desenho, uma pequena mensagem com as letras de Reiju "A chave está com você. Volte e corra!"

O loiro encarava com os olhos quase fechados cada detalhe da carta, não a entendendo bem. Não sabia se queria entender. Não parecia ser algo bom.

Deu de ombros, chegando até o jardim, onde as outras crianças estavam, correndo e conversando. Parou observando uma árvore, seu olhar mudou e, a sua sombra parecia ganhar vida ao seu lado.

O olhar curioso do jovem muda, uma expressão determinada e ainda confusa, caminhando até a árvore.

- A chave está comigo? - Ele murmura, colocando os dedos gélidos e arranhados na árvore. De longe, seu colega o observava, se aproximando de si.

- Faz o que? Pensa em subir? - O garoto disse de maneira simples, sorrindo para o loiro que ainda encarava a árvore. - Sanji-kun? Como pensa em descer depois?

- A chave... - Ele murmura, apoiando um pé sob a madeira da árvore, começando a subir ela. Cada vez mais alto e, mais alto, com certa agilidade. Parecia vidrado, seus olhos nem sequer se mexiam.

- Sanji-kun! Está muito alto aí, é melhor descer. E tenha cuidado, por favor! - O garoto fala aumentando a voz, para que Sanji o ouvisse.

O loiro então para, se virando para a direção do chão, cuja visão era boa lá de cima.

Podia ver aves voando livremente, não como sacrifícios. Podia ver o padre em sua sala com a pombinha branca, seus colegas correndo e, o professor chegando com um sino para chamar a todos.

- Sim, talvez seja isso "coisa". - Sanji fala com incerteza, para si mesmo, o que o próprio achava estranho. Falar sozinho?

Então, respirando fundo, ele simplesmente pula da árvore, caindo de braço no chão, sendo seguido por seu próprio urro de dor. Seu colega em sua frente com uma expressão horrorizado e preocupado vai até ele, sem saber bem o que fazer.

- I-isso... Não era isso. - O loiro murmura, e continuava murmurando palavras enquanto o professor se aproximava dele, murmurava coisas aleatórias e sem sentido.

Sem sentido ao menos para as pessoas que não podiam o entender, ver o que ele vê e, ter seus pensamentos. Escutar tudo o que já ouviu.

Pessoas com valores diferentes dos seus.

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my exorcist partner 2 - LawluOnde histórias criam vida. Descubra agora