IX - Maldito coração

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(Capítulo não revisado)

Pierre balançou a cabeça em repreensão ao ver Viper entrar no apartamento, jogando a mochila em cima do sofá ao lado de Jean, que lançou um olhar vazio à mochila antes de voltar a atenção para a televisão. Pelo olhar de Pierre, ele desconfiava sobre o motivo da demora de Viper para chegar.

Winter sorriu gentilmente para Viper, sentada no chão com as pernas cruzadas e o controle do videogame em sua mão. Diferente de Pierre, ela não parecia se importar com o motivo de Viper ter demorado tanto para voltar, embora Viper desconfiasse que ela não se importasse com absolutamente nada que envolvia ele. Jean, no entanto, o olhava atentamente enquanto Viper contornava o sofá e sentava no braço do sofá, perto de Pierre.

- Por favor, me diga que você não estava onde eu acho que você estava. - Pierre implorou, deixando a cabeça cair contra o sofá.

Viper sorriu.

- Tudo bem. - Viper disse, calmamente. - Eu não estava no apartamento de Peter.

- Ele estava. - Jean comentou, voltando a atenção para o mario kart quando Winter o ultrapassou. No entanto, ele prestava mais atenção a Viper e Pierre do que no jogo, não se importando em perder posições.

Viper não se preocupou, ele realmente não se importava com Jean o suficiente para querer ir para seu quarto conversar com Pierre. Se Jean queria ouvir, bem, não seria Viper que iria impedi-lo.

- Talvez. - Viper concordou, estendendo o braço por cima do sofá. - Não é um problema para você, é, Jean? - A provocação carregou suas palavras e Viper sorriu quando conquistou a atenção de Jean, que o encarou com uma expressão indiferente

Jean não gostava de Viper por muitos motivos, alguns Viper até dava créditos porque não dava para defender a si mesmo. Sendo dois anos mais velho que Pierre, Jean sempre teve um pé atrás com Viper desde que Pierre o levou pela primeira vez a sua casa quando tinha treze anos. Os olhos de Jean haviam o perfurado como adagas, o olhar vazio que escondia um sentimento que Viper não soube decifrar.

Ano passado, quando reencontrou Pierre e começou a morar com ele, seu irmão e sua prima, Jean ainda continha aquela desconfiança. Nada que um boquete não resolvesse, Viper tinha dito para Pierre quando Jean lançou um comentário particularmente pessoal no meio do jantar. Exceto que Viper se referia a ele fazendo um boquete, não Jean. Mais tarde, no meio da madrugada, quando Viper tentava decorar o conteúdo da prova de física, Jean entrou em seu quarto.

Viper só conseguia pensar que esse era motivo de Jean ainda guardar algum tipo de ressentimento dele, mas ele não aceitava assumir a culpa desse dia, Jean que entrou em seu quarto e o chupou. E, tudo bem, Viper deixou isso acontecer mais vezes do que seria considerado normal. Mas não era como se Jean não soubesse das outras pessoas com quem Viper dormiu durante aqueles meses. Em momento algum, Viper disse que queria um relacionamento com Jean além de amizade com benefícios. Na verdade, eles nem podiam ser considerados amigos. Estava mais para colegas com benefícios.

- Não o provoque. - Pierre o repreendeu, como o bom irmão mais novo que era. - Fale-me o que aconteceu.

- Ele deve ter chupado o pau dele, como faz com todos. - Jean zombou, amargamente. Agora, Winter virou para encará-lo com uma expressão confusa. Era claro que ela não sabia, Viper pensou. - Eu disse avisei o pobre coitado. - Jean disse a Pierre, como se Viper não estivesse ali para ouvi-lo. - É uma pena não ter me ouvido.

A raiva surgiu com uma pequena fagulha de fogo dentro do peito de Viper, que administrou as palavras em busca de compreender se realmente Jean quis dizer o que falou. As palavras ecoaram por sua mente, percorrendo seu interior como fogo incendiando suas veias e Viper não teve a capacidade de reprimir o pressentimento ruim de que Jean ainda guardava mais mágoa do que permitia transmitir.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora