5. O Bom Lugar

3 0 0
                                    

Seis anos antes a morte de Cristina Chanko

Os campos verdejantes, recém-cortados e banhados pela luz primaveril, bailavam do lado de fora da janela como uma tentadora fuga. A dez metros do chão, a grama convidava-a a abandonar a aula tediosa do Professor Phillip. Sua apatia era contagiante, fazendo com que até mesmo a aluna mais dedicada se compadece daquele homem que, dia após dia, arrastava-se para a universidade sem um pingo de entusiasmo.

Vamos, cara, mostre um pouco de energia! Ainda me lembro da época em que cuidar da minha filha era a minha maior prioridade. Mas talvez ela não estivesse em posição de julgá-lo.

A voz do professor se tornava cada vez mais estridente e irritante à medida que ele se dirigia a ela, ignorando os demais alunos, que, igualmente desmotivados, se assemelhavam a NPCs em um jogo, aguardando ansiosamente o fim da aula.

Com neutralidade facial e sentimental, ela observava ao fundo o rapaz apaixonado que a fitava com devoção. Às vezes, ela o observava com certa curiosidade, alimentando a chama da paixão dele. Seus menores olhares eram como carvões incandescentes que jamais se apagavam.

Finalmente, ela adotou uma postura abertamente dissidente, que atingiu o limite da paciência do Sr. Phillip.

- Sra. Chanko! Preste atenção no conteúdo! Deixe que o... Outro aluno reprove em minha matéria de química, sozinho de preferência! - Ele vociferou, carregado de desprezo.

- Ei! Eu ouvi isso! - sibilou o rapaz ao fundo da sala, provocando uma onda de risadas entre os alunos, exceto a estudante astuta. Era o último semestre, e as chances dele se formar eram mínimas.

Em contraste, a Sra. Chanko sempre obtinha as notas mais altas em química avançada em toda a Fort Lewis College. Muitos a consideravam louca por escolher uma especialização médica tão complexa. No entanto, caso optasse por não seguir a carreira medíocre em um hospital, seu potencial para a ciência a levaria a um futuro promissor. Como em um carpete vermelho tom de sangue.

O sinal tocou, e ela se levantou imediatamente para ir embora.

- Espere! Cristina. - O rapaz apaixonado implorou com a voz desesperada, como um último pedido de um homem em estado terminal.

A sala se esvaziou em um piscar de olhos, o professor, o último a sair, apagou as luzes, deixando os dois sob o feixe carmesim que emanava das grandes janelas. A atmosfera vibrava com uma tensão sexual quase palpável.

Que drama... Odeio melodrama. Pensou ela, já recusando mentalmente o futuro convite para um "lindo jantar" no "restaurante mais chique" de Durango.

- Seja breve, preciso ir embora! - disse ela, sua voz cortando o ar denso.

- Não tem essa de ser breve coisa nenhuma! Vou tomar o seu tempo sim! Se você não tem interesse em mim, terá no que eu falar. - A voz dele era rouca, carregada de uma intensidade que a intrigava.

"Uma mulher casada jamais se daria ao luxo de conversar com homens interesseiros sem a presença de um marido pleno, forte e imponente para defendê-la." Cristina considerava esse tipo de pensamento penosamente inocente e reducionista. No fundo do seu coração, ela gostava de homens assim. Afinal, era esse o tratamento que Roman lhe dava no início do casamento. Na presença daquele homem, Cristina sentiu, por um instante, a personificação da novidade através dos olhos da nostalgia.

Sonho EspelhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora