Capítulo 5

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Jimin delicadamente recolhia os fragmentos de vidro espalhados pelo chão, assegurando-se de que este brilhasse mais uma vez. Cuidadosamente, ele eliminou as marcas de sangue da noite anterior, refletindo sobre o que seu pai havia feito.

Sua realidade era tomada por tristeza e sofrimento. Contudo, Jimin pensava que havia pessoas em circunstâncias ainda mais difíceis, por isso ele não se queixava. Ele nutria a esperança de que seu pai mudasse um dia e sua vida melhorasse. Afinal, dizem que a esperança é a última que morre, não é?

À medida que o tempo avançava, a aflição crescia mais e mais. Estava claro que o Sr. Park iria punir Jimin por ter se envolvido em assuntos que não lhe diziam respeito, mas a questão era: quando?

Hoje?

Amanhã?

Jimin tinha consciência de que algo o aguardava, porém esperava que a punição não fosse tão severa. Ele não queria recorrer a Jungkook outra vez, mesmo diante das insistências.

Ao cair da noite, Park ouviu o som da porta sendo destrancada e se apressou em retornar para seu quarto. Preocupado com a possibilidade de algo ocorrer, ele olhou debaixo da cama e buscou um frasco de ansiolítico.

Jimin ingeriu dois comprimidos antes de se deitar. Caso algo ocorresse, ao menos estaria suficientemente sedado para evitar o contato com seu pai, para não experimentar a dor novamente.

Mesmo sem ter com quem compartilhar, Jimin mantinha este segredo para si. Não se via como um dependente, contudo precisava de seus medicamentos para não perder o controle. Tomava um por dia, aumentando a dose durante as noites em que as coisas ficavam mais difíceis do que o habitual.

[...]

Segunda-feira, 07:00

O alarme tocou diversas vezes até que Jimin finalmente o desligasse, levantando seu corpo dominado por um sono incomum.

E nada aconteceu naquela noite.

A porta do quarto permanecia trancada, Sr. Park não apareceu. Apenas o silêncio reinava, sem trazer qualquer conforto para Jimin.

Será que estava tudo bem?

Levantou-se da cama e seguiu para o banheiro, realizando sua rotina matinal de higiene e organizando seus pertences para encarar mais uma jornada escolar.

Já estávamos em meados de setembro, a poucos meses do término do ano letivo. Logo, Jimin poderia concluir seus estudos e buscar uma colocação no mercado de trabalho para, enfim, deixar a residência de seu pai.

Jimin aguardava ansiosamente pelo momento em que isso iria acontecer.

Contava as horas.

Horas não.

Segundos. Milésimos.

Surpreendentemente, Park já teve uma conversa com seu pai sobre sua busca por independência. No entanto, ao invés de apoio, ele recebeu uma repreensão seguida de tapas no rosto.

Seu pai argumentou que ele precisava de alguém para cuidar da limpeza e cozinhar em casa, já que as mulheres com quem ele se relacionava não passavam de companhia de uma noite. Um alcoólatra, drogado, agressivo e machista, tinha como piorar? Sim, sempre tem como piorar.

Jimin colocou seus fones de ouvido e partiu para a escola, sendo acompanhado pelo desejo avassalador de voltar para a sua cama.

REFUGE ❦ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora