Azul Royal

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As férias já tiveram inícios melhores, mas todos sentiam a tensão catastrófica entre Hugo e Ítalo, ninguém se privou de se sentir feliz pelas aprovações das provas, até mesmo dentro dos Pixies era possível sentir isso. Caimana estava sempre evitando cruzar caminho com Hugo e Italo, porém querer não é poder, alguns até riam quando viam ela tentando não tombar com eles, mas os demais colegas sabiam que aquilo estava tomando proporções drásticas, Ítalo era o pilar dos Pixies e estava desmoronando dia após dia, Hugo quase nem falava nada com ninguém que não fosse Gutemberg ou Atlas, até Areta evitava ele.

Todos sabiam que ela o provocava, mas desde a sua volta isso já era quase como anunciar um vulcão em erupção, no começo até ia, até que ela viu que não tinha como continuar.

- O que acha que aconteceu? Acha que foi uma briga para valer? - Viny estava agonizando com essa situação. Antes fosse só ele.

- Seja lá o que tenha acontecido, dessa vez o Ítalo perdeu a cabeça com ele - Caimana falou as últimas palavras em tom baixo, viu que Ítalo já vinha andando mancando em suas direções, querendo evitar uma possível falácia desnecessária, se adiantou e logo puxou uma bolsa das mãos de Capí.

Se sentia estúpido, tem uma diferença entre ser estúpido e se sentir estúpido, ele não sabia em qual dos dois se encaixava. - cadê ele?

- Virgílio? Ele tá termina-

- Não, cadê o Idá?

Faz pelo menos três dias que eles não se falavam, pelo menos não na frente dos demais, Virgílio falou que Ítalo fazia companhia para Hugo, mas desde a briga o garoto não pisava mais lá, aquilo não era uma coisa normal de Ítalo. Ele geralmente nunca brigava com ninguém e só agora nos últimos anos de escola é que ele veio fazer isso, Caimana tentava controlar as vozes de Ítalo, mas era quase como uma missão impossível.

Andaram até fora das redondezas mágicas e saíram em direção à vila Ipanema.

Ele falou que não iria fazer isso, Dandara nunca aprovaria isso!

- Aprovaria o quê? - ítalo engasgou com a saliva ao ver que Caimana ouviu seus pensamentos. Ela parou bruscamente de andar e virou aterrorizada para o amigo, os lábios tremiam com medo da reação dele, Viny andava mais a frente, chamou a atenção dos dois ao perceber que andava e falava sozinho.

O caminho foi torturante, giraram até o pátio da vila e tanto Caimana quanto ítalo não falaram mais do assunto.

Foram recebidos por uma Dandara que estava com a mente longe e algumas elfas que tentavam sorrir acolhedor, Marília puxou a irmã mais nova para um canto enquanto Viny deixava as coisas no andar de cima, sobrando assim só Ítalo e Dandara já que as demais elfas sumiram pouco depois. Ela notou finalmente a presença do garoto e prontamente lhe deu um sorriso, o rosto estava virado para ele, os olhos também, mas a mente estava flutuando por Deus sabe onde.

- Como você tá? Sente muita dor ainda? - Dandara perguntou e não era apenas por educação, ela falava e exalava preocupação, ele congelou ao ter lembranças da discussão. "Minha mãe ama você, eu amo você também! Ela ama você, ama aqueles três também e considera tanto vocês". O coração do garoto afundou dentro do peito, Dandara era amor e preocupação, Idá era caótico e precisava tanto de amor quanto de preocupação e paz. - Ítalo?

O tempo voltou a rodar - Estou bem, meus alunos conseguiram boas notas nas provas finais e, sim, eu ainda sinto dor. Como a senhora está?

Ela riu ao ser chamada de senhora, nem tão velha assim. - Me chame apenas de Dandara, senhora ainda não. - dando um salto da cadeira, ela saiu andando afoita até a sua casa que ficava lá no fundinho da vila. Parecia até que estavam fugindo dele, primeiro o filho - mentira ele que está fugindo de Hugo e não ao contrário - e a agora a mãe estava fugindo também, será que aquela cicatriz do lado do rosto incomodava a visão das outras pessoas?

Minha lealdade é sua Onde histórias criam vida. Descubra agora