Acordo com um choro baixo perto de mim e meu cérebro entra em estado de alerta. Abro os olhos instantaneamente e vejo Paula encolhida ao meu lado. Em algum momento da noite ela deve ter saído do colchonete e subido pra cama, mas eu mal percebi de tão cansada que estava.Ela ainda dormia, mas pelo jeito que se remexe e choraminga, provavelmente está tendo algum pesadelo. A acolho em meus braços e a embalo levemente, sussurrando uma canção de ninar para tranquilizá-la em seu sono. Suspiro aliviada quando seu semblante volta a ficar sereno e fico admirando-a um pouquinho, agradecendo aos céus por me permitir ser mãe de uma garotinha tão maravilhosa como ela.
Com cuidado, me levanto e a deixo confortável na cama. Pego meu celular e saio a passos silenciosos, deixando a porta do quarto levemente encostada. O apartamento ainda está silencioso e vejo no relógio do celular que ainda é bem cedo. Tento me distrair zapeando pelos canais da TV a cabo, mas o horário não colaborava para as atrações, então decido preparar o café da manhã para minha família. Meus pais não costumavam acordar tarde, nem mesmo aos fins de semana, então logo logo estariam levantando.
Demoro um pouco mais que o previsto pois precisei abrir e fechar armários e gavetas para encontrar o que precisava, mas consegui preparar algumas coisinhas. Deixei tudo na mesa e fui passar o café, deixado por último para que não esfriasse. Estava terminando quando minha mãe encostou no batente da porta da cozinha, com um sorriso de orelha a orelha.
- Bom dia, masterchef! - brinca. - O cheiro desse café está delicioso!
- Especialidade do interior, senhora! - faço uma mesura.
- Quer ajuda?
- Não se preocupe. Só senta lá na mesa que já estou terminando aqui. - ela assente. - Cadê meu pai?
- No banho, mas já deve estar acabando. - comenta, antes de voltar para a sala.
Coloco a garrafa térmica na mesa ao mesmo tempo que meu pai chega até nós, com os cabelos ainda molhados.
- Ora, ora, o que temos aqui?! - encara os ovos mexidos e o bolo de fubá que eu orgulhosamente dispus. - Nossa menininha cresceu mesmo, Mari. Acorda com as galinhas e já não passa fome! - faz uma careta, me provocando.
- E eu achando que estava orgulhoso de mim. - o empurro delicadamente com o ombro, brincando.
- A que devemos a honra desse belo café da manhã, filha?
- Acabei acordando com a Paula tendo um pesadelo e perdi o sono. Dai tive a ideia de preparar o café de vocês em agradecimento por terem oferecido um lugar aqui pra gente ficar.
- Filha! - meu pai parece ofendido. - Como se existisse alguma possibilidade de nós não querermos vocês aqui conosco!
- Eu sei, mas... - merda de TPM! Sinto meus olhos queimarem pela chegada das lágrimas. - Depois de tudo o que fiz, tudo o que aconteceu, eu...
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Para Além dos Olhos Azuis
RomanceAnos após ao término turbulento com Pablo, Katherine retorna à cidade onde conheceu sua perdição. Adulta e com uma filha à tira colo, ela retoma as rédeas de sua vida e assume o papel de mãe solo. Mas o tempo em que ficou distante não a preparou par...