Capítulo 36 - Felipe

159 20 19
                                    

AGORA

— Ela está...? — Bruno sussurrou como se falar em voz alta pudesse concretizar o fato.

— Viva – ambos soltamos o ar em alívio.

Os olhos cor de ouro encontraram os meus antes de se desviarem para Bruno. Sentada em frente ao bar, com seu vestido rasgado, ela nos encarava com uma expressão vazia, um copo de whiskey em uma mão e o cigarro aceso em outra...

Enquanto Hugo jazia no chão, deitado de lado com as calças abaixadas até a metade das coxas... Parecia estar dormindo se não fosse por todo o sangue ao redor, seus olhos estavam abertos, pálpebras caídas como se estivesse entediado e os olhos sem brilho. Literalmente mortos. Não iria pensar na possibilidade de outro estupro agora. Bruno assim como eu, analisava a cena tentando entender.
Eu havia contado mais de dez facadas pelo peito e abdômen, um corte no braço.

— Vocês vieram — sua voz soou rouca e seus olhos iam de mim para Bruno que se aproximou para ficar ao seu outro lado.

— Claro que viemos — Respondi.

— Bom, já era hora. — sua resposta me causou arrepios por não saber o que exatamente havia acontecido ali.

— Você está... Bem? — o outro hesitou na pergunta que eu mesmo não conseguia colocar para fora.

— Ele não conseguiu fazer nada antes que eu esfaqueasse ele, mas ele me sufocou ate eu desmaiar — ela respondeu para ambos — o Victor estava no banheiro, não sei se ele ainda está lá, os dois se drogaram e ele ficou lá.

Retirei o terno e comecei a desabotoar a camisa antes de lhe entregar.

— Toma veste isso — falei antes de me encaminhar ao corredor — fica aqui, pode ser que o Thiago também esteja por aqui, eu não vi ele depois te tudo.

Bruno me seguiu, a primeira porta era um escritório, e não tinha ninguém. A segunda dava para um banheiro adjacente era visível da porta e o espelho na parede dava o ângulo perfeito para ver que não havia ninguém lá. Então só nós restava a porta número três. Estava fechada, mas destrancada. Empurrei-a e... nada. Drogas espalhadas pela bancada, dinheiro enrolado jogado no chão, vomito cobria a tampa do sanitário, mas não havia sinal de Victor.

— Caralho — Bruno falou antes de dar as costas ao cômodo — será que ele saiu pra ter uma overdose em outro lugar?

— O que me preocupa agora é se ele saiu e viu a Rebecca matar o Hugo.

Nós voltamos a sala a tempo de ver Rebecca agachada avaliando o cadáver de Hugo com curiosidade, a camisa branca coberta pelo sangue que empapava toda a sua pele desde o rosto até a cintura e formava uma silhueta vermelha no chão.

— Então... vocês vão me ajudar a desovar o corpo ou eu vou ter que fazer isso sozinha também? — ela desviou seu olhar nos encarando com as sobrancelhas unidas.

— Nós deveríamos chamar a polícia, foi legítima defesa e...

— Polícia o meu rabo. — Bruno me interrompeu.

Encarei-o carrancudo e esperei pela resposta de Becca e quando esta não veio, desviei meus olhos para ela. Ergui as sobrancelhas na esperança que dissesse algo coerente, mas...

— Não, o Bruno está certo, eu não vou chamar porra de polícia nenhuma. Eu não fiz isso, eu sou uma pobre garota traumatizada e nunca conseguiria derrubar um cara de 80kg, além do mais— levantou e se aproximou de mim —, nós temos um cronograma que no momento já está apertado e eu não vou atrasar ainda mais os meus planos.

Enquanto discutimos o que fazer a seguir, o outro correu em direção a cozinha antes de retornar vasculhando o chão.

— Ótimo agora que o casal já teve a sua DR, cadê a faca? — com um pano de prato em mãos ele pegou o copo no qual ela bebeu e esfregou antes que a garota apontasse a lâmina de 20cm no chão ao lado do corpo.

A Escorpiana: Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora