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Volto para casa desolada, ansiosa e nostálgica

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Volto para casa desolada, ansiosa e nostálgica... uma mistura bem louca de emoções que fazem minha cabeça latejar. Chego e mal consigo dar atenção para Paulinha, que brincava com meu pai na sala. Vou direto para o quarto, fecho a porta e pego um analgésico no banheiro.

- Deus, por que eu fui até lá? - resmungo.

- Até lá onde? - me sobressalto com a voz de meu pai atrás de mim. Estava tão absorta em meus pensamentos que nem o ouvi entrar.

- Nada demais, pai. - respiro fundo antes de me virar em sua direção. - Só preciso descansar um pouco, estou com dor de cabeça.

- Katherine... o que houve? - seu olhar estuda meu rosto e sinto meus olhos marejarem. Droga!

- Nada, pai. Só preciso ficar um pouco sozinha... - me deito na cama. - Se a Paulinha começar a perturbar, pode me chamar.

- Se decidir conversar sobre o que tá se passando por essa cabecinha, saiba que sempre vou estar aqui para te ouvir. - sinto seu carinho em meu cabelo e, logo depois, a porta se fechando.

Me permito chorar baixinho no momento em que escuto seus passos se afastando pelo corredor. Uma pequena parte de mim queria saber qual seria minha reação ao vê-lo depois de tanto tempo, confesso, mas a outra parte, medrosa que só, me fez ficar na defensiva o tempo todo.

Eu tenho a menor condição de entrevista-lo na segunda. E nem nunca.

Pego o telefone e envio uma mensagem para Patricia, explicando rapidamente a situação patética em que me encontrava e praticamente implorando para que fizesse a entrevista em meu lugar.

Depois de uma enorme lição de moral, que só me fez me sentir pior, ela topou. Na sequência enviei uma mensagem para Olivia, pedindo que avisasse a Poncho sobre o ajuste e peguei no sono antes de ter visto uma resposta.

Horas depois, quando acordei, já sem dor de cabeça e com Paulinha me pedindo para assistir um filme com ela, a resposta veio.

"A entrevista só vai acontecer se for com você. Nos vemos segunda."

O número não era da Olivia. Merda.
Ela deve ter passado meu contato pra ele.

Eu preciso de ar.

Convenço Paulinha a mudar os planos de filme para irmos ao shopping, com a promessa de que pudesse ficar no parquinho que fica perto da praça de alimentação. O valor da hora era mais que meu orçamento atual comportava, mas eu só precisava sair dali um pouco.

Como eu não confiava em mim mesma nesse momento e nem nas decisões que eu poderia tomar sozinha, chamei Diana para me encontrar. Como se já não tivesse bastado a lição de moral que a Paty me deu... acho que eu sou um pouco masoquista.

- Eu prefiro pedir demissão do que ficar horas na frente dele, interagindo como se a gente não tivesse um caminhão com anos de bagagem juntos para carregar! Eu não vou conseguir ignorar esse elefante branco no meio da sala! - meu tom de voz estava um pouco acima do normal, mas eu estava nem aí que a praça de alimentação estava cheia. Por sorte, eu já havia deixado Paula no parquinho.

- Você só pode estar maluca! Essa cerveja aí tem o quê? Drogas? Você está ao menos se ouvindo, Kat?!

- Eu não vou conseguir, Di... não vou. - respondo chorosa.

- Olha, eu jurei pra mim mesma que não vou me meter de novo nesse teu B.O com o Pablo, mas você já parou pra pensar no impacto que isso vai ter no seu futuro? No da Paulinha? Você não pode pedir demissão, Kat!

- Eu consegui convencer a Patricia a ir no meu lugar, mas o Pablo se negou. E eu já enrolei meu chefe a vida toda com essa entrevista, não quero ter que contar pra ele o motivo, ainda mais depois da gente ter saído.

- Olha, você é uma profissional super competente. Veste essa máscara e vai!

- Diana, ter encontrado ele por cinco minutos no parque já me desestabilizou desse jeito, qual a chance de eu vestir qualquer máscara e achar que vai funcionar?

- Você vai ter que fazer funcionar. É o seu emprego que está em jogo, ou seja, o seu futuro e o da Paulinha. Agora seca esse rosto e levanta a cabeça, princesa! Bora pra luta que a gente tá nesse mundo pra dar orgulho e não desculpa!

- Virou coach motivacional agora, amiga? - debocho. Nós duas caímos na risada.

- Serviu?

- Serviu, ruiva! - seco o rosto e lhe abraço forte. - Eu vou encontra-lo. Não sei como, mas vou dar um jeito de fingir que é só mais uma entrevista de trabalho. - suspiro. - Obrigada por sempre me salvar.

- Você garantiu meu lugar no céu! - brinca.

Algum tempo depois vamos buscar Paulinha no parquinho e volto pra casa muito mais confiante do que saí. Ao menos, era o que eu afirmava para mim mesma.

***

NA:
Demorou mas saiu, pessoal! Aos poucos vou dando forma a reta final dessa história. O próximo capítulo já será com o reencontro de verdade do nosso casalzão. E aí, será que vai dar bom? Rsrs
Até a próxima e obrigada por estarem acompanhando até aqui. ❤️

Para Além dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora