Capítulo 7 - Boa noite, Lucas.

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Entramos no carro calados, estou ao lado dele enquanto ele dirige, ele não me olhou ou deu qualquer abertura. Minha respiração fica pesada, ele corriqueiramente passa a mão em seu rosto.

— Desculpa 

 Quebrei o silencio olhando para Miguel. Ele passa a marcha olhando fixo para a estrada após alguns segundos ele da um pequeno riso e finalmente me olha.

— Odeio que batam na minha cara. O TRÊS sabe disso, mas passou... E que porra de soco forte você tem.

Dou um pequeno riso me sinto mais leve com ele me respondendo. Passo a mão delicadamente em sua mascara ela aprece esta úmida.

— Passei pelo primeiro teste. Se tiver alguma logica o próximo será roubar ou plantar maconha.

Miguel rir negando com a cabeça. Desvio meu olhar e vejo minha casa por trás do vidro escuro do nosso carro. Lembro dos momentos que via Samuel em meu portão, eu sinto falta dele. Seus braços forte me abraçando por tras, os seus gemidos. O jeito que ele me olhava como se estivesse estudando e registrando cada parte minha. Passando mais algumas casas vejo alguém fazendo fogo. O nó volta em minha garganta e flashs do homem sendo queimado vem em minha mente, seus gritos se misturam as memorias passadas do cara que foi esfaqueado em minha frente. Colo a mão em minha boca para não vomitar, meu estomago ferve e sinto a queimação subir travando na garganta. Eu não lembro com tanta clareza as cenas, mas eu sinto e o que eu senti antes, medo, enjoo, vontade de chorar e a impotência para fazer algo.

— Chegamos. Você está bem?

Eu apenas concordo com a cabeça e solto meu cinto e abro a porta. O ar gelado bate como um alivio abro bem a boca como se eu quisesse me refrescar internamente. Miguel me olha, sem mascara agora. Ele esta com o rosto rosado, acho que foi demais. 

— Você precisa dormir e ficar bem descansado. Tem que está 100%, principalmente mentalmente.

— Não se se consigo dormi, tem algo para que eu durma. Na verdade, algo que me dope? 

— Talvez eu precise de um também.

Caminho até ele, ele lança seu braço em meu ombro, não é irritante como TRÊS. voltamos a masmorra.



Ouço um grande estalo abro os olhos estou meio sonolento, acabei dormindo. Minha boca tem gosto de remédio, acho que Miguel me realmente deu algo para dormir. Finalmente percebo que o quarto esta um completo escuro.

— OITO? — Eu o chamo e não há resposta até que a porta se abre lentamente.

A luz lá de fora invade o quarto, eu estou sozinho aqui dentro e há um homem alto e sem máscara na porta. Ele entra e fecha a porta atrás dele.

— Quem é você?

Começo a vê flash de luz em seu rosto, ele está com celular piscando a luz em sua mão. É um rosto belo e jovem. Ele está olhando para minha direção bem sério e depois sorrir de um jeito assustador. Até que finalmente a luz de seu celular para de piscar e a escuridão total volta.

— O teste 2 irá começar, Lucas — É a voz do TRÊS, clara sem a máscara. Ele abre a porta e sai a deixando aberta. Eu me levanto para segui-lo porém logo vejo CINCO entrando no quarto com sua máscara que me dá arrepios.

— Sentimos saudades, Lucas. — Ele diz fechando a porta então corre em minha direção eu pulo para a cama e ele pula em cima de mim. A escuridão total me dá medo e está com ele aqui me dá mais medo ainda. Ele pode está com uma faca escondida e me esfaquear a qualquer momento. Minha respiração começa a desregular e meu coração bater forte. Eu o empurro para o lado, ouço ele batendo na parede e eu rolo para o lado oposto caindo no chão. Me levanto esbarrando na mesa. Está escuro não dá para saber o que é o que ao certo.

— Eu só quero dormir agarradinho com o meu namorado — Aquela voz doentia dele, não era a voz do Victor. Era a voz do assassino. Ouço o barulho da mesa se mexendo, sendo arrastada e eu vou me arrastando tocando a parede para me afastar dele. O quarto é pequeno não há muito para onde ir até que ele me toca. Não da para fugir. Começo a socar o ar na esperança de acerta-lo e o acerto. Ele grita de dor.

— Você quer brincar assim?

Ele gritou me fazendo tremer. Eu chuto no ar e ele pega minha perna me puxando para ele, sinto algo que talvez seja seu pé me passando um rasteira na minha perna me fazendo cair e bater com tudo no chão. Meu corpo treme inteiro, eu não tenho para onde ir, eu não consigo vê nada. O medo do escuro e de algo me pegar se tornando real. Meu corpo está soado e gelado. CINCO me agarra com força e está roçando sua máscara em meu rosto, de algum jeito ele me imobilizou por inteiro ou eu estou travado de medo?

— SAI! SOCORRO! — Finalmente grito, finalmente penso em gritar já que eu não conseguia pensar em nada não ser o mantê-lo longe.

— Você é meu! Eu sempre vou está de olho em você e com você!

Ele grita na minha cara, eu vou me debatendo mas ele está prendendo os meus pulsos e encima de mim. Ele é mais forte do que parece. Um clarão surge novamente, a porta foi aberta.

— Sai de cima dele! — É a voz do Miguel, mais alguém entra no quarto. Miguel então puxa CINCO pela camisa e tirando de cima de mim.

— Eu estou aqui, eu vou cuidar. — Ouço a doce voz de Davi. Eu começo me erguer mas minhas mãos tremem me fazendo cair e Davi se ajoelha me pegando e me abraçando. Me agarro nele com toda força. Ele alisa minhas costas. A luz do quarto acende.

— Some daqui, se eu vê você tocando nele de novo eu mato você! E foda-se que o TRÊS é seu irmão, eu mato você e ele se for preciso! — Gritou o OITO fora do quarto.

Eu enfio meu rosto entre o pescoço e o ombro de Davi querendo me esconder lá

— Eu juro que eu não sabia que você estava aqui. Eu e o Samuel achamos que você tinha ido embora. — Ele diz e sua  voz parece de choro — DOIS descobriu que você ainda estava aqui e me mandou vir para cuidar de você. Vou te manter a salvo, OITO também ajudará nisso.

Ha uma enorme vontade de chorar, mas não consigo. Davi vai alisando minhas costas e eu me agarrando mais em sua camisa de tecido grosso.

Foi uma noite mal dormida, mas ter Davi ao meu lado sempre que eu abria os olhos foi levemente melhor. Sempre que eu abria os olhos, ele tocava em meu rosto e sussurrava algo bondoso e gentil. Agora, um banho gelado para me fazer acordar. Não consigo imagina o que mais TRÊS ira arrumar para me quebrar ainda mais, ele esta me quebrando... Talvez ter deixado Samuel entrar na minha vida foi uma má ideia. Acho que se pudesse voltar no tempo jamais teria impedido ele de furar a fila no caixa ou teria aberto o portão naquela noite. Eu me arrependo de tudo... Minha vida saiu de uma historia comum e sem graça para um vermelho intenso de amor e sexo e esse vermelho virou escuro como sangue denso escorrido em frente a um shopping. O calor que eu sentia toda vez que tocava em Samuel se tornou fogo que queimou um homem e sua casa em minha frente. Tudo que ele me proporcionou de bom agora esta jogado atrás do terror que passou pelos meus olhos esses dias. Valeu realmente a pena?

Gangue dos mascarados (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora