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Livre, eu estava livre. A grama úmida acariciava a sola dos meus pés enquanto eu corria o mais rápido que eu me permitia, a queimação sobre a tatuagem antes da minha púbis aliviou, eu não estava mais presa ao macho feérico. Faltava ar em meus pulmões, mas eu me recusava a parar e muito menos a olhar para trás.
Gotas grossas de chuva começaram a despencar do céu fazendo a camiseta colar sobre meu corpo a medida que molhava.
Parei de correr por um mero momento em meio a chuva torrencial, minha audição feérica nunca falhava, eu certamente ouvira cavalos trotando por perto. Com o coração batendo rápido e o cabelo ensopado eu me deparei apenas com o barulho da chuva e minha respiração dificultosa por conta da longa corrida.
Respirei de alívio, porém ao primeiro passo que dou acabo surpreendida por um cavalo pulando por um arbusto. Sem tempo para desviar de mim o animal colide comigo, seus cacos deslizam pela lama formada sobre a grama e sou jogada para o lado contrário de joelhos. Eu estava totalmente enlameada assim como o cavalo que tentava se levantar meio assustado.

- Animal idiota.

Levantei-me com certa dificuldade por estar escorregadio, afastei minhas longas mechas de cabelo prateado do rosto e limpei minhas mãos na parte branca da camiseta na esperança de me sentir um pouco menos imunda.

- Quem é você?

Ergui meus olhos e me deparei com um macho a minha frente, feérico como eu. Ele não irradiava ameaça, mas um certo tipo de curiosidade. Seu cabelo negro como a noite grudava algumas mechas sobre a testa, seus olhos castanhos me encaravam a espera de uma reposta. Ao notar sua armadura de guerreiro me vi recuando dois passos para trás.

- Eu...eu te conheço- Disse o macho em um tom atordoado.

- Como?- Eu nunca havia visto esse macho em toda a minha vida.- Deve ter me confundido.- Ele poderia ser aliado de Vethos, ele certamente poderia me matar.

- Deixe-me ajuda-lá, deve estar com frio e fome...

- Você porta uma espada como eu poderia confiar? Como vou saber se não deseja atravessa-lá na minha garganta?- Recuei mais alguns passos para trás.

Seus olhos de arregalaram, sua boca falava algo que eu não conseguia distinguir. Virei meu queixo para trás no momento exato de ser nocauteada no maxilar pelo cabo de uma espada, me fazendo cair desacordada sobre o chão lamacento em questão de segundos.

•°•×•°•


- Vash isso não era necessário, ela nem sequer era uma ameaça.

- Vossa Alteza, não se pode confiar em uma fêmea, mesmo que tal pareça indefesa.- Em tom de aviso ele guardou na bainha sua espada.

- Não pretendo deixá-la caída sobre a lama Vash, ainda tenho meus princípios cavaleirescos.

Vash meu fiel companheiro de batalha de 2,15 de altura bufou com a impaciência de uma criança, seu tamanho ameaçava muitos porém seu coração era piedoso, ele não deixaria a pobre fêmea desmaiada sobre a lama.

- Com todo respeito Vossa Alteza, algum dia iremos morrer por conta de suas aventuras idiotas.- Sabia plenamente que ele se referia aos meus sonhos recentes.

Revirei os olhos e subi sobre meu cavalo, Vash colocou sobre seus braços a fêmea desacordada e subiu em sua montaria. Trotamos a toda velocidade pela estrada de terra que levaria aos fundos do castelo, no caminho a chuva cessou e o Sol retomou seu lugar, o cheiro de grama molhada preencheu o ar, cheirava a minutos de liberdade em minha vida.
Vash diminuiu o ritmo da cavalgada até parar em frente ao enorme portão de ferro negro da grande muralha do castelo, sendo mais sincero a entrada traseira do castelo, ou dos empregados.
Vash assobiou como um pássaro makaj, esse era o sinal para que Shimej abrisse o portão. Em resposta o enorme portão abriu e em seguida duas grades foram erguidas, ambas movidas a magia ancestral de Shimej, um garoto magricela com menos de 1,65 que era fraco em relação a bebidas e péssimo com mulheres, porém era discreto e fiel aos amigos.
Acenei de baixo da torre onde Shimej se encontrava, ele respondeu com outro aceno, disponha principezinho.

- Irei para o estábulo levar os cavalos Meu Príncipe, será mais fácil de perceberem minha presença se estiver com a fêmea.- Vash desceu do cavalo com a fêmea sobre os braços.

- Seu tamanho certamente não ajuda.- Debochei descendo do cavalo.

Ele ignorou meu comentário e colocou sobre meus braços o corpo ainda desacordado dela, dei as costas a ele e segui em direção a parede de pedra onde sabia muito bem qual delas abriria a passagem para dentro do palácio.
Olhei as pedras a procura do símbolo que havia feito com minha adaga, o símbolo do pássaro estava um pouco a direita, empurrei-a para dentro e ela emitiu um click satisfatório. A parede se abriu liberando passagem pelo corredor escuro a frente, adentrei na passagem, o que fez as tochas sobre as paredes se acenderem e a parede se fechar sozinha, tudo era assim, movido à magia.
Ainda tinha sangue respingado sobre o chão, desde a última vez. Evitei pensar sobre e segui sobre o corredor até chegar a porta de madeira. Escancarei a porta apenas de um lado pois meu outro braço segurava a fêmea e adentrei no aposento, tudo permanecia em perfeita ordem ali dentro.
Me dirigi a cama e deitei-a com cuidado, seu longo cabelo prateado se via enroscado sobre as dobras de minha armadura. Não havia notado a beleza surreal da fêmea a minha frente, apensar de seu estado deplorável, ela tinha marcas pelo corpo e certamente não foram adquiridas na floresta, sem contar as mordidas.
Queria saber por que meu sonho me levou até está fêmea, por que havia tanto medo em seus olhos e por que estava tendo sonhos esquisitos, seria ela a resposta?

Storm QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora