Anos após ao término turbulento com Pablo, Katherine retorna à cidade onde conheceu sua perdição. Adulta e com uma filha à tira colo, ela retoma as rédeas de sua vida e assume o papel de mãe solo. Mas o tempo em que ficou distante não a preparou par...
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- Desculpa, preciso ir ao banheiro. - me viro e saio à passos tortos, meio andando, meio correndo.
Empurro a porta do banheiro com tudo e tropeço nos saltos, esbarrando em alguém que estava saindo.
- Me desculpe! - lembro-me de ser educada com a desconhecida, sem nem olhar. Me debruço sobre a pia e salpico um pouco de água no rosto.
Espalmo as mãos contra o granito, sentindo o peito subir e descer ofegante, parecendo que eu corri uma maratona. Com a cabeça baixa, sinto o excesso de água deslizar pelo meu rosto e nem quero imaginar o estado em que me encontro. Eu só quero me teletransportar para minha casa e chorar em posição fetal até dormir.
- Katherine? - percebo uma voz conhecida me chamar. - O que tá acontecendo? O que você veio fazer aqui?!
- É o que? - levanto o rosto e encaro o reflexo de Diana atrás de mim, branca feito papel. - O que você está fazendo aqui?
- Eu... - cobre o rosto por um segundo. - Eu vim no lançamento do livro do Pablo.
- Você sabia que era ele? Esse era o seu compromisso de hoje?! - minha amiga assente, o rosto rubro de vergonha. - Você só pode estar de sacanagem com a minha cara, Diana! - esbravejo com dois tons mais altos na voz.
- Eu não queria te contar... sabia que ficaria furiosa comigo.
- Desde quando vocês viraram amiguinhos, hein?!
- Nós não somos amiguinhos, Kat. Temos contato de forma esporádica, mas é um momento importante da vida do Pablo e ele me convidou. - dá de ombros.
- Argh! - cerro as mãos em uma súbita vontade de socar o espelho, ou a cara da minha melhor amiga. - Eu não acredito que você me traiu dessa forma!
- Kat, pelo amor, eu não fazia ideia que você estaria aqui. Inclusive, que porra te trouxe aqui justamente hoje?!
- Eu... ele... - as lágrimas faz meus olhos arderem. - Aparentemente o autor da história que te contei, aquela que tanto ajudou no meu processo de desintoxicação, é ele. Céus... - levo as mãos à cabeça e me ponho a andar de um lado para o outro. - Como eu não percebi as similaridades antes?!
- Amiga, você precisa se acalmar! - Diana tenta se aproximar, mas me mantenho distante. - Por favor... - implora.
- Eu preciso sair daqui.
- Você veio sozinha? - nego.
- Vim com a Patricia, do trabalho.
- Sim, lembro dela. Vou procurá-la enquanto você fica aqui bem quietinha. - assinto.
Me sento em um dos pufes disponíveis perto da pia e apoio os cotovelos nos joelhos, com a cabeça entre as mãos, tentando respirar normalmente. Desde que o vi, meu coração não parou de palpitar, por mais clichê que essa merda fosse.
Ouvi a porta do banheiro bater e me levantei em um pulo, achando que Diana havia já voltado com a Paty. Torci para que minha amiga não me pedisse explicações, eu mesma não sei se conseguiria contar tudo. Não agora.
- Ah, te encontrei! - a simpática atendente entrou. - Consegui os autógrafos pra vocês! Entreguei para sua amiga lá fora.
- Ah... obrigada! - forcei um sorriso que deve ter parecido uma carranca.
- Está tudo bem?
- Sim, tudo certo. Só um mal estar, mas nada demais... - minto.
Graças aos céus, Diana e Patricia escolhem esse momento para chegarem e me salvarem. Olívia ajeita o penteado e se despede de nós, ditando ordens pela escuta acoplada na orelha.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? - Patricia pára com uma mão na cintura, a outra segurando nossos livros. Meu pai, os livros que Pablo escreveu!!! - E por que você tá com essa cara de quem viu uma assombração?
- Porque foi exatamente isso que ela viu. Mas não vai rolar de explicar agora, você precisa tirar a Kat daqui. - Diana responde por mim, me salvando do transtorno de explicar que o cara que mudou minha vida está do outro lado da porta.
- Ruiva, eu vou tirar sim porque tá na cara que ela não tá bem. - Paty retruca. - Mas depois eu vou querer saber exatamente que merda tá rolando aqui, porque tá fedendo de longe e não é porque a gente tá em um banheiro! - minha amiga consegue me tirar uma risada que acaba saindo parecido com um engasgo, por conta do choro que tento engolir.
***
NA: Amores, por hoje é só. Isso foi tudo que consegui escrever no fim de semana, mas adianto que o próximo capítulo será sob o ponto de vista do Pablo. Será que ele vai se dar conta que a Kat tá tão pertinho?! 😉 Inté a próxima!
