Sexta-feira, 07:44
Novamente, Park Jimin encontrava-se atirado no chão do seu quarto, com dores em cada parte do seu corpo. Se na noite passada não tivesse perdido a consciência, certamente não teria sido capaz de adormecer.
Aquela era a sua rotina.
A luz solar invadia delicadamente o quarto através de uma pequena fresta na janela, queimando sua pele e incomodando seus olhos. Acabou acordando um pouco atrasado para a escola, mas não se importava mais.
Não se sabe de onde ele tirou forças, mas conseguiu se levantar para ir ao banheiro. Jogou um pouco de água em seu rosto e sentiu uma leve incômoda sensação de ardor, proveniente de um pequeno corte.
Recordou-se, então, do ocorrido na noite anterior, em que novamente foi agredido pelo seu pai, sem nenhuma razão, apenas por existir. Jimin já se acostumara com tal situação, a ponto de desistir de lutar, de tentar. Ele não vivia, apenas sobrevivia.
Ele não consegue recordar o dia exato em que deixou de viver, mas poderia arriscar alguns palpites. Talvez tenha sido quando sua mãe o abandonou aos doze anos para embarcar em uma bela história de amor com outro homem. Ou talvez tenha sido quando precisou se mudar para o apartamento de seu pai, que além de ser alcoólatra e usuário de drogas, nutria um ódio profundo por ele.
Ele jamais contestou as ações do seu pai, pois considerava-se digno dessa punição. Afinal, ele foi rejeitado pela sua própria família por algum motivo, certo? Ele nunca foi um filho desejado, nem sequer amado, portanto era justo enfrentar as consequências de ser tão medíocre.
Decidiu afastar os pensamentos antes que se atrasasse ainda mais para a escola. Não apreciava muito aquele lugar, já que não conquistara amizades e era reconhecido como o estranho da turma, mas era melhor do que o ambiente em que vivia, então sem reclamações. Ele conseguia suportar a solidão ali também.
Partiu sem comer nada como de costume. Geralmente seu pai escondia a comida, argumentando que ele precisava se esforçar para conquistar seu próprio alimento. Mas ele conhecia o esconderijo, então, de vez em quando, beliscava alguma coisa.
A avó materna de Jimin secretamente enviava a ele uma pequena soma mensal em dinheiro. Seu pai jamais soube disso. Não era uma quantia excepcional capaz de permitir sua vida independente, mas pelo menos era suficiente para adquirir alimentos e garantir sua sobrevivência.
Sua avó morava em um lugar distante, porém nutria um amor incondicional por ele, mesmo sendo-lhe proibido visitá-lo. A falta que sentia da mais velha era constante em todos os momentos da sua vida.
Park chegou à sua escola e adentrou a sala, sentando-se na penúltima cadeira do fundo, na fileira à esquerda, ao lado da janela. Era ali que questionava toda a razão de sua existência durante o intervalo entre as aulas, já que sempre prestava muita atenção em cada palavra dita pelos professores. Estava no último ano do Ensino Médio, sendo um dos melhores alunos da turma, então tinha a responsabilidade de manter sua mínima reputação até o final do ano.
Detestava ter que sair da sala durante os intervalos, pois nunca achava um lugar vago para se sentar. Convenhamos, encontrar uma mesa desocupada não é tão simples. Sentar à mesa com alguém era algo impensável, definitivamente não era uma opção.
Era comum que todos o considerassem estranho devido ao seu jeito e forma de se vestir. Qual é o problema em usar um moletom maior do que seu corpo? Ele apenas desejava cobrir todas as partes visíveis. Não queria responder perguntas sobre sua pele arroxeada e machucada, era simplesmente exaustivo.
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REFUGE ❦ Jikook
Hayran KurguOnde Park Jimin, um jovem ansioso de 18 anos, enfrenta constantes abusos físicos e psicológicos praticados por seu próprio pai. Até conhecer Jeon Jungkook, um rapaz de 21 anos, que além de ser seu vizinho, se torna seu refúgio.