Quatro meses após a morte de Cristina Chanko
A intensa chuva banhava o pavimento, caindo como lágrimas naquele momento para Doma. Há menos de quinze minutos que ela foi surpreendida por um inesperado "tumulto" dentro da Castanõ. Uma ilusão, resultado da privação da Clozapina, a droga que se tornara seu refúgio.
A expressão confusa estampada em seu rosto... Joe provavelmente me considerou insana. E eu já estou lidando com problemas demais. Uma presença que me assombra, me atormenta e ainda me confunde com minha mãe.
A cada consulta semanal com o Dr. Santinelli, Doma percebia um aumento em seus lapsos de memória. Ter alucinações em sua distorcida perspectiva parecia apenas mais um dos efeitos adversos. O sabor é doce, e a utilidade é a alma da casa. Então desde que descobriu seu "paparazzi" pessoal, a jovem adotou uma postura mais relaxada.
Minha bandeira branca está jogada aos quatro ventos, os abutres eventualmente se transformam em leões. Essa é a realidade mais próxima que experimentarei por um bom tempo.
O que conforta Doma é que, mesmo que o dia de hoje tenha sido o mais caótico de sua vida, também representa o dia mais ordinário que terá daqui em diante. A estrada encharcada não se assemelha em nada a um baú. O tesouro está na casa defronte à ela. O lar.
Com a delicadeza de uma boneca de porcelana, a porta foi fechada. Estranhamente, a luz da cozinha permanecia acesa, ela precisaria passar por ali para chegar ao seu quarto. Ao atravessar a mesa de jantar, Doma se deparou com um homem rude, carrancudo e excessivamente embriagado. Ela o conhecia muito bem.
- Isso lá é hora de chegar em casa? - Doma ignorou a provocação de Roman e tentou seguir em frente, mas ele se moveu para bloquear seu caminho.
- Aqui estão suas Odells. Não me faça perder a pouca paciência que me resta. - Doma falou com autoridade, sabendo que lidar com um homem bêbado era um desafio, e com um sóbrio, ainda mais difícil. Ela aprendera isso com sua mãe.
- Modere o tom na minha frente. Você é insignificante para mim, lembra? Assim como sua mãe desdenhava de mim. E por acaso eu tenho motivos para te manter nesta casa? - Roman perguntou com repugnância estampada em seu rosto. Ele não permitiria que a garota saísse facilmente daquela situação.
"Um homem sem nada a perder é um homem forte, mas cabe a ele decidir como usar essa força."
- Você está usando sua força da maneira errada, machucando-me ao reviver o passado, é imaturo. Eu escolho me libertar de você, pai. Assim como minha mãe fez.
- Se é isso que deseja, assim será. Presenteio-te com o último favor que farei. Fora da minha casa! - Roman gritou com ódio, quase cuspindo as palavras. O cheiro de cerveja que emanava dele irritava as narinas de Doma. - Vá para a casa de campo dos seus avós, eles te amam. Quem não amaria uma Chanko? - Roman debochou com um sorriso irônico.
- A casa também é minha, só peço trinta minutos.
Roman finalmente cedeu, mas não sem bufar intensamente e mostrar sua revolta. Doma entrou no quarto e, apesar do impulso de chorar no travesseiro, decidiu ser forte por Cristina. Passou dois terços do tempo lamentando as decisões que estavam além de seu controle, e o resto organizando uma mala para partir.
Quando ela voltou para a cozinha, pronta para sua "despedida forçada", recusou-se a encarar o bêbado que já estava devorando a segunda lata de Odell. Ao chegar à porta, virou-se para ele, seus olhos recém-enxugados brilhando à luz do luar.
- Eu sei por que você me olha com nojo. Por que me trata como uma empregada. Por que tenta me subjugar com sua ideia de paternidade. É ela, sempre foi ela. Cristina nunca morreu, minha mãe ainda vive, dentro de mim.
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Sonho Espelhado
Science FictionCristina, a renomada cientista de Durango, falece, deixando para trás segredos ocultos que mudam o destino da pacata Durango. Doma, uma estudante do ensino médio, inadvertidamente se depara com esses segredos, garantindo que eles não caiam no esque...