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Parei bruscamente de correr em um corredor mal iluminando fazendo Vash e o soldado se atrapalharem um pouco para parar.

- Tire as roupas de cima.- Pedi em meio a uma ordem.

- Como disse Katria?

- Tire a merda dessas roupas luxuosas Kian, para não lhe reconhecerem.

Eu tinha um plano em mente porém precisaria do soldado qual o nome eu não me dei ao trabalho d perguntar.

- Vista.- peguei as roupas que Kian deixara sobre o chão e entreguei ao soldado que pegou sem reclamar.

- Katria, o que pretende...- perguntou Vash sem terminar.

- Precisamos tirar o príncipe daqui com vida Vash.- respondi ajudando o soldado a arrumar a vestimenta do príncipe ao corpo.

Posicionei a coroa sobre a cabeça do soldado, deixando o príncipe desconfortável com o ato de dar sua coroa. Portanto sua vida era mais valiosa que uma mera coroa.

- Preciso que despiste os rebeldes no caminho para que possamos ir para os estábulos.

Disse ao soldado que tinha uma aparência parecida com o do príncipe, no qual apenas assentiu, uma vantagem para nós. Ele concordou e se pôs a nossa frente pronto para despistar os rebeldes, ao mínimo sinal.

Nossos passos ressoavam nos corredores, a urgência da missão ignorava qualquer preocupação com o barulho que fazíamos. No entanto, a tensão pairava no ar quando, de repente, éramos surpreendidos pelos rebeldes à frente.

Os rostos encobertos por capuzes revelavam determinação e desafio. O soldado real, com a coroa brilhando como uma chama dourada, imediatamente assumira seu papel de despistar os rebeldes.

- Corra príncipe.- Disse ao soldado que atendeu prontamente a ordem.

Sem hesitar, meus dedos encontraram os dele, o verdadeiro príncipe, em um gesto firme. Com a mão dele segura na minha, lancei um olhar rápido de compreensão mútua para Kian e Vash. Em um impulso decidido, começamos a correr na direção oposta àquela em que o soldado real enfrentava os rebeldes.
Cada passo era uma afirmação de nossa fuga conjunta, meu coração batendo em compasso acelerado. A coroa real agora estava distante, mas a responsabilidade de proteger o príncipe permanecia em meus ombros. Juntos, deixamos para trás o tumulto dos corredores, guiados pela determinação de escapar dos perigos que se desenrolavam atrás de nós.
Numa corrida desenfreada, chegamos ao estábulo real, ignorando formalidades como colocar selas nos cavalos. A urgência do momento não permitia luxos. O céu, que parecia calmo até então, se desfez em uma tempestade torrencial, as primeiras gotas de chuva se transformando em um dilúvio imprevisível. Os cavalos, relinchando inquietos, eram apressadamente preparados para a fuga. O príncipe, ao meu lado, compartilhava a mesma expressão determinada enquanto a água da chuva começava a nos encharcar. O som do casco dos cavalos no chão úmido ecoava no estábulo, misturando-se ao rugido distante do trovão.
O som engasgado de Vash ecoou atrás de nós, congelando o ar e interrompendo nossa fuga frenética. Virando-me, deparei-me com a visão angustiante: Vash, nosso fiel aliado, estava engasgando com o próprio sangue. Uma espada cruel atravessava suas costas, atingindo seu coração.
O desespero se instalou instantaneamente enquanto eu observava impotente a agonia de Vash, o nobre guerreiro alto não tinha mais forças. A chuva, agora misturada com o sangue que escorria, criava uma cena macabra. Seus olhos, desfocados, buscavam os meus, transmitindo uma despedida silenciosa.

- Vash...

- Monte o cavalo...AGORA!

