Capítulo 14

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"It's like the walls are caving in
Sometimes, I feel like giving up
No medicine is strong enough [...]
Someone help me
I'm crawling in my skin"
— In My Blood, Shawn Mendes

Kim Taehyung

Cinco dias se passaram desde que Nabi entrou em coma. Os dias têm sido difíceis, em especial para Soomin. Não posso abdicar do meu trabalho, mas ainda assim passo em seu quarto para vê-las todos os dias.

As enfermeiras precisam trocá-la de posição algumas vezes por dia para evitar lesão por pressão já que ela está há alguns dias deitada. A pequena, entretanto, está recuperando a cor com os medicamentos e soro injetados em seu acesso. E isso é bom.

Já Soomin... Ela está visivelmente cansada. Bolsas de olheiras estão suspensas debaixo de seus olhos e as bochechas menos aparentes. Ela tem comido pouco durante esses dias, por mais que eu e seu irmão falemos que ela precisa estar saudável para esperar Nabi.

Shin Chaewon não aparece há dias. Joohyun me contou certo dia em que nos encontramos no hospital. Tanto ele quanto Soomin estão devastados com tudo que vem acontecendo. E eu também acabei me afetando.

A primeira coisa que fiz ao acordar foi pegar meu maço de cigarro e isqueiro e seguir até a sacada para fumar. Tenho me sentido mais deprimido nos últimos dias. Meu pai vem pegando no meu pé, como sempre, e continua fazendo questão de me insultar de todas as maneiras que pode.

Por outro lado, eu me sinto completamente inútil por não poder ajudar Soomin com essa situação pela qual ela e os irmãos estão passando. Se eu pudesse estalar os dedos e trazer Nabi de volta agora mesmo, eu o faria.

Senti a fumaça tomar conta do meu pulmão e a vi dispersar no ar quando soltei pela boca. Meus olhos ainda pesam com o desânimo de acordar. Os dias têm sido longos demais e isso me traz a sensação de carregar uma bigorna em cada ombro.

Dei outra tragada no cigarro lembrando-me de poucos dias atrás, em que meu pai foi me procurar no hospital. Como sempre, ele não foi simpático e muito menos um pai orgulhoso do filho. Disse que eu deveria ficar no hospital até tarde da noite se fosse preciso para resolver as papeladas da direção do hospital, coisa que, na verdade, ele deveria fazer.

E, bom, é isso que tenho feito. Noite passada eu tive uma surpresa boa ao voltar para casa, pelo menos. Beomgyu estava me esperando com a mesa de jantar posta. Tudo bem que ele não é um cozinheiro de mão cheia, mas o que vale é a intenção.

Jantar com meu irmão, trocando farpas e falando besteiras, foi um alívio para os dias frios e turbulentos que tenho vivido. Não contei para ninguém sobre isso, afinal, ninguém tem a obrigação de escutar os lamentos de outra pessoa.

Justamente por isso, eu largo o cigarro no cinzeiro e vou ao banheiro, com a intenção de buscar alívio maior. Lavo meu rosto com água fria e me encaro no espelho, vendo que não sou tão diferente do que meu pai costuma descrever.

Patético.

Se Beomgyu não tivesse batido na porta naquele momento, o isqueiro estaria em minhas mãos, porém, não para acender o cigarro. E, mais uma vez, olhei-me no espelho antes de sair e fiquei me perguntando quem era aquela pessoa sem expressão e com os olhos opacos que eu via.

Eu e Beom tomamos café da manhã juntos e partimos para nossos compromissos. Na realidade, eu mais o observei do que de fato comi. Fiquei apenas na xícara de café mesmo enquanto o pirralho mandava a ver no omelete que eu fiz para ele.

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⏰ Última atualização: Feb 24 ⏰

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