Capítulo 18

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Aquele também foi um dos dias mais memoráveis na vida de Jungkook. Foi o dia em que finalmente conseguiu expressar seus verdadeiros sentimentos e, pela primeira vez em sua vida, não teve receio de se mostrar como realmente era.

O passado daquele relacionamento tóxico e opressivo foi deixado para trás, dando espaço para a vida que Jeon sempre desejou viver.

Assim como Jimin, Jungkook também experimentou o verdadeiro amor e compreendeu seu real significado. A conexão que compartilhavam era inexplicável, como se suas almas estivessem entrelaçadas.

E, quando o amor da alma floresce, o medo e a dúvida desaparecem, dando lugar somente à certeza de ter encontrado a sua outra metade. Os corações se unem em uma dança atemporal, onde o tempo não passa de uma ilusão e a conexão ultrapassa todas as barreiras da existência.

Enquanto arrumava seu apartamento e cantarolava uma melodia qualquer, Jungkook percebeu que Jimin havia esquecido o celular em cima da mesa. A surpresa veio ao perceber que Park ainda não tinha voltado para buscá-lo, e já havia se passado bastante tempo desde que ele foi embora. Um largo sorriso se formou em seu rosto, pois percebeu que aquela seria uma ótima oportunidade de encontrá-lo novamente.

Jeon trancou sua porta e caminhou apressadamente até o final do corredor, logo notando a porta do apartamento de Park entreaberta, sem sinal de alguém por perto. Com um leve receio, ele empurrou a porta e deparou-se com Jimin caído no chão, sem camisa e com alguns arranhões pelo corpo.

Ele sabia.

Sabia que não deveria ter permitido que Jimin voltasse tão cedo. A sensação de culpa o invadiu instantaneamente, talvez pudesse ter evitado o ocorrido. A angústia que tomou conta dele foi intensa e inconfundível.

Em um piscar de olhos, Jeon levou Jimin até o quarto e o deitou com cuidado na cama. Sua pele estava pálida, os lábios brancos e o corpo frio. Embora relutante, ele não pôde deixar de notar que Jimin realmente parecia sem vida.

Ele foi até o armário do mais novo, pegou uma blusa qualquer e o vestiu. Em seguida, cobriu-o com algumas cobertas para aquecê-lo rapidamente.

Enquanto acariciava o rosto de Jimin, Jeon percebeu seus olhos inchados, denunciando que ele havia chorado novamente. Ele estava completamente convicto de que aquele monstro havia feito algo inacreditavelmente ruim.

— Jimin? Consegue me ouvir? Por favor, acorde.
- O mais velho balançava-o e acariciava seus cabelos com delicadeza. — Estou aqui, acorde.

Park abriu os olhos lentamente, afastando-se rapidamente por instinto. Seu corpo tremia intensamente, aterrorizado por sentir alguém tocando sua pele fria de novo.

— Ei, não se preocupe, sou eu. - Jungkook se aproximou mais um pouco, segurando as mãos de Jimin.

Com lágrimas nos olhos, Park o abraçou. No entanto, aquele não era um abraço comum, como todos os outros. Era um abraço em busca de alívio para a dor que o afligia. Era um abraço em busca de cura.

Um abraço sincero pode curar feridas invisíveis e acalmar as tempestades interiores, e era exatamente isso que Jimin buscava incansavelmente, mas não encontrava.

O abuso deixa marcas invisíveis, mas seu impacto é sentido em cada lágrima derramada e cada suspiro sufocado. Era um ciclo de dor que parecia interminável, e em meio àquele sofrimento silencioso, Jimin sentia-se como um pássaro com as asas quebradas, incapaz de voar para longe daquele vazio que o consumia cada vez mais.

O vazio e a culpa são sentimentos constantes para aqueles que encaram a solidão e o abuso simultaneamente. Jimin estava marcado permanentemente, aquela experiência se tornou uma ferida profunda na sua alma, uma cicatriz invisível que influencia cada passo em direção à luz.

REFUGE ❦ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora