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- Obrigada mais uma vez

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- Obrigada mais uma vez. - dou um passo para trás e encosto no balcão, ficando entre Paty e Cristian, que ainda não tinham se mexido.

- Olá, pessoal. Boa noite! - Gustavo acena em direção a eles. Eu aperto o braço dos dois, obrigando-os a reagirem. Aquela situação já estava estranha demais.

Depois de os cumprimentarem, Gustavo pede licença e vai até o banheiro. Aproveito a oportunidade para me recompor e dobro os braços sobre o balcão, encostando a testa no antebraço e escondo o rosto.

- Artilharia pesada que esse homem tem!

- Você nem pense em não dar pra ele hoje!

- É o quê, Cristian?! - ergo o rosto o suficiente para falar. - Você ficou maluco? Já não basta a vergonha que me fez passar agora!

- Vergonha? Amada, ele te deu o empurrão que precisava, isso sim! - Paty aproveita e pede mais uma rodada de drinks para nós. Eu precisaria do máximo de álcool possível no sangue para olhar pra cara do Gustavo de novo.

- Você vai me agradecer depois. - reviro os olhos em resposta. - Agora liberta essa femme fatale. - finge um rugido, que me faz rir, e puxa meu vestido pra baixo, aumentando significativamente o decote em V que cobria meus seios.

Recebo de bom grado o copo que Cristian me entrega e, pelo gosto forte que atinge meu olfato, tinha mais vodca do que o anterior. Faço uma cara feia pra ele, que dá de ombros em resposta. Paty me faz circular entre nossos outros colegas de trabalho e meu humor melhora bastante diante das diversas felicitações que recebo pela promoção. O bar começa a encher de acordo com que a hora passa e agradeço em pensamentos por Gustavo estar sendo requisitado a todo o momento.

- Vamos pra pista, amiga! - Paty grita por cima da música alta, já me puxando na direção oposta a que estávamos. Faço um muxoxo, sentindo o cansaço da semana me abater.

- Daqui a pouco já vou embora, não quero sair daqui toda suada. - paro na beira da pista elevada e meu rosto se contorce de nojo só em ver os corpos grudentos que se balançavam perto de mim.

- A velha chata aqui sou eu, ok? - sobe o degrau que nos separava dos corpos suados. - Então se eu digo que vamos dançar... - suas mãos envolvem meus braços rapidamente e me puxam em seguida. - Nós vamos dançar!

Ela não estava de todo errada. Eu, de fato, estava sendo um pouco chata. Uma parte de mim não queria abusar muito da boa vontade dos meus pais, que tinham o costume de dormir cedo enquanto a Paula enrolava bastante para dormir, principalmente quando eu não estava. Mas a outra queria esquecer, ao menos que por algumas horas, que eu tinha uma filha de sete anos para criar, boletos para pagar e que o banco tinha me negado um empréstimo. Ali, vendo minha amiga me encarar em expectativa, eu só quis ser a Kat, solteira, com vinte e cinco anos recém completados e sem hora para voltar pra casa.

- Ok, velha chata. Você me convenceu! - e me deixo ser levada pelas batidas da música, rindo com a dancinha de comemoração que Paty fez.

Muitas músicas depois, meu cabelo já estava enrolado em um coque frouxo com alguns fios grudados na nuca. Meus pés começaram a reclamar dentro do scarpin de salto alto e pedi licença na rodinha em que estava dançando, aproveitando para ir até o bar e sentar um pouco. Pedi uma garrafinha de água ao barman e um copo com bastante gelo. Abaixei um pouco a cabeça e peguei algumas pedras de gelo, levando-as até o pescoço em uma tentativa de aliviar a temperatura do corpo após a sessão de música pop. Deixei escapar um gemido de alívio quando mãos firmes pousaram em meus ombros, massageando-os. Meu cérebro estava tão cansado que levei alguns segundos para processar o que aquilo significava e, só então, dei um pulo da banqueta e me virei em posição defensiva.

- Calma, sou só eu! - disse, com as mãos espalmadas em minha direção. - Pode ficar tranquila. - minha expressão suavizou ao encarar o dono das mãos. - Me perdoe pelo atrevimento, mas você pareceu precisar de uma massagem... - o tom de provocação acompanhado desse maldito sorriso me causa um arrepio.

- Não estou mais acostumada a isso. - brinco, apontando em direção a pista. Mas eu poderia estar me referindo a massagem também.

- Te vi dançando e me pareceu que seu corpo lembra muito bem como se faz. - devolve as mãos aos bolsos, inclinando o corpo para frente e para trás.

- Não reparei que você estava dançando também.

- E não estava mesmo. - recosta no balcão próximo a mim e pede uma dose de conhaque com gelo ao barman. - Mesmo sentado bem aqui, não pude deixar de reparar em você.

Sorrio sem jeito e bebo no gargalo da garrafinha de água, evitando uma resposta.

- Me desculpe, não quis ser invasivo. - inclina a cabeça para o lado e me encara.

- Não sabia que era tão observador, Gus.

- E qual jornalista não é, Kat? - pisca. Sua língua desliza suavemente em direção aos lábios ao falar meu nome e percebo que estou encarando descaradamente sua boca. 

Puta que pariu! Se controla, mulher!

Balanço a cabeça discretamente, afastando os pensamentos impuros sobre meu chefe e seu sorriso aumenta. Merda! Devo estar com cara de idiota olhando pra ele. Abro a boca para falar a primeira coisa que me vem à mente, arrependendo-me logo depois.

- Isso é bom? - aponto para o copo que ele segurava com a mão esquerda, repleta de um líquido âmbar em torno da pedra de gelo.

- Muito. Mas não é uma bebida democrática... muita gente acha forte. - faço uma careta. - Quer provar?

- Depois desse incentivo? - ironizo. - Não, obrigada! - rimos juntos.

- Ah, tenta Kat... vai que você descobre que é uma mulher que gosta de coisas fortes? - engulo a saliva para umedecer minha garganta, que subitamente seca.

- Eu... - mordo o lábio inferior e percebo seu olhar se fixar em minha boca. - Eu já bebi o suficiente hoje.

- Tem certeza? - assinto. - É uma pena, acho que você iria gostar. - sorri e vira todo o conteúdo do copo de uma vez, trincando os dentes ao engolir. Devia ser bem forte mesmo. - Acho que já está na minha hora... - se inclina em minha direção e sinto meu estômago dar uma cambalhota. - Até amanhã, Katherine!

Fecho os olhos ao senti-lo tocar minha mandíbula delicadamente, para que meu rosto estivesse mais próximo ao seu. Seu hálito de álcool e hortelã me inebria momentaneamente os sentidos e, depois de um rápido beijo no canto da boca, ele se afasta e eu abro os olhos, me permitindo respirar normalmente.

***

NA:
Amores, meu trabalho tem exigido muito de mim e não tenho conseguido escrever o tanto quanto deveria, por isso o capítulo tá curtinho. Mas achei melhor do que não postar pra vcs. ❤️
Na semana que vem vamos acompanhar um pouquinho da vida do Pablo nesse tempo. Será que a fila tá andando pra ele também?
Obs: o que acharam do Gus? 😏
Bjoooos e até sabado! Não esqueçam da estrelinha aqui embaixo e de comentarem. Isso motiva baaaaastante. :)

Para Além dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora