XI - Truque barato

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(Capítulo não revisado. Se houver qualquer erro de digitação, por favor, avisem nos comentários.)

O sangue emergiu de seu peito, aquecendo a lâmina gélida cravada em seu coração com gotas escarlates. Viper olhou para baixo, as mãos envolvem o cabo azul igual à safira, mas ele não tentou retirar a adaga. A lâmina permaneceu em seu peito, o ar esvaziando seus pulmões conforme a vida desaparecia. Era uma performance.

Loki ensinou Viper a como enganar as pessoas, a como trocar de lugar sem que elas percebessem que aquele não era ele. Era um bom truque, daqueles que você assiste em um circo onde cerram a pessoa ao meio. Você sabe que é mentira, reconhece o fato de não haver necessidade de se desesperar, porém saber que era mentira e saber como acontecia o truque eram coisas completamente diferentes. Sendo filho do Loki, Viper esperava que as pessoas não confiassem nele.

Então quando a adaga desmanchou ao redor das mãos de Viper, o cabo e a lâmina se transformando em penas de ganso como um truque barato, porém interessante, de um mágico. Viper sorriu ao levar os dedos para a boca, lambendo o sangue de cada dedo até sentir o gosto de morango desaparecer de sua boca.

Quando Viper iria dizer alguma coisa, uma espada atravessou suas costas e apunhalou seu peito.

Não era um ataque esperado.

Viper acordou com a respiração presa em seus pulmões, sentindo o coração acelerar em seu peito ao olhar ao redor.

Um pesadelo.

Um maldito pesadelo, ele se deu conta.

Ele levou a mão ao peito e pressionou, as batidas do coração tão aceleradas que Viper conseguia sentir dor. A escuridão ainda o envolvia, o silêncio sendo quebrado por vozes do lado de fora do quarto.

Ao olhar para o lado, Viper viu a cama desarrumada e a coberta caída no chão.

Em algum momento, Viper adormeceu na cadeira, com as pernas em cima da cama e os braços cruzados em frente ao corpo. Ele se arrependeu, seu pescoço gritava de dor e quando tentou se mexer, um estalo fez com que Viper quase se encolhesse com o som.

Faz uma semana desde que Peter contou a Tony Stark sobre Viper ser filho de Loki e ainda nenhum Vingador bateu na porta de seu apartamento. Viper não sabia se ficar aliviado ou amedrontado com a ideia de Stark estar somente esperando o momento certo para retirar toda a felicidade que Viper reuniu durante os últimos anos. Ele se perguntou se Thor o defenderia, se ele voltaria para a Terra para proteger seu sobrinho.

Thor e Viper se davam muito bem em comparação a relação de Loki e Thor quanto tinham a idade de Viper. Thor gostava de falar sobre histórias de sua vida e Viper ficava satisfeito em ouvir, fazendo uma brincadeira ou outra porque não havia como ouvir Thor sem querer zombar um pouco. No entanto, Thor nunca pareceu se importar com as brincadeiras de Viper, como se visse um pouco de Loki nele. Viper nunca admitiria, mas ele gostava de pensar que era parecido com Loki.

Alcançando o primeiro casaco que encontrou em cima da cama de Peter – ele não era o exemplo de pessoa organizada –, Viper vestiu o moletom e levantou quando seu coração parou de bater como se quisesse sair de seu peito.

Viper saiu do quarto, encontrando Nede Peter carregando duas pizzas cada um para a sala. May ainda não havia voltado do trabalho, Viper supôs que ela pegou mais um plantão de vinte quatro horas no hospital.

– Chamamos Pierre. – Ned contou, entusiasmado ao apontar para as pizzas e em seguida para a televisão. – Vamos maratonar Star Wars!

Viper sorriu, conseguindo imaginar mais de dez coisas melhores que ele podia fazer ao invés de assistir Star Wars. Não era sua saga favorita, não estava nem entre os vinte filmes que Viper escolheria para assistir. Ele e Pierre assistiram os três primeiros filmes quando tinha treze anos, dormiram quatro vezes e conversaram na maior parte do filme, mas o importante era que eles terminaram ao menos para falar que deram uma chance.

A mentira está em meu sangue - Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora