Capítulo 2

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Na infância, Park Jimin sonhava em se tornar um psicólogo de renome, sua maior vontade era ajudar as outras pessoas. Mesmo passando por coisas que nenhuma criança jamais deveria passar, Jimin nutria um irresistível desejo de amparar e escutar aqueles que verdadeiramente necessitavam.

Mas ele não tinha ideia de que o destino lhe pregaria uma peça e que ajudar a si próprio seria como travar uma batalha.

E, naquele instante, involuntariamente, Jimin estava sendo ajudado.

— O-oi, meu nome é Jimin, Park Jimin. Obrigado pela ajuda, mas realmente preciso ir. - Jimin disse enquanto se distanciava de Jungkook e avançava em direção à porta.

— Acho que aquele homem não te quer dentro de casa, aonde pretende passar a noite?

— Tudo bem, não precisa se preocupar, eu dou um jeito, sempre dou um jeito. Por favor, só me deixe ir embora.

Com os olhos marejados, Jimin se acomoda no chão e envolve suas pernas em um pequeno abraço, esperando evitar qualquer tipo de indagação.

— Olha, eu sei que sou um estranho e que não confia em mim, mas não vou permitir que saia por aquela porta. Eu vi a forma como aquele sujeito te jogou para fora, e se ele for atrás de você? Pelo menos aqui está seguro. - Jungkook afirmou ao sentar-se próximo a Jimin.

— Tudo bem, eu já estou acostumado, não precisa se preocupar. Obrigado mesmo pela ajuda, mas não quero te incomodar ficando aqui. - Jimin levanta o rosto exibindo suas bochechas coradas.

— Não será um incômodo, eu que estou pedindo. Me mudei recentemente, me deixe ser um bom vizinho, preciso passar credibilidade! - Jungkook se levantou e sorriu minimamente revelando seus dentes de coelho, estendendo a mão para auxiliar Jimin a se levantar também.

Enquanto permitia que o jovem refletisse, dedicou-se a cuidar de seus ferimentos com atenção, removendo delicadamente vestígios de sangue e aplicando curativos sobre os pequenos cortes no local.

— T-tudo bem, eu fico. - Jimin finalmente concordou. — Mas posso dormir aqui no chão mesmo, sem problemas. Assim não sujo as suas coisas.

— Ficou maluco? Vai congelar de frio. Pode ficar no quarto de hóspedes, e não quero ouvir um "não" como resposta. - Jeon guardou os remédios e curativos antes de rapidamente pegar os lençóis e travesseiro. — Fique aí, vou arrumar o quarto para você.

Jimin olhava fixamente para o chão, sentindo-se vergonhado. Preferia manter sua situação em segredo, pois temia que, ao tomarem conhecimento, as pessoas tentassem envolver a polícia, e isso lhe causava ainda mais medo.

Seu pai conhecia muitos policiais, o que tornava-o praticamente imune à prisão. Portanto, Jimin optava por se manter em silêncio, simplesmente existindo, pois sabia que não teria como escapar daquela situação.

— Pronto, Jimin, já está tudo arrumado. Vou fazer um pouco de lamén para comermos antes de irmos dormir, o que acha? - Jungkook disse enquanto colocava água na panela para esquentar.

— Pelo pouco que te conheço, sei que não vai adiantar muito eu negar, então tudo bem. - Jimin sorriu timidamente.

— Já me conhece tão bem. - Sorriu com a mão no peito. — Mas, fala aí, Park Jimin, quantos anos você tem? Quinze? Dezesseis?

— Não sei se devo me sentir ofendido ou se levo isso como um elogio. - Jimin ri enquanto senta-se à mesa. — Tenho dezoito anos. E você?

— Acabei de completar vinte e um, já me considero um idoso. Parece muito, não é? Olha para a minha sala, tenho até uma cadeira de balanço. Agora só preciso aprender a tricotar e o pacote está completo. - Enquanto preparava a mesa, Jungkook arrancou risadas de Jimin.

— Se você está dizendo, só devo concordar, não é?

Mesmo tendo sofrido mais uma vez, Jimin sentia-se confortável ao lado daquele total desconhecido. Não conseguia recordar da última vez em que alguém o tratara tão gentilmente.

Jimin experimentava uma sensação de leveza. Apesar das feridas internas e externas, sentia-se leve.

Ambos terminaram de comer e foram se deitar. Jungkook deixou claro que se Jimin precisasse de qualquer coisa, poderia acordá-lo a qualquer momento.

E, pela primeira vez em muito tempo, Park adormeceu tranquilamente, sem qualquer receio.

[...]

Sábado, 08:56

Enquanto Jimin ainda descansava, Jungkook cantarolava uma música na cozinha. O mais velho não desejava interromper o sono do mais novo tão cedo, supondo que ele estivesse exausto.

Embora sua intenção tenha sido gentil, Jimin despertou logo no início da canção que Jeon cantarolava. Enquanto arrumava o quarto, escutava os murmúrios atentamente, cuidando para deixar a cama impecável e o quarto organizado.

— Bom dia, Jungkook. - Jimin dirigiu-se à cozinha coçando os olhos. — Já vou indo, tudo bem? Preciso voltar antes que meu pai me procure.

— Bom dia, Jimin. Não quer tomar café da manhã comigo? Fiz até torradas. - Jungkook exibe suas torradas quase queimadas com um belo sorriso no rosto, arrancando risos de Jimin.

— Obrigado, mas não costumo comer de manhã.
- Park encarou o chão. — Agradeço mesmo por toda a ajuda, encontrarei uma forma de retribuí-lo.

— Sei que faria o mesmo pelo seu vizinho.
- Jungkook se aproxima e sorri. — Eu não vou perguntar o que aconteceu ontem, pois sei que sua vida pessoal não me diz respeito, mas não se permita passar por isso de novo, tudo bem? Caso precise de um lugar para ficar, estarei com a porta trancada, mas pode bater que eu abro para você.

Jimin sorri e concorda com o mais velho. Ele se despede e caminha até a porta, agradecendo mentalmente pela ajuda oferecida.

Ao abri-la, Park depara-se com uma moça de cabelos compridos e escuros prestes a entrar no apartamento de Jungkook.

— Quem é você e o que faz no apartamento do meu namorado?

REFUGE ❦ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora