20 - Eu quase conheço a Colônia de Férias Mbaracá

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Fala galera.

Desculpas pelo hiato de duas semanas. No carnaval tive conferência na igreja. E não adiantei o capítulo como deveria. Benefícios da paternidade rs...

E depois peguei COVID e o trem desandou. Hoje que consegui revisar o cap. Mas já vou começar a escrever o próximo,para não termos mais hiatos assim.

Ótima leitura!

***

Andar pela Colônia de Férias Mbaracá era como ser transportado para o outro mundo. Um mundo onde magia e tecnologia andavam lado a lado. Sim, igual ao que vimos na vila. Mas parecia mais extraordinário. Não sei dizer se porque a magia era mais real para mim agora. Ou se o lugar dos semideuses treinarem era mesmo espetacular.

Todas as construções eram voltadas para batalha, tipo forjas e coisas assim. Eram futuristas, seguindo o estilo africano/tupi-guarani da vila. Mas, ao contrário da vila, dessas construções podia se ver canhões, metralhadoras e outras armas. Tudo com design futurista.

Os semideuses e folclóricos que caminhavam ali usavam armaduras. Eram placas de material semelhante a aço, com design afrofuturista ou amazofuturista, segundo Thainara. Ela disse que isso era uma visão de como o mundo seria, segundo o ponto de vista dos povos africanos que foram trazidos como escravos para o Brasil, no caso do afrofuturismo; e dos povos indígenas que foram colonizados pelos europeus, no caso do amazofuturismo.

Os semideuses usavam espadas, adagas e lanças. Alguns montavam em porcos do mato enormes. Outros passavam voando em araras gigantes, das cores mais vibrantes. Aquilo me encantou, então me lembrei do meu vôo em Vassorito, e meu estômago se embrulhou.

Sempre que uma caipora passava por nós, olhava feio ou ignorava Thainara. Eu só tinha visto Dairene se dignar a reconhecê-la. Era difícil não perguntar o porquê daquilo. Mas não queria aquele bastão das trevas, nome que eu mesmo cunhei, acertando minha cabeça. Por isso, calei minha boca.

A rua pela qual andávamos, a principal da colônia, era ligada diretamente à vila. Chamava-se Via Tupã-Xangô. A avenida principal da Vila Mbaracá, e, pelo que parecia, da colônia.

Entrando mais dentro da colônia de férias, percebi que realmente não havia comércio e casas residenciais ali. Somente forjas e campos de treinamento. Nossas quadras desportivas, tinha dito Thainara. Se buracos que soltavam fogo, pistas onde rochas gigantes te perseguiam e campos de arco e flecha eram os esportes deles, eu não queria descobrir como eles eram quando entravam em guerra.

Uns dois quilômetros à frente tinha uma praça, como na vila. Mas enquanto existia uma fonte no centro da vila, ali, no centro da praça da colônia de férias, tinha uma fogueira. No centro da fogueira estava meu velho amigo, o Totem de Sankofa, negro e ameaçador. Intocado pelas chamas. Ao redor dele estavam quatro postes. Supus que eram das ocas dos semideuses. Mas não falei nada, para evitar que Sofia me enchesse outra vez.

— Aquela é nossa Fogueira Sagrada — falou Thainara ao meu lado. — Foi entregue a nós pelo Curupira. Ao redor deles estão os totens de cada uma das ocas nas quais os semideuses vivem enquanto estão em treinamento. 

Um arrepio passou pelo meu corpo, ao lembrar dos olhos vermelhos de Adriano. Thainara deve ter percebido, porque falou em seguida.

— Não o Adriano.

Dei três passos antes de respirar.

— Foi o Zuiu, então?

Ainda não tinha parado para pensar nos amigos folclóricos de Carlinhos. Zuiu não parecia tão velho ao ponto de ter dado aquela chama para eles.

Miguel Oliveira e a Árvore de EldoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora