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2021...

Sua estréia...como estava ansiosa dentro do vestiário. Entrou e sentiu aquela vibração da torcida que estavam ansiosa pela partida da menina. Mesmo com protocolos e de máscaras não deixaram de cantar.  Ayla com seu número sete, na casa do rival. Fazendo sua primeira partida...

Entrando no campo já estava suando frio, quando a partida começa Ayla já começa a ficar mais de boa. Durante a partida tentou achar sua família nas arquibancadas. Porém nada, desistiu e focou na partida. Aos 26:36 do primeiro tempo fez seu primeiro gol, pulando e fazendo um lindo gol de cabeça. E fez seu segundo antes do tempo acabar, chutando de fora da grande área.

Intervalo. Foram para o vestiário super felizes com o rendimento de Ayla, por uma pequena distração dos outros, Ayla pegou seu celular e viu apenas comentários bons sobre ela, mas recebeu uma mensagem não muito agradável. Era de sua prima. Isabel.

"Me fale que é mentira, por favor." 
*vídeo*

Era uma reportagem falando sobre um carro  que foi atropelado por um caminhão que perdeu o controle. Ayla reparou bem, e era o carro de seu pai. Com a lataria toda amassada, vidros quebrados. Teto amassado...o carro completamente destruído.

Naquele momento, Ayla sentiu um vazio, uma angustia, um nó na garganta querendo chorar. Uma dor no peito, Ayla não conseguiu conter o choro, se sentindo extremante culpada...por algo que não era de sua culpa. Menina se culpava porquê sua família poderia estar morrendo e ela estava comemorando meros gols. Quando perceberam que Ayla estava naquela situação ja tinha passado coisas demais aquela cabecinha. Tentaram acalma-la e conseguiram, por um tempo...

A mesma teimosa, mesmo chorando, destruída por dentro. Voltou para jogar o segundo tempo, fez mais dois gols e os dois não tiveram comemoração. Final do jogo única coisa que Ayla fez foi saber onde era o hospital onde os três estavam e correr para lá. Ayla foi com a roupa que estava, apenas tirou a chuteira.

Chegando no hospital viu toda sua família ali dentro tão  afobados quanto ela. Todos estavam chorando. Ayla tentava se acalmar mas era impossível, aquela culpa, aquela maldita culpa.

Ayla foi umas cem vezes na recepção perguntar,  andava de um lado para o outro desesperada. Chorando como bebê, um desespero interno, uma cratera gigante se formando dentro dela. Ninguém nem lhe propôs um abraço de acolhimento, todos estavam tristes sem saber que talvez poderiam perder mais um parente. Mas para Ayla não era apenas parentes, eram sua família. Sua família estava correndo risco de vida. Sua família estava a beira da morte...por sua culpa. Por sua culpa...? 

Depois de horas o médico apareceu na recepção e por um momentos todos sentiram aquele pingo de esperança.

***

-Sentimos muito. Fizemos o possível 

*** 

E naquele segundo, o seu mundo que já não era o mesmo, ficou ainda pior. Ayla saiu correndo do hospital tentando encontrar conforto, tentando encontrar seu lar...

Pegou o primeiro taxi que viu e apenas disse o endereço, chorando baixinho para não incomodar. Assim que o motorista parou  ela deixou o dinheiro no banco e saiu correndo para dentro da casa de sua vó.

***

-vó...? vó

-oi meu amo... o que foi? por que está chorando?

-vó...

Ayla não conseguiu dizer, a ficha ainda não tinha caído, apenas pegou seu celular e colocou na reportagem. 

- é tudo culpa minha...é minha culpa. não era para eu jogar...nem era para eles terem ido...

-não fale isso... está tudo bem, vai ficar...—abraçou a menina que chorou pelas horas restantes daquele dia.

Ayla não conseguia dizer nada, acreditava em sua vó. Mas qual era a razão para tudo isso?

***

Até que eu acerte o golOnde histórias criam vida. Descubra agora