CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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FESTA DE MATAR

   Quando os convidados começaram a chegar, eu já tinha tomado duas taças de champagne. A maioria deles estavam vestidos socialmente, o que me fazia sentir deslocado no meio de todos. V e Raissa estavam próximos de mim, enquanto Ricardo era bajulado por alguns amigos de seus pais. Os homens comentavam sobre como meu noivo seria um grande líder algum dia. Eu não estava sendo necessariamente ignorado, mas também não tinha a atenção voltada para mim. Não sei até que ponto isso é bom; pelo menos não estou fazendo papel de idiota na frente de pessoas importantes.

   Obviamente, Ricardo me apresentou como seu noivo e assim que as apresentações foram feitas, os homens me esqueceram. Todos estavam mais preocupados em falar sobre como Ricardo teria que agir no futuro; se importavam mais com o fato dele ter conseguido um noivo do que com o que tudo isso significava para nós. Pelo que entendi, os dois homens que conversavam com Ricardo eram chefes de famílias menores. Um deles se chamava Alessandro Coppola, era um homem velho, gordo, de cabelos brancos e olhos castanhos. Tinha um sorriso presunçoso e um olhar arrogante que poderia irritar até mesmo um santo. O cabelo branco era fino e, em uma patética tentativa de esconder a calvície, ele penteava tudo para o lado esquerdo.

   O segundo homem se chama Fausto Marchetti, igualmente velho, bem magro, pele negra, olhos verdes, cabelos brancos e cacheados. Ele também tinha um olhar arrogante, mas bem menos que o outro, e parecia ser mais tolerável. Soltei um suspiro de tédio ao ver Fausto puxar um homem para perto deles. Aparentava ter um pouco menos de idade que Ricardo, também era negro, com olhos verdes e cabelo com tranças dreads. Usava um terno preto e tinha um sorriso convencido no rosto ao apertar a mão de meu noivo.

   — Alerta vermelho. — murmurou V, atraindo atenção de Raissa.

   — Isso não é nada bom. — respondeu a mulher, após encarar a cena.

   — O que tá’ acontecendo?

   — Aquele que está apertando a mão de Ricardo é o filho mais velho dos Marchetti, Renzo.

   — Ele é um galinha, já saiu com pelo menos metade das mulheres de Roma e nem se importa se elas são casadas. — Raissa dizia com nojo na voz.

   — E qual o alerta vermelho?

   — Danilo, entenda uma coisa. — V me virou de frente para ele, segurando meus ombros e me encarando. — Quando o Ricardo revelou que era gay, ninguém se importou e sabe o por quê? Porque isso aumentou as possibilidades das famílias que tinham filhos mais velhos homens. Eles não se importam se os filhos são gays ou não, o que importa é entrar para a família principal.

   — Tá querendo me dizer que aquele homem hétero pode estar dando em cima do meu noivo? — perguntei, me virando para a cena.

   — É uma possibilidade.

   — Mas não se preocupe, o Ricardo é obcecado por você e...

   Deixei Raissa falando sozinha e me aproximei dos quatro homens conversando animadamente. O tal Renzo sorria de orelha a orelha, não parecia desconfortável com o fato do pai estar o obrigando a dar em cima de um outro homem. Alessandro, apesar de sorrir, olhava para Fausto com raiva. Ricardo também estava sorrindo, mas não era um sorriso verdadeiro. Eu consigo perceber bem a diferença de quando ele sorri falsamente ou não. Definitivamente ele estava pedindo socorro e queria fugir dali. Assim que cheguei próximo o bastante, pude ouvir parte da conversa deles.

   — Renzo é muito bom atirando, aposto que vocês iriam formar uma boa dupla em um assalto. — comentou Fausto, segurando firme o ombro do filho.

Meu Mafioso (Romance Gay) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora