Ponto de reclamação

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Hugo estava estudando durante a maioria do tempo desde a sua volta e não dando brecha para assuntos fúteis ou pessoas que fossem um enorme sinal ambulante “eu sou uma perda de tempo”, não dava brecha para coisas fúteis, mas na sua cabeça apenas uma coisa vagava e não sumia por nada, não que pensar em ítalo fosse perda de tempo ou fosse fútil. Às vezes ele ia de mansinho até o quarto e ficava sentado fazendo alguma coisa, Hugo tentava disfarçar as olhadas que dava, mas obviamente que ítalo percebia, dava um sorrisinho maroto e uma risada sem som.

Pensava sobre a conversa que tiveram antes de ir embora como um covarde, falou o que tinha que falar, mas ainda sim não era tudo e não sabia como lidar com a interrogação sobre a cabeça quando estava na Amazônia, qual teria sido a interpretação de ítalo sobre? Será que foi óbvio demais? Ou será que ainda não deixou óbvio? Mas isso era só besteira, muita bobagem para uma cabeça barulhenta daquelas.

— Não acha que essa rotina de estudos está… cansativa? Já fez uma pausa? Hoje ou ontem? — a coluna do garoto arrepiou ao ouvir a voz de ítalo.

Aquilo era demais para ele.

— Quando entrou aqui?

— Virgílio falou que não suporta mais dividir o quarto com você, principalmente quando você começa a agir como se fosse um zumbi. — Era aquilo então? Virgílio ia lá e reclamava do seu comportamento para ítalo como se ele fosse uma criança? Ele não tinha culpa se Virgílio não sabia tratar Hugo como um ser humano.

— Não é só ele que está reclamando, o Rafinha, a Gi, a Caimana e entre outras milhares de pessoas. — O que tinha de errado com ele? Ele era considerado um esquisitão? Sendo assim, Hugo era o esquisitão mais bonito e inteligente daquela escola medíocre.

— Então… você é um tipo de ponto de reclamação sobre mim? Me senti importante agora. — seu corpo esquentou ao notar que fizera ítalo gargalhar, isso valia muito mais que aqueles pontos extras idiotas que os professores ofereciam.

— Eles estão preocupados com você.

— Virgílio? Virgílio OuroPreto? Ele mesmo ou outro? — Se fazer de sonso era uma parte importante da vida humana.

Ítalo riu tão alto que seu corpo deu uma jogada para trás e Hugo lhe puxou de leve pelo braço. Ele estudou muito então ter uma pausa era importante, obviamente ítalo ficaria feliz de fazer parte disso.

Exatas duas semanas se passaram, provas finais, alunos desesperados, mas não os alunos de ítalo, foram preparados para isso desde o início e alguns agiam como se suas vidas dependessem disso — em alguns casos dependia sim. Dalila pegava pesado de propósito e nem disfarçava, Hugo sentia seu sangue ferver ao lembrar que se as provas estivessem difíceis não era para testar o raciocínio dos alunos e sim fazer com que houvesse mais alunos reprovados do que aprovados. Uma elitistazinha fracassada tanto de mente quanto na vida profissional, vida pessoal também.

— Eu não sei como dizer ou o que fazer para demonstrar o orgulho que eu sinto deles, é como se o meu máximo não fosse suficiente — ítalo falou com pequenas gotas de lágrimas brotando nos olhos castanhos. Ele sorria e chorava ao mesmo tempo, Gisnele também não conseguia conter o choro de orgulho, ela se mantém de cabeça erguida enquanto os lábios tremem levemente e os olhos vão ficando avermelhados.

Os três pixies falavam palavras de conforto para ambos enquanto Hugo preferia confortar de longe, não sentia que fazia parte daquilo e então logo se saiu e obviamente foi uma ação que teve telespectador.

Não conseguia evitar não notar qualquer movimento que fosse dele, como se tivesse medo dele ir embora sem muitas chances de voltar e isso só magoava mais e mais, então ele vai para uma missão suicida e quando volta decide se distanciar de tudo e todos? Não era justo, não era certo isso. O que exatamente Ítalo fez para receber esse tipo de comportamento?

Minha lealdade é sua Onde histórias criam vida. Descubra agora