CINCO

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Acordo pela manhã, com uma dor de cabeça tão intensa que parece que alguém passou com um trem, e depois com um foguete em cima de mim. O quarto parecia turvo em minha visão, mas pelo menos não havia luz forte o suficiente para me arder os olhos.

Olho para o celular e vejo que são nove horas da manhã. Observo e vejo que a cama que estou não é a minha, mas sim do meu colega de quarto

Lívia o que você fez;

Eu tentava vasculhar as cenas da noite passada, mas nada vinha à cabeça. Quer dizer, vinha: eu beijei o Lucas? AI MEU DEUS!!!!

Pensando em mil maneiras de pedir uma desculpa apropriada a ele, acabo não me atentando antes em um copo de suco de laranja e um brilho.

Vou em sua direção. Pego o como e as aspirinas colocadas ao lado, e tomo agradecida, enquanto leio o bilhete

Olá bela. Bom dia

Sai antes porque havia uma reunião sobre meu livro

Eu sabia que essa viagem me traria surpresas. Mas não como a que tivemos.

Até já

Seu esposo

-É O QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE?!!!!

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Entro no quarto e dou de cara com a cena mais linda e divertida. Uma mulher vestida com uma camiseta social larga, descabelada, surtando de um lado para o outro enquanto me esperava.

Bom, ela está dentro dos surtos que eu esperava

-Lucas, como você ousa. O que a gente fez, pelo amor de Deus!!

- Eu esperava algo mais receptivo diga-se de passagem – digo sem evitar o riso brotando na minha boca, mas antes de me permitir gargalhar continuo - Você não se lembra de nada? -Me faço de desentendido, na esperança que ela lembre de algo.

- Eu deveria me lembrar? Eu lembro do bar, da gente beber, conversamos, e de andarmos pelas ruas.

- Hum, o que mais se recorda?

- Bom, eu lembro levemente de a gente parar em frente a uma capelinha.

Ela diz enquanto a respiração fica cada vez mais exasperada.

-Bom o resto você já sabe por tabela.

Era claro que ela não fazia a mínima ideia do que tinha acontecido. E eu estava jogando um jogo difícil de se manter, mas algo dentro de mim sabia que eu precisava mantê- lá perto de mim. Algo fazia com que eu quisesse conhecê-la mais, sentir mais sobre ela. Sentia que ela era a motivação de qualquer desbloqueio que eu viesse a ter em minha escrita. Só esperava que ela comprasse a história e não saísse correndo.

Continuo olhando em seu rosto amargurado, tentando descrever as nuances das suas emoções. Era difícil entendê-la, e normalmente, eu tinha facilidade em descobrir o que as mulheres pensavam.

Como num piscar de olhos, vejo que sua face sai de amargurada, para risonha, e seu rosto começa esboçar um riso que se transformou em gargalhadas. Era lindo ver o quanto ela ria, mesmo que aquilo parecesse uma risada de nervoso.

-Eu não - risos - acredito - mais risos - que eu acabei de fugir de um casamento - muitos outros risos- para entrar em um outro, com alguém que eu não conheço e o pior - risos chorosos- eu nem me lembro.

E assim foi a deixa para os risos virarem lágrimas. Muitas lágrimas.

Sento do lado dela, esperando que os soluços parem, e tento afagar suas costas, tentando dizer algo. Mas o que eu posso dizer a ela? Parando para pensar agora, qual foi o nível de loucura que a minha em fazer ela entrar nesse jogo?

Lua de Mel?Onde histórias criam vida. Descubra agora