Capítulo 01

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"Things change, people change
Everything change, hmm
Love change, friends change
Everyone change, hmm
It is no strange, that's the world's shape"
— Change pt.2, RM

Shin Soomin

Um mês atrás — Beijing, China

A perda da mamãe tornou as coisas consideravelmente mais complexas. A casa em que morávamos tornou-se a maior fonte de saudade, aquele lugar alimentava ainda mais as boas lembranças que criamos com ela.

Para a nossa infelicidade, papai não parava dentro de casa, especialmente à noite. Ele estava alheio a tudo que nos acontecia. Tenho certeza de que seu peito ainda arde intensamente por saudades do seu amor. Já havia alguns meses que ele começou a frequentar bares e até mesmo se perder pelas ruas de Beijing. Chaewon, inclusive, desconfiava de que ele pudesse estar usando drogas.

Não vou mentir. De fato, as coisas ainda são muito difíceis sem a mamãe por aqui, mas nós seres humanos temos a capacidade de nos adaptar – alguns mais rápido, outros menos. E foi isso que procurei fazer. Acredito que, por mais que doa até a alma, era a hora Xi-Wang partir. Hoje eu entendo isso, mas para chegar a esse pensamento precisei de um grande período de luto.

Joohyun seguiu de maneira parecida com a minha. Ele se apoiou em mim para conseguir lidar com tudo isso ainda tão novo e parece que funcionou, por mais que ainda tenha seus momentos de reclusão para despejar suas lágrimas sem qualquer julgamento. Eu sei o quão importante isso é para ele.

Chaewon, por sua vez, vive revoltada com tudo desde o fatídico dia. Ela não deixa de fazer suas coisas, mas não sente mais tanta alegria. Uma das coisas que mais dói presenciar é o olhar repulsivo dela para Nabi. Segundo ela, foi a pequena que tirou a vida da mamãe e, se não fosse por ela, Xi-Wang ainda estaria ao nosso lado, feliz e em paz.

Quanto à Nabi... Ela é uma menina muito doce. Nós fizemos questão de explicar para ela que sua mãe não está mais aqui fisicamente, mas está cuidando dela lá do céu e que, por isso, ela deve viver uma vida feliz e saudável.

Ela estava deitada em cima do meu tronco enquanto assistíamos a um filme de animação. Já era próximo das nove horas da noite, Joohyun estava anotando algo em seu caderno e Chaewon havia saído para ir à loja de conveniência comprar alguns pacotes de lámen.

— Você acha que ele foi beber de novo, noona? — Joohyun me perguntou sem tirar os olhos do que fazia.

— Não sei, Joo, mas acredito que sim — Respondi com pesar, acariciando as costas da minha irmã mais nova.

Por sorte Nabi estava cochilando e não escutou a nossa pequena conversa. Mesmo que ela cresça em um ambiente em que o papai não é muito presente, não é esse tipo de imagem que eu gostaria que ela tivesse dele. Doía admitir o quão decepcionante eram as atitudes do homem.

Levantei calmamente com a pequena em meus braços, torcendo para que permanecesse em um sono gostoso, e a levei para o meu quarto, onde ela adorava dormir. Assim que a deitei no colchão fino seus olhos se abriram levemente e um bico se formou em seus lábios.

— Unnie, fica comigo até eu dormir — Pediu piscando lentamente e convencendo-me sem nenhum esforço. Não era difícil ficar com ela, nem um pouco!

— Fico, bebê.

Após longos e tranquilos minutos acariciando o rostinho macio, acabei adormecendo ao seu lado. As semanas se passavam da mesma forma de sempre: eu trabalhava o dia todo no hospital, Joohyun cuidava de Nabi na maior parte do tempo – mas não deixava de estudar, Chaewon trabalhava meio-período em uma loja de conveniência e meu pai, como sempre, não estava presente.

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