Huguinho escarlatinho, covarde.

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Ítalo nunca achou que fosse ter um sonho tão sem vergonha, como era possível que seu cérebro pudesse projetar o hugo assim? Falando daquele jeito.... Tão meigo — Hugo não é meigo — ele estava com raiva e muita vontade de saber onde aquele garoto se enfiou, então ele some durante uma semana e agora Italo tem um sonho daqueles.

Não passou muito tempo pensando nisso, mas talvez caimana tenha, primeiro era Virgílio decepcionado e agora caimana não conseguia lhe encarar sem ficar envergonhada. Essas seriam as piores férias da sua vida.

Hugo não tinha planejado nada para as férias, só queria sumir e nunca mais aparecer, isso não seria uma coisa do agrado de sua mãe, atlas ou de Italo. O último mencionado não saia de sua cabeça e Hugo só podia sentir saudades e culpa, o problema jamais seria o outro e sim ele, Hugo queria Italo mais do que tudo e já tinha falado tanto isso para guto e bárbara que agora não tinha mais ninguém para desabafar, eles não pediram para Hugo parar de falar mas era melhor assim.

— Acho que ele me odeia. — grunhiu baixo e enfiou a cara na mesa de madeira.

Gutemberg e bárbara trocaram olhares. — Eu não tiro a razão dele, sabe? Você foi meio que babaca, você beijou ele, se declarou e agora você sumiu. — Bárbara falou, estava tão cansada de dizer o óbvio.

— Eu te odiaria também, ele falou que gostava de você também e aí você faz isso. Não foi só babaca, foi covarde. — Gutemberg saiu do lado de bárbara e puxou Hugo pelos ombros e levantou ele, colocou ele de frente para si, novamente segurando ele pelos ombros. — Volta pro Rio e vai resolver isso.

— Resolver o que? Ele nem vai olhar na minha cara.

Gutemberg quase se jogou no chão de raiva. Hugo estava sendo o ser humano mais estúpido do mundo, ser humano não, isso era uma ofensa a Gutemberg, Hugo era um animal estúpido. Como ele podia largar o garoto que ele amava no Rio e simplesmente do nada ele se enfiou numa viagem de Belém até Manaus?

— Hugo, volta pro Italo, não fica aqui, nesse momento você tem que ficar com ele. —  Gutemberg não queria magoar os sentimentos de Hugo mas precisava falar a verdade, eles queriam Hugo ali mas Italo obviamente queria muito mais.

— Acha que ele foi embora mesmo? — Heitor perguntou enquanto bebia uma xícara de café, o homem tentou puxar assunto com dandara, desde que Hugo sumiu ela ficou com a mente longe. O olhar distante e quase nunca parecia ouvir as pessoas ao seu redor, Heitor tinha ela como sua amiga e confidente, então ver ela assim, machucava.

— Ele vai voltar, eu só queria saber o que tá acontecendo com ele. Ele some e volta, some e volta. — essas palavras rodaram na cabeça de ítalo que escutava a conversar no segundo andar junto de Virgílio.

Ele sumia e voltava, ele entrou de uma forma calma na vida de ítalo até explodir tudo o que vinha acontecendo e mesmo assim Italo não queria que Hugo saísse dela, ele chegou e já tinha um lugar reservado. Isso era triste e revoltante, Virgílio tinha razão em ficar decepcionado com ele, realmente tem várias pessoas no mundo então por que justo ele? O que Hugo tinha que não tinha em outro alguém?

— Você já contou para o viny e a caimana? Ou só eu estou sabendo? — Virgílio estava muito desleixado sobre as suas vestimentas e seu cabelo, tinha acabado de acordar e estava com o cabelo em pé e as roupas de dormir amarrotadas, Italo riu dentro da própria cabeça ao perceber esses detalhes.

— Então... Até o momento, só você e a ciaman talvez, eu não contei para ela mas talvez, só talvez, ela já saiba.

Virgílio não perguntou sobre e andou pelo quarto da menina.

Fotos das irmãs, uma que estava meio rasgada com Abelardo e uma com eles, um quarto cheio de lembranças que Italo estava deixando desconfortável para ela, a mente pesou, tinha que conversar com ela.

— E ele? — suspirou derrotado e contragosto ao falar isso.

— Ele? Ele quem?

— O seu amor, o seu amado Huguinho escarlatinho — o tom de voz usado por Virgílio deixou tudo mais ridículo ao extremo. Esse era o tipo de humilhação que Italo queria evitar, suspirou derrotado.

— O que quer que eu diga? Eu sinto muito, eu gosto dele, eu sei que é difícil para você aceitar isso. — Esse negócio de não gostar do Hugo já estava  deixando Italo bravo. — E outra, eu prefiro Idá.

Virgílio se jogou na cama e gritou nos travesseiros, Idá? Como assim ele tinha uma preferência sobre como se referir aquele nanico? Isso era amor mesmo, o que  tinha acontecido entre aqueles dois quando ninguém estava por perto? Virgílio não conhecia lembrar dele tendo comportamentos estranhos, tentava relembrar quaisquer coisa mas nada se encaixa no contexto de agora. Eles realmente queriam manter isso em sigilo, ou eles só não fossem fãs de exposição.

— Quando isso começou? — não tinha para onde correr, era aceitar ou aceitar.

— Eu e ele? Não sei dizer, acho que não dá muito tempo, ano passado? Não lembro. Eu acho que só sentia uma coisinha ali e aqui, nada muito assim, o jeito que me olhava e as coisas que fazia, ele não é uma pessoa ruim. — Virgílio revirou a cara mas respeitou a opinião apaixonada dele. — Nunca escutei a versão do Hugo sobre nós. — Nós... Isso trouxe uma sensação tão errada e vergonhosa. Ele estava com raiva do Hugo mas ainda sim queria fazer tudo de novo, queria que ele lhe beijasse com vontade e com fome, queria aquele corpo pequeno e com pequenos músculos grudados no seu. A sensação da mão machucada e ferida dele pôr debaixo da blusa era tão bom, os olhos verdes presos nos seus e os sons que ele fazia durante o beijo. Ítalo estava tão bagunçado por lembrar de cada detalhe que pediu um momento sozinho para Virgílio. Lembrou como ele beijou o seu pescoço e sorriu na sua pele, o jeito como ele pronunciou o nome de ítalo foi tão tão bom, ele deixando Italo o empurrar para a parede.

Suspirou e tentou afastar sua mente dessas memórias, são memórias tão boas para ele, ele queria que hugo voltasse. Qual o motivo de ter ido embora? Era tão sem sentido e idiota da parte dele, ele estava confuso? Não, pessoas confusas não se entregam ao máximo a qualquer pessoa, certo? Ítalo precisava de alguém que fosse mais experiente nesse assunto.

— Preciso falar com a caimana.

— Vai em frente, eu sinto pena dela, com todo respeito. — Virgílio era péssimo em ajudar com conselhos.

O garoto foi embora e deixou Italo arrasado, jamais se apaixonou por outro alguém como se apaixonou por Hugo e isso era muitíssimo ruim para o seu coração, a vontade de ter e o medo de ser deixado, ele foi deixado antes mesmo de ter. Hugo não era um objeto para se ter ou obter e italo apenas queria ele, não só para beijar, conversar, admirar e aprender a como amar corretamente aquele caos que Idá é.

Se jogou na cama e chorou miseravelmente no travesseiro, isso não podia continuar corroendo Italo por dentro, apenas um beijo e declarações, não significava que Idá iria permanecer. Italo queria que ele ficasse e fosse verdadeiro, é tão confuso e parece uma rua sem saída.

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