• 13

48 4 7
                                    


- Você só pode estar de sacanagem com a minha cara! - Roberta exclama chocada enquanto arrasta uma poltrona para seu devido lugar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.







- Você só pode estar de sacanagem com a minha cara! - Roberta exclama chocada enquanto arrasta uma poltrona para seu devido lugar.


O evento havia recém terminado e estávamos reorganizando a livraria. A equipe do buffet que Olívia contratou só limparia a parte da cozinha. O salão ficaria por nossa conta mesmo.


- Eu juro que queria estar! Porra, ela estava aqui! - respondo inconformado.

- Até a Olívia conheceu a famosa Katherine e eu não. - bufou.

- Ei! Se eu soubesse que era a musa inspiradora do Pablo, teria amarrado ela no pé da mesa. - Olívia grita do outro lado do salão.

- E agora, o que você vai fazer?

- Eu? - pergunto surpreso. - O que eu posso fazer? Ficou bem claro que ela não quer ter contato comigo.

- Foda-se o que ela quer ou não! Você é pai da filha dela! É seu direito ver a Paulinha.

- Fico lisonjeado com sua "leoa" interior rugindo em meu favor. - debocho, ganhando um dedo médio em minha direção. - Mas eu não quero forçar a barra com a Kat... eu já fiz muita merda na vida dela. - suspiro. - Não quero trazer ainda mais confusão.

- Tá, bom samaritano, então você pretende fazer o que? Continuar sei lá quantos anos sem conhecer sua única filha?

- Não! Isso nunca! - passo a mão pelos cabelos, pensativo. - Não sei exatamente ainda, mas vou procurar a Diana para tentar alguma coisa.

- Pra alguma coisa essa sua "amiga" tem que servir, né?! Já não basta esconder de você toda essa história?

- Ciuminho da minha amiga? - me aproximo e a puxo pelos ombros, simulando um movimento de luta.

- Pára de bagunçar meu cabelo! A Olívia vai te bater!

- Vou mesmo. Demorei quase uma hora pra arrumar esses cachos rebeldes! - brinca.

- Vocês vão me xingar se eu for embora? - mordo o lábio, sem jeito. - Eu não consigo pensar em mais nada direito.

- Vá colocar suas ideias em ordem, deixa que a gente termina por aqui.

- Obrigado, minha amiga! - recebo um abraço forte.


Me despeço também de Olívia e subo na moto que deixei estacionada nos fundos da livraria. À medida que o ponteiro de velocidade sobe, consigo dar voz aos meus pensamentos.

Só em saber que estive no mesmo ambiente que Kat, me causou um frenesi que não estava preparado para sentir. Como posso, depois de tantos anos sem vê-la, ainda ser apaixonado por ela?

Não! - repreendo a mim mesmo - Eu era apaixonado pela pessoa que ela era e por tudo que já representou por mim. Não posso misturar as coisas e nem correr o risco de reviver qualquer coisa daquela época tão tumultuada da minha vida. O melhor que faço é me manter bem longe dela e, infelizmente, de nossa filha. Me conformei que só trouxe tristeza pra vida dela e, de forma alguma, quero trazer o mesmo para a Paulinha.

Chego em casa mais rápido do que o de costume, ainda distraído com meus próprios pensamentos. Subo os degraus da escada de dois em dois e entro no pequeno apartamento em um rompante. Decido tomar um banho quente e, após vestir uma calça de moletom, me sento diante da escrivaninha na sala para dar continuidade ao meu próximo romance.

Depois de encarar, por quase uma hora, a folha em branco do novo capítulo, que eu já estava atrasado, diga-se de passagem, abro o navegador e digito o nome de Katherine na busca. Eu já havia superado há um bom tempo esse vício, mas tê-la tão perto revirou coisas que eu tratava de deixar bem guardadas embaixo do tapete da minha vida.

Para tristeza da minha sanidade, descubro que ela trabalhava como repórter em um jornal local, não muito longe do meu trabalho. Na aba "imagens", encontro algumas fotos não muito recentes, mas que só mostraram o quanto esta mulher é como vinho: o tempo passou e Kat se tornara uma mulher estonteante.

Me sobressalto com a vibração do celular, indicando uma mensagem.


Tá tudo bem?

Tudo sob controle, Robs. Inclusive você está atrapalhando meu processo criativo.

Processo criativo uma ova! Tá tocando uma?

Hahahaha não, sua idiota! Estou tentando escrever o novo capítulo do romance.

Aproveita que você quase encontrou sua musa para te inspirar nessas cenas com chicote que tu escreve.

Engraçadinha! Fui!


Volto ao editor de texto e me obrigo a dar continuidade ao livro. O enredo envolvia um tórrido romance entre uma bem-sucedida advogada e seu estagiário recém-contratado. Neste capítulo eu precisava narrar o momento em que a protagonista baixava a guarda, pela primeira vez.

Estalo os dedos das mãos e me estico na cadeira, decidido a não levantar até finalizar, ao menos, metade do texto. Começo a narração da cena, imaginando todo o desenrolar entre o quase casal. Ela, decidida a resistir às investidas do jovem garoto, que adentra sua sala após o expediente, ciente de que não seriam interrompidos naquele horário. Vestindo um conjunto social vermelho, contrastando com as madeixas longas e loiras, o estagiário se aproxima enquanto ela revisava distraída alguns contratos. A saia subira alguns centímetros quando cruzou as pernas, levando-o à completa excitação. Assustada, ela se afasta ao vê-lo tão perto, mas ao encarar seus profundos olhos azuis, ele vê a mesma excitação reverberando nela. E então...

Fecho a tampa do notebook com um baque ao perceber que meus pensamentos me levavam em uma direção perigosa. A protagonista era morena, inferno!

- Eu preciso dar um jeito nisso!

Vejo pela janela que o tempo estava fechando e vou até o armário vestir um corta-vento e calçar meus tênis de corrida. Pelo horário, a academia estaria fechada, mas o parque ainda não. E o que eu mais precisava naquele momento era uma boa dose de serotonina (?) até me cansar e conseguir dormir sem pensar nela.

Dou uma corridinha de aquecimento até o parque, que está quase vazio pela hora avançada, melhor pra mim. Preciso da trilha livre pra correr até a exaustão e conseguir apagar em casa o mais rápido possível.

Duas horas depois estou um caco. Chego em casa e tomo mais um banho, dessa vez mais rápido que o anterior e me jogo na cama, ainda com a toalha enrolada na cintura. Ouço o barulho da vibração do celular na mesa de cabeceira mas nem me movo. Aproveito o cansaço para dormir um sono sem sonhos.

***

NA:

Post pequeno mas só pra não deixar vocês sem nada. <3
Um pouquinho de Pablo e das consequências do quase encontro dele com a nossa princesa Kat!

Espero voltar logo com mais histórias desse nosso casalzão! Beeeeijos ;*

Para Além dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora