Os acordes da nova música preencheram o ambiente, envolvendo todos nós em uma melodia diferente. Era como se as notas fossem um convite para uma dança renovada, e o salão se movia em perfeita harmonia com a troca de pares.
Ao virar-me para escolher um novo par, meu coração deu um salto ao ver quem aguardava, ansioso, pelo próximo passo. Lá estava ele, com olhos que capturavam a luz da pista de dança e um sorriso que prometia uma dança perfeita. A troca de pares foi mais do que uma mudança na coreografia; era um convite para um novo capítulo, e meu coração quase deu uma pausa ao aceitar o desafio de dançar com ele.
Ao direcionar meu olhar ao rei, em busca de permissão para dançar com Kian, encontrei a expressão sutil de aprovação em seus olhos. Um aceno distante foi sua resposta, um gesto que permitiu minha aproximação com Kian.
No meio do salão, envoltos pela música, todos os olhares convergiram para nós. No entanto, Kian parecia alheio aos murmúrios e às atenções curiosas. Seus olhos, intensos e fixos, eram exclusivamente para mim naquele instante, criando uma bolha onde éramos os únicos dançando. Era como se o mundo exterior desaparecesse, e cada movimento, cada olhar trocado, fosse uma coreografia única que pertencia apenas a nós dois.- Queria muito dançar com você, mais você já tinha dado sua primeira dança ao sátiro.- Tentei não notar um pouco de ciúmes sobre sua voz.
- Preciso manter a descrição, sabe, estou de olho em cada pessoa aqui presente.- Disse ao ser girada e voltar para seu agarre na dança.
Juntos, dançamos até que as últimas notas da música se desvaneceram no ar, deixando apenas o eco suave da melodia que havíamos compartilhado. O salão permaneceu em silêncio por um momento, estavam a trocar os pares novamente.
- Acho q vou tomar um ar, dançar certamente não é meu forte.
- Não me deixe sozinho a mercê destas damas.- Ele disse fazendo uma careta de dor.- Vamos para a varanda.
- Tenha em mente meu príncipe que terá que voltar o mais rápido para a pista novamente, há garotas me fuzilando por ser a primeira.- indiquei discretamente para q ele visse algumas banhadas em descontentamento.
Ignorando meu comentário ele enlaçou seu braço ou meu e me levou para a varanda aberta mais próxima do grande salão.Encostamos juntos na varanda, nossos corpos ainda inebriados após a dança, enquanto contemplávamos o céu adornado por estrelas cintilantes e uma lua brilhante.- As vezes eu desejo ser outra pessoa.- Admitiu.
- Creio que você não seria quem é se fosse outra pessoa, devia agradecer por nascer em berço de ouro, não tem idéia o que acontece fora dos muros do castelo.
- Soube que você nasceu em meio a burguesia, não é muito diferente de mim.
- Bom, me rebaixei a virar informante da coroa, eu diria que seria melhor do que virar prisioneira.
- É.- Respondeu ele certamente lembrando do estado em que havia me encontrado 4 anos atrás.
Volto meu olhar em direção ao centro do grande salão, onde a música pulsante dá vida à dança vibrante das pessoas. A atmosfera é envolta em risos e brilho, mas meu instinto me faz desviar minha atenção para as margens da celebração.
Entre as pessoas, percebo um feérico em específico, suas feições etéreas destacando-se contra o cenário festivo. Seus olhos, repletos de uma malícia oculta, observam os dançarinos com uma intensidade intrigante. Um arrepio percorre minha espinha, ele tinha uma presença inquietante.Ao focar nos detalhes do feérico, noto seus olhos intensamente vermelhos, como brasas incandescentes, emitindo uma aura de mistério. A luz difusa do salão destaca ainda mais a peculiaridade dessas íris, que parecem refletir um mau presságio.
Ao desviar o olhar para a lateral do rosto do feérico, percebo uma tatuagem intricada, delicadamente desenhada sobre sua pele etérea. Estende-se desde a têmpora até a linha da mandíbula do lado direito, formando símbolos mágicos que pulsam em alerta.
Retenho a respiração por um segundo, uma sensação de urgência no ar enquanto finalmente percebo o que está prestes a acontecer. Agindo instintivamente, arranco a coroa da cabeça do príncipe com rapidez, meus dedos ágeis agarrando o adorno real, ele fica sem entender e perplexo.
No exato momento em que meus olhos se fixam na cena, testemunho um sorriso maligno estampado no rosto do feérico de olhos vermelhos. Seu olhar perscruta a porta com uma malícia sombria, indicando que o evento sobrenatural que ele tramou está prestes a se desdobrar. A coroa agora em minhas mãos, sinto o peso da responsabilidade enquanto meu coração pulsa em sintonia com a trama que se desenrola diante de mim.- Katria, o que você...
Uma explosão súbita faz as majestosas portas do grande salão se dobrarem, um estrondo ensurdecedor ecoando pela vastidão do ambiente festivo. O pânico se instala instantaneamente, e as pessoas, inicialmente em êxtase dançante, agora se veem presas em um caos iminente.
A confusão se intensifica quando percebem que a porta do lado contrário também foi alvo da explosão, deixando-as encurraladas. O frenesi toma conta do salão, transformando-o de um local de celebração em um cenário de desespero. As pessoas correm sem rumo, tentando escapar da iminente ameaça, criando um tumulto de vozes apavoradas e movimentos frenéticos.
Eu me vejo no centro desse caos, ainda segurando a coroa e tentando manter a calma diante da incerteza que se desdobrou. A explosão, revelando-se como parte do plano do feérico de olhos vermelhos, deixa uma trilha de destruição que desafia a lógica do que era para ser uma noite de festa.- Precisamos tirá-lo daqui Alteza.- declarei ao ver um guarda vindo em nossa direção junto a Vash.
O caos se aprofunda à medida que os rebeldes avançam impiedosamente, ceifando vidas indiscriminadamente. O salão, outrora majestoso, transforma-se rapidamente em um cenário de horror, com cada passo dos rebeldes deixando para trás um rastro de destruição e desespero.
A cena macabra se desenha quando meus olhos se deparam com o rei e a rainha, antes sentados em seus tronos, agora mergulhados em uma poça de sangue. Flechas atravessam cruelmente suas cabeças e corpos, testemunhando a brutalidade impiedosa dos rebeldes. O esplendor real é substituído pelo terror, e a grandiosidade do salão é eclipsada pela tragédia que se desenrola diante de mim.
O peso do que presencio é avassalador, enquanto tento processar a carnificina que transformou um lugar de celebração em um campo de batalha ensanguentado. A promessa de uma noite festiva foi cruelmente substituída pela brutalidade dos eventos que se desdobram diante de meus olhos atônitos.- CORA!- Gritou Vash me fazendo desviar os olhos da cena ao me balançar sobre os ombros.- Corra com o príncipe, estaremos logo atrás.
Não pensei duas, descalço rapidamente os saltos, e seguro a mão do príncipe enquanto mantenho a coroa firme na outra. Num ímpeto de urgência, mergulhamos juntos na corrente caótica do salão, esquivando habilmente dos ataques brutais que se desencadeiam ao nosso redor.
Ao deslizar sobre uma poça de sangue, sinto a repugnância momentânea, mas a adrenalina me impulsiona a continuar. Cada passo é uma dança frenética entre a vida e a morte, desviando ágil das flechas que cortam o ar e evitando os inimigos que avançam impiedosamente.
Com determinação, arrasto o príncipe para longe do cenário horrível, buscando refúgio e uma chance de sobreviver no tumulto incessante. O brilho da coroa contrasta com a escuridão ao nosso redor, um símbolo frágil de esperança enquanto nos esforçamos para escapar da tragédia que engoliu o que era para ser uma noite de celebração.
Aproveitando a brecha deixada pela passagem dos últimos rebeldes através da porta completamente destruída, nós, eu, o príncipe e o soldado, nos lançamos em uma fuga desesperada do grande salão. O eco dos passos apressados mistura-se ao tumulto ao nosso redor enquanto corremos, buscando escapar do caos que se instalou.
Vash e o soldado, se mantém próximos, uma presença protetora em meio à confusão. Cada momento é crucial, e a corrida frenética nos leva para longe da cena macabra que deixamos para trás. As sombras dançam ao ritmo da nossa fuga, e a esperança de escapar da violência iminente impulsiona nossos passos.
Atravessamos o limiar do grande salão, deixando para trás a carnificina e enfrentando a incerteza do que nos aguarda além. A respiração ofegante ecoa no corredor, enquanto tentamos colocar distância entre nós e os horrores que marcaram a traição naquela noite fatídica.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Storm Queen
Fantasy"𝓔𝓼𝓽𝓸𝓾 𝓷𝓸 𝓶𝓮𝓲𝓸 𝓭𝓪 𝓽𝓮𝓶𝓹𝓮𝓼𝓽𝓪𝓭𝓮 𝓬𝓸𝓶𝓸 𝓷𝓾𝓷𝓬𝓪 𝓐 𝓹𝓻𝓮𝓼𝓼𝓪̃𝓸 𝓪𝓾𝓶𝓮𝓷𝓽𝓪 𝓪𝓸 𝓶𝓮𝓾 𝓻𝓮𝓭𝓸𝓻 𝓓𝓮𝓲𝔁𝓮 𝓸𝓼 𝓿𝓮𝓷𝓽𝓸𝓼 𝓶𝓮 𝓬𝓮𝓻𝓬𝓪𝓻𝓮𝓶" 𝓢𝓽𝓪𝓷𝓭𝓲𝓷𝓰 𝓲𝓷 𝓽𝓱𝓮 𝓢𝓽𝓸𝓻𝓶 -𝓒𝓪𝓷𝓬̧𝓪̃𝓸 𝓭𝓮 𝓢𝓴𝓲...