Capítulo 40 - Desejo

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Cheia de alívio por ter conseguido voltar, agarrei-me a Sig, com os cantos dos olhos molhados de lágrimas. Mesmo sendo homem, fiz uma coisa tão vergonhosa.

Aparentemente, para começar, eu não tinha caído no "rio da fronteira". Sig me contou que acordou esta manhã como sempre, viu meu rosto adormecido e saiu do quarto. Depois que ele terminou de cortar lenha e voltou para me ver, a cama estava vazia. Seguindo seus instintos, ele foi me procurar e me encontrou caído debaixo da árvore de Deus.

Tudo o que aconteceu até agora aconteceu um pouco antes do amanhecer. Achei que já era anoitecer quando acordei debaixo da árvore porque o céu estava escuro, mas na verdade ainda não amanhecia.

Seria difícil para mim sair da sala sem que Sig percebesse. O poder misterioso que não era nem sonho nem ilusão deveria ter me levado embora depois que Sig acordou. (tem um dedinho de deus aí nessa história)

Eu não sabia se o que vi era apenas um sonho ou uma realidade que me esperava no futuro.

Mas sem ir a esse lugar, eu não teria percebido tão claramente o quanto gostava de Sig. Sobre o quanto eu queria continuar fazendo parte da família dele de agora em diante...

❀❀❀❀

"Você me disse para realizar meu próprio desejo e pensei muito sobre isso."

Nós dois passeamos pelo jardim, aproveitando a luz da manhã. Depois de um café da manhã leve, também terminei de cuidar dos animais como de costume.

A minhoca cultivadora, Rosé, estava cheia de energia, contorcendo-se na terra negra do campo vazio. Ela certamente ficou muito mais esplêndida do que quando a conheci. Aconteceu no dia em que Sig acordou. Parei no meio do caminho, relembrando aquele dia nostálgico.

Não se passaram nem vinte dias desde então, mas tantas coisas aconteceram que parecia que eu já estava aqui há muito tempo. Falando nisso, houve outras ocasiões em que me senti da mesma maneira. Como no dia em que Sig me pediu em casamento.

"Eu estaria mentindo se dissesse que não quero voltar para casa. Mas... a verdade é que quero morar aqui." Paramos ao lado da ameixeira cheia de folhas e me virei para Sig. As ondas suaves de seu cabelo loiro eram banhadas pelo sol da manhã, brilhando de branco à luz.

Seu sorriso também era igualmente deslumbrante. "...Sim. Estou muito feliz com seus sentimentos."

Então

 por quê?

Engoli as palavras que queria dizer no momento em que Sig pegou minha mão. Ele me puxou assim e fomos em direção à floresta ocidental. Calmo, Sig continuou andando pelo caminho.

"Mesmo assim, você tem um lugar para voltar para casa. Como seu parceiro, não posso simplesmente negligenciar esse fato."

"Isso é... Nem eu penso na minha cidade natal como algo insignificante! Mas se eu puder escolher apenas um, então escolherei você—"

Sig apertou minha mão. "Eu não quero perder você."

Eh?

Não foi o contrário? Se eu saísse deste lugar, não poderia ver Sig novamente.

Foi difícil colocar em palavras, então apenas olhei para ele com olhos confusos. Sig caminhou ao longo do riacho, olhando para frente.

Seu perfil estava colorido de angústia, cheio de tristeza. Eu não entendi. Por que ele se preocupou em escolher o caminho mais difícil? Não seria melhor se ele simplesmente não soltasse minha mão?

Apertei sua mão que ainda estava entrelaçada com a minha, e ele apertou de volta com força. Isso significava que deveríamos sentir o mesmo. No entanto, por que—

Enquanto caminhávamos, notei a roda d'água que montamos no dia anterior. Chocalhando, continuou a transportar água para o arrozal.

Embora o solo tenha ficado molhado, ainda seria necessário algum tempo antes de podermos começar a plantar arroz. Antes de Rosé arar a terra, não tivemos escolha senão ser pacientes e esperar.

"...Meu desejo não vai mudar." Esperei até poder ver meu reflexo nos olhos de Sig e falei claramente, certificando-me de que ele pudesse me ouvir mesmo com o som do riacho fluindo. "Se eu pudesse escolher entre voltar para minha cidade natal e ficar ao seu lado, eu escolheria você, Sig. Eu nunca vou deixar você, não até que você me expulse daqui."

Sig cerrou os dentes e olhou para mim.

"Sig, o que você quer? Por favor, diga-me o seu desejo."

O barulho rítmico da roda d'água parecia fazer uma contagem regressiva do tempo.

Um pequeno espaço se abriu entre os lábios de Sig e ele soltou um suspiro lento. "...Eu quero passar muito tempo com você, até o fim de nossas vidas," Sig disse, seus olhos deslumbrantes se estreitando enquanto estendia a mão para tocar minha orelha. Uma pedra roxa pendia naquela orelha, um par combinando com a dele, provando que éramos um casal.

Olhei em seus olhos, do mesmo tom roxo de nossas pedras. Assenti. Isso é o que significa ser uma família. Se possível, eu queria passar muito antes de Sig, ou mesmo apenas um dia antes de ele morrer. Eu não queria que ele me deixasse.

Sig olhou para baixo, seus cílios dourados lançando uma sombra em suas bochechas. "E eu quero que você sobreviva, nem se apenas por mais um dia."

[A fala do Sig ficou confusa aqui na tradução literal e pensei em colocar interpretado, mas ao fazer isso ficou muito exposto os pensamentos dele e não faria sentido com as frases posteriores, então dei um jeitinho pra ficar parecido e compreensível. Pra que estiver curioso, a fala dele se tornou isso: "E eu quero que você sobreviva, nem que fosse apenas por mais um dia, mesmo que isso signifique sem ser comigo."]

Parecia que nenhum de nós cederia a isso. Eu não pude deixar de rir. Em contraste comigo, Sig ainda parecia abatido e fez um gesto como se estivesse orando—

De repente, meu peito se encheu de ansiedade com seu olhar sincero.

"Eu não quero perder você."

"Sig..."

Ele estava tentando me fazer retornar ao meu mundo original.

Porque ele queria que eu vivesse uma vida longa. Porque ele não queria me perder. Foi apenas minha imaginação quando senti que ele estava tentando me dizer isso?

"Você quer dizer... que não poderei viver muito neste mundo?"

"...Então você não sabia?" Sig franziu a testa e depois assentiu, com a cabeça pesada. Eu sabia que ele não iria mentir ou brincar comigo sobre isso.


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