Capítulo 7

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Uma vez eu escutei de uma pessoa o seguinte:
" A morte é inevitável, assim como inevitável ela jamais vai ser menos sentida ou então, mais tolerável. Viver para sempre e viver 3 anos vão lhe dar a mesma resposta. Se a pessoa lhe importa, a morte dela te choca."
Eu lembro de escutar isso e rir. Rir de gargalhar. Vivi muito, mais do que eu gostaria sem dúvidas, mas jamais imaginaria que eu ficaria abalada com a morte de alguém. Não lembro dos meus primeiros anos de vida, não sei como ou porquê vivo tanto, mas tenho a vaga impressão de que eu não era uma pessoa emotiva nesses momentos. Pelo visto me tornei.

— Cris... Cri... Cristin — digo tremendo ao encontrar o corpo dela. A conhecia desde que era um bebê. Eu a conheci por conta de uma antiga empregada minha, que foi uma prostituta que resgatei, ela morreu no parto. Fiz o que pude para dar uma boa vida a ela. E encontrar hoje ela assim, sem vida. É um choque.

— Ellisio! ELLISIO! — grito para que ele venha aqui, assim que ele aparece ele faz uma cara de espanto — Chame imediatamente o chefe da segurança do palácio e também o guarda responsável por essa área ontem a noite e hoje de manhã! Eu vi ela ontem viva! Quero saber como alguém entrou nessa sala e matou ela! — digo exasperada. Primeiro eu vejo pingos na sua roupa, então eu percebo que estou chorando. Mataram ela. Entraram aqui e cortaram o pescoço dela. Pra ela estar aqui e deitada devia estar me esperando. Vou matar quem fez isso com ela, pode ser qualquer um.

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Silêncio. É como está o meu quarto. Como medida protetiva estou nele, todos os meus ministros se puseram a favor e decidi acatar. Vou usar isso para descansar, mas por hoje. Eu recebi um livro da biblioteca com as mitologias mais antigas que temos. O livro conta sobre uma antiga andarilha que um dia encontrou um dragão.

"Enquanto eu caminhava em direção à vila mais próxima, do nada começou a chover. Incansavelmente. O dia lindo se fechou, era como se o céu tivesse ficado com raiva. E ao que parecia descontou em mim, a vila ficava ainda a muitas horas de distância. Corri o máximo que meus sapatos permitiam para que eu não caísse, para conseguir um lugar para me abrigar. Já toda encharcada eu finalmente encontrei um lugar para me esconder da chuva. Uma caverna. Era uma caverna grande e ao que parecia profunda também. Não conseguia ver muito para dentro dela, era escuro demais e também nem quis. Se ela fosse muito profunda seria capaz de me perder. Adentrei a caverna somente o suficiente para não me molhar e então me sentei. Passei horas esperando a chuva passar, na verdade eu acho que foram horas, depois de um tempo, a noção de tempo parou de existir. Era como se eu estivesse em um lugar onde o tempo não passava. Uma hora eu adormeci. Nem percebi quando nem como, mas adormeci. Acordei escorada em uma pedra com a cabeça apoiada em meu ombro. Foi até estranho o que ocorreu. Acordei com calor, isso mesmo, calor em uma caverna onde ao lado de fora estava chovendo. Para mim não fazia o menor sentido. Achei que passaria frio. Assim que abri meus olhos  vi o que estava fazendo calor. Fogo. Me levantei aos tropeços e sai correndo em disparada caverna afora. Assim que eu saio dela percebo algo. Não sai no mesmo lugar. Simplesmente o lugar a qual entrei era diferente. Sai no meio do mar, eu entrei em uma caverna de uma região montanhosa longe do mar. Tinha anos que não ia para o mar. E eu apareci nele. Seria impossível sair por ali e acabar no mar. E ainda sim isso ocorreu, como que vim parar aqui?
Assim que encontro uma pessoa vou falar com ela, ao fazer isso me deparo com a seguinte coisa. Estou em outro reino com outra língua. E parece que não estou na mesma época. Seus materiais são sem dúvidas muito atrasados. Como se eu estivesse à uns 300 anos no passado, como isso seria possível?"

Paro um pouco de ler. O livro parece ser um conto, mas ao mesmo tempo ele parece um relato em primeira pessoa. Vou terminar ele mais tarde.

Me levanto e chamo Ellisio. Peço a ele para que ele prepare meu jantar. Até ele ficar pronto, passo o tempo todo lendo. Variando de histórias há também documentos oficiais. Em um dos documentos algo me chamou a atenção.
— Ellisio, chame o ministro da saúde para mim, por favor — peço a ele. Ele assente com a cabeça e vai enviar um mensageiro. Todos os dias os ministros ficam no castelo, caso eu tenha que verificar algo com eles, isso me ajuda muito. Uns 15 minutos depois o ministro da saúde entra em meu quarto.
— Mandou me chamar Vossa Majestade? — pergunta ele fazendo uma referência.
— Sim, Lord Daves — digo levantando da cama e me aproximando dele — Quem permitiu que cortasse os médicos de graça as pessoas que sofreram com a queda dos morros ao sul do reino? Até onde eu me lembro eu não fui! - digo olhando fixamente para ele. Há mais ou menos dois anos, em uma grande chuva um dos morros onde mais pessoas moravam desbarrancou. Era em uma área rural, então a maioria das pessoas era muito pobre e não iriam conseguir custear os tratamentos médicos. Fornecemos médicos e medicamentos de graça, tivemos pessoas tão feridas, que ficaram muito tempo nesse estado. Principalmente quem perdeu membros do corpo, ou quase.
— Minha senhora, sua majestade, seu marido que me mandou. Ele disse que a senhora já estava sabendo e que não era para lhe aborrecer com isso novamente. Peço-lhe perdão se a senhora não estava sabendo — diz ele e se curva. De novo o Oliver! Mas que desgraçado insuportável e inconveniente. Parece que ele está escondendo coisas de mais de mim.
— Me entregue até final do dia o documento que ele lhe deu onde eu supostamente assinei, não lhe conte nada e quero que volte com os auxílios as pessoas dessa região — digo a ele enquanto me sirvo de uma dose de conhaque, o dia de hoje merece — Mande também alguém da sua confiança para ir até a região e veja se estão precisando de mais alguma coisa — assim que termino de falar dou um gole virando toda a bebida do copo garganta a dentro. Ahhh. Solto o leve chiado ao engolir o líquido. Parece que vou ter que matar o meu amado marido antes do planejado. Toc toc toc... Pelo visto, vieram me ajudar.

— Entre! — digo enquanto me sirvo mais um copo. Me viro assim que escuto que a porta foi fechada — Me trouxe o que dessa vez, Alexander? — pergunto a ele
— Algo que a senhora vai adorar — diz ele, assim que terminar ele me entrega uma pasta — Aqui está a lista de todos os "objetos" que Oliver comprou nos últimos 20 anos, acho que a senhora reconhecerá alguns — ele me entrega a pasta. Que comece a diversão.

Vim Lhe ResgatarOnde histórias criam vida. Descubra agora