TRÊS

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Enquanto eu esperava a maluca vestida de noiva decidir sair do banheiro na qual pediu novamente para usar, fiquei pensando em vários enredos envolvendo aquele.

Como deveria começar? Em uma manhã comum, algo incomum acontece?

Não, não, ridículo. Ou talvez: em uma linda manhã de sábado, algo incomum acontece?

Mas que coisa idiota. Já fazia dias que eu estava travado na escrita, e por isso achei que uma bela viagem de férias faria com que destravasse, afinal, qualquer indício de irritação passaria.

Mas como passar? Sabendo que seu irmão está casado com a mulher que sempre quis? Meio difícil pensei comigo. 

Enquanto tagarelava em minha mente sem parar, não reparo que mulher vestida de noiva estava a suas costas.

- Hum, belo texto

O susto repentino fez com que eu de maneira involuntária fecha-se o laptop, na qual vinha tentando escrever desde às três da matina.

- Desculpa, eu não quis parecer intrometida, é que você estava tão concentrado que acabei, hum, lendo.

- Tranquilo, hum.. está mais calma?

- Bom eu não diria calma, afinal acabei de fugir do meu casamento? -  Ela indaga, mas antes mesmo que ele cogita-se responder algo, a mulher maluca vestida de noiva, no caso ela, começa rir descontroladamente.

- Ai me desculpa, só que, ai Deus.... eu fugi de um casamento. – Mais risos nervosos e covinhas pelo pouco que ele reparou surgiram em sua face – dá para fazer um filme não?

- Bom se não um filme, um livro talvez?

Ela acena em sinal de aceitação, enquanto controla sua risada, e o que me incomodou ao ver ela fechar o semblante.

- Desculpa ter invadido seu quarto desta maneira, só que precisava fugir dele. Me chamo Lívia, mas todo mundo me chama de Liv.

- Prazer Lívia, meu nome é Lucas, e fico feliz em ter te ajudado seja lá no que for – esbocei um riso em sinal de compreensão.

- Bom, eu bom, eu tenho que sair e encarar as coisas. – Seu olhar transmitia firmeza, mas o seu corpo não queria ir embora, era nítido. Então sem pensar, falo

- Se quiser ficar aqui, não tem problema, minha suíte tem dois quartos.

- Imagina não posso aceitar, você nem me conhece e se eu sou uma ladra?

- E se eu sou um ladrão?

- É um bom argumento. Mas mesmo assim não nos conhecemos.

- Você fugiu do seu casamento e se enfiou no meu quarto, já te considero íntima demais, pode ficar. Até porque provavelmente o quarto que tem, provavelmente está sendo dividido com o suposto noivo não?

Ela pensou, pensou, o que fez ele pensar também. Afinal o que raios deu na cabeça dele de querer enfiar uma pessoa que ele não conhece no quarto dele?

- Ta, ok. Mas só hoje, no máximo amanhã. É o tempo de eu ver o que faço.

- Tranquilo, Liv

Com isso ela saiu do quarto, para fazer sei lá o que, com o vestido de noiva. Eu jurava ter ouvido que ela ia tacar fogo, mas estava divagando demais em meus pensamentos: Porque eu convidei uma doida para ficar no quarto?

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Talvez eu tenha sido louca de aceitar a oferta de um desconhecido para passar a noite no mesmo quarto? Sim. Porém diante a situação que me encontro é a melhor das alternativas, afinal, hoje não conseguiria alugar um quarto, e outra, sozinha não é a melhor opção, e pior ainda se eu tivesse que ficar naquela suíte cheirando a casamento.

Lua de Mel?Onde histórias criam vida. Descubra agora