Capítulo 8

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Assim que Alexander me entrega os documentos eu começo a ler, fico horrorizada. Eu imaginava que seria muitas pessoas, mas a quantidade foi muito maior do que eu imaginava. Na lista estavam os nomes, locais de origem e as idades. O último foi o que mais me enjoou. As idades eram variadas. Pelo que vi, a maioria não era criança, o que foi um misto de alívio e raiva. Peço a Alexander que me deixe sozinha e fico montando um plano. Na lista tinha nomes riscados, que devem ser de pessoas que morreram, vou colocar alguém atrás dessas famílias, se conseguir reunir várias, talvez possa levar a tribunal junto com outras provas. Passo a noite toda acordada. Metade com esse caso e outra metade tentando achar alguma ligação entre a morte de Cristina e seu possível assassino. Infelizmente, não encontrei nada substancial. Quando vejo o sol nascendo decido dormir um pouco, hoje é final de semana, dia em que tirando profissões essenciais ninguém trabalha, nem eu. A não ser, é claro, que surja algo urgente. Quando deito na cama, por estar tão exausta pego rapidamente no sono. 

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Que lugar é esse? Começo a correr em disparada ao local onde eu saí, assim que entro novamente vejo uma parede imensa tampando o local. Aquilo não estava ali! A parede parecia quase que a pele de uma cobra. Só que muito maior e grossa, quase uma escultura. 

Coloco a mão para tentar empurrar, erro meu. Assim que ponho a mão na "parede" percebo. Não é uma parede. Infelizmente para mim, a coisa enorme começa a se mover como se tentasse se virar, mas fosse grande demais para a caverna. Assim que vejo, eu que já estava assustada e paralisada fico ainda mais. A coisa que eu achava que era enorme na verdade era ainda mais. Pera, coisa não. Um dragão. A porcaria de um DRAGÃO aparece pra mim. Quando eu vejo ele piscando, corro. Não estou nem aí que não estou mais no descampado em que eu estava antes. Não importa, eu podendo sobreviver de um DRAGÃO me é suficiente. 

Assim que viro o começo a correr, algo me puxa. Quando olho para trás vejo o dragão me segurando. Uma de suas garras está agarrando minha roupa, nem tenho como sair, nem se eu tentasse muito, quando penso em berrar por socorro algo ainda mais louco ocorre.

- Fique onde está, humana - diz ele. Diz. Ele. O dragão falou. Só que ele não mexeu a boca. Estou sonhando. Não é possível - Você não está sonhando. Nunca ouviu falar de nós? Vocês humanos, adoravam usar a minha específico como fonte de histórias. Saiba que eu leio seus pensamentos e eu falo neles. Não, você não está louca, por favor. Odeio quando vocês ficam confusos - diz o dragão, quase que debochando e ao mesmo tempo irritado. Incrível.

- É, uh eu... - limpo a garganta e tento falar de novo — Você vai me comer? Só pra saber... É que, como eu posso explicar? E... Eu NÃOQUEROMORRER — digo falando apressada, mas assim que falo, sinto uma bufada de ar, o que me faz tremer toda, mas quando vejo ele está com uma expressão de quase riso. Ele está debochando de mim?

— É claro que estou rindo de você, não como humanos. Nenhum dragão faz. Antes que venha a confusão de novo, eu lhe salvei — diz ele, mas assim que vê minha cara de incrédula acrescenta — Essa caverna lhe leva ao futuro — diz ele. Acho que eu realmente bati a cabeça dessa vez.

— Futuro? Agora virou deboche só pode — falo e começo a murmurar, claro eu vou ir para o futuro. Sim sim, faz muito sentido. 

— Essa vila fica a três mil anos no futuro. Ela é uma ruptura no tempo, ocorrida na Guerra Celestial. Antes que diga que eles usam materiais ultrapassados, não são, só parecem. Minha linhagem cuida desse espaço a milênios. Aqui é um lugar sagrado para os dragões — diz ele, enquanto fala ele me coloca no chão, assim que o faz percebi que fiquei bem assustada, pois não tenho mais os movimentos das pernas mais.

— Isso é passageiro, não é por medo, sim por ficar no futuro. Ninguém vai para lá, não se pretende voltar — ele se deita e começa a se aninhar, quase parecendo que vai dormir. Quero perguntar mais coisas, mas não se[..]

— Vossa Majestade, eu gost... AHH! — assim que escuto alguém me chamando, eu pego minha adaga de baixo do travesseiro e coloco ela no pescoço da criatura

— Se você se mexer morre — digo para ele, mas assim que olho vejo quem me acordou e baixo a adaga — Elliot? O que está fazendo aqui a essa hora? — digo levemente surpresa. Guardo a adaga e me ajeito na cama, o coitado do Elliot levou um susto bem grande, está ofegante.

— Majestade, sinto muito lhe acordar — diz ele assim que recupera o fôlego, falo que não precisa se desculpar e me desculpo pela minha ação, ele então retoma a fala — O rei está fazendo um pronunciamento público — assim que ele diz isso eu pulo da cama. De pijama e tudo e saio correndo.

— AONDE? — grito ao Elliot que está me seguindo, os guardas e as empregadas do castelo me olham surpresos. Assim que estou quase virando a esquina vejo Alexander.

— Vossa Majestade, ele está fazendo no púlpito! — grita Elliot que parou de correr.

— Obrigada Elliot! Alexander! Venha comigo — digo a eles e corro até os estábulos. Assim que chego lá o cocheiro me olha assustado, pego uma capa para me cobrir e tiro eu mesma meu cavalo da baia. Alexander tenta me parar, mas nada vai. Aquele filho da mãe! O que acha que vai fazer? Tirar o público de mim? Jamais!

Assim que apronto meu cavalo subo em cima e começo a galopar rapidamente, Alexander veio atrás de mim. Quando ele me alcança me pergunta se estou bem:

— Claro, estou ótima — digo ofegante pela corrida anterior — Meu marido está fazendo um pronunciamento público, sem a minha autorização e provavelmente vai estar ou desautorizando ou me difamando. Estou ótima — digo a ele com sarcasmo. Sarcasmo o suficiente para nós dois pelo visto. Ficamos quietos até o fim da viagem. O bom que o castelo não é longe do principal púlpito da cidade.

Quando chego lá vejo Oliver falando com o público, assim que escuto o que ele está dizendo, começo a gelar. Ele não seria capaz, não é? Foi o que eu pensava, ele era. E muito.

Vim Lhe ResgatarOnde histórias criam vida. Descubra agora