Berrei ao ver a espada ser deslizada para fora do corpo de Vash que caiu sobre a lama dos estábulos como um boneco sem vida.
Diante de mim, o feérico de olhos vermelhos e tatuagem no rosto segurava a espada que havia perfurado Vash, sua presença emanava uma aura sinistra. Seu sorriso malévolo capturava a essência do perigo iminente. Antes que pudesse processar completamente a ameaça, meu instinto agiu, e montei rapidamente o cavalo que relinchava nervosamente.
Cavalgando furiosamente, segui o príncipe em direção aos portões abertos da muralha, onde a promessa de liberdade se desenhava à distância. O som dos cascos do cavalo ressoava no ar, misturando-se com o rugido distante da tempestade. A chuva caía incessante, obscurecendo o cenário enquanto eu perseguia a esperança através da lama e dos terrenos escorregadios. Os portões, imponentes e abertos, pareciam ser o portal para escapar da ameaça iminente. O relinchar ansioso do cavalo ecoava a urgência da situação, enquanto eu mantinha o foco na figura do príncipe à frente, determinado a alcançar os portões da muralha.
No auge da perseguição, quase ultrapassando os portões da muralha, meu cavalo foi atingido por uma flecha na pata traseira, enquanto eu senti a pontada aguda no meu flanco. Em um instante, fomos derrubados, meu corpo colidindo com a lama encharcada, a dor reverberando através de mim.
A tempestade continuava sua dança caótica, e o som dos cascos que antes ecoavam esperança agora era substituído pelo gemido agonizante do cavalo ferido. A chuva parecia intensificar a sensação de desamparo, enquanto eu lutava para me recuperar da queda, tomada pela dor lacerante.

- Katria!- Ouvi a voz de Kian chamar por mim sobre a tempestade um pouco a frente.

Desejava desesperadamente gritar para que Kian continuasse sem mim, mas a dor intensa roubava meu fôlego, silenciando qualquer tentativa de expressão. A lama se misturava ao gosto salgado da chuva em meus lábios, enquanto o ar escasso não permitia que minha voz alcançasse além do tormento que me envolvia. O olhar fixo em Kian, era como implorar silenciosamente para que ele seguisse em frente.
Contrariando a minha expectativa, Kian voltara para onde eu caí, em desespero, recusando-se a me deixar ali. Ao retornar para me ajudar, Kian perdeu tempo precioso, permitindo que o feérico dos olhos flamejantes se aproximasse de nós. A presença sinistra agora pairava mais próxima, e a urgência se tornava palpável.

- Kian você precisa ir.- falei me apoiando sobre ele sem fôlego por conta da flechada no flanco.

- Não irei te deixar para morrer Katria.- Ele disse olhando profundamente em meus olhos.

- Que fofo.- dissera o feérico perante nós.

Com uma violência desnecessária, o feérico começou a desferir golpes brutais contra Kian. Cada soco ecoava como um trovão, e a agonia no rosto de Kian refletia a crueldade do ataque. A impotência se instalava enquanto eu, caída na lama, testemunhava a brutalidade infligida
a Kian, sem conseguir chamar os trovões do céu para mim. O ar ficava carregado com a tensão insuportável da violência desenfreada.
Juntei todas as minhas forças e me ergui da lama, agarrando a adaga escondida sob o vestido em um gesto desesperado para ajudar Kian. No entanto, antes que eu pudesse agir, o feérico desferiu um golpe cruel em meu flanco machucado, fazendo-me cair novamente sobre a lama gritando de dor. A dor intensa reverberava enquanto a adaga escapava de minha mão, e a esperança de virar o jogo desaparecia sob a brutalidade impiedosa do feérico.
Ao tentar me levantar novamente, uma vertigem avassaladora me atingiu, indicando que eu havia perdido muito sangue. Alguém segurou meus cabelos soltos, anteriormente presos em um coque, forçando-me a encarar a brutalidade do ataque infligido a Kian. O horror se refletia nos meus olhos enquanto eu testemunhava impotente a violência desenfreada, uma dança sombria na qual a tragédia se desenrolava diante de mim.
Sem forças, desmaiei quase imediatamente, entregando-me à escuridão. O abraço do desmaio envolveu-me completamente, e a última visão antes do apagar foi a imagem de Kian, também desacordado, perdendo-se na obscuridade da inconsciência. Uma onda de pesar me invadiu, pois percebi que não apenas falhei com meu dever para com a coroa, mas também decepcionei aquele que depositava plena confiança em minhas habilidades.

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