𝘊𝘢𝘱í𝘵𝘶𝘭𝘰 2 - 𝘐𝘮𝘳𝘢

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Imra não se lembrava de como tinha chegado em casa depois do encontro com a loira misteriosa na sua boate favorita, na ocasião de seu vigésimo quarto aniversário. O que ela sabia com certeza, no entanto, era que a memória estava vivíssima em sua mente. Verdade fosse dita, a lembrança se repetiu várias e várias vezes até ela simplesmente desistir de encontrar uma forma de bloqueá-las.

A mulher em si, por outro lado, parecia ter desaparecido da face da Terra e, para piorar a situação, Imra sequer sabia seu nome. Você não precisa saber o meu nome mas, se quiser, posso ser seu segredo mais valioso. Algo dentro de si sabia que a loira misteriosa gostaria de saber que, de fato, ela realmente havia se tornando o segredo mais bem guardado de Imra.

Veja bem, a morena não era alguém que se abria tão facilmente da forma que o fez há poucas semanas, mas se tinha algo que realmente chamava sua atenção, era o mistério. Qualquer tipo de mistério. E aquela mulher juntou o útil ao agradável quando desapareceu rapidamente na multidão com a promessa de que se encontrariam novamente quando Imra menos esperasse.

Como ela faria isso? Ela pode até saber meu nome mas não conversamos tanto assim a ponto de ser fácil para ela me encontrar de uma maneira tão aleatória.

Imra sabia que havia muitas pessoas no mundo com extraordinárias capacidades de rastreamento — como algumas com quem trabalhava — mas a morena duvidava que mesmo elas conseguiriam rastrear aquela mulher em específico. Afinal, quantas loiras de olhos azuis de mais ou menos um e setenta e cinco de altura existiam no mundo? Quantas delas estavam vivendo nos Estados Unidos — mais precisamente em Nova York — naquele exato momento?

Ela suspirou e abaixou a cabeça, desviando o olhar da tela brilhante do computador à sua frente e do documento que estava analisando. Imra se levantou da cadeira rotatória e deu alguns pequenos passos até a parede de vidro que lhe permitia ter uma ampla vista da cidade Nova York, alguns metros abaixo.

Era um dia corrido e sem luxos para intervalos prolongados — típico de toda empresa novaiorquina — mas ela apenas permaneceu em pé próxima da ampla janela de vidro até o telefone da sala começar a tocar de maneira estridente, fazendo sua cabeça doer. A morena esfregou a têmpora e tirou o aparelho do gancho, trazendo um pouco de sossego que não durou muito quando ouviu a voz do outro lado da linha.

— Está lembrada da festa de amanhã a noite? — Perguntou um de seus amigos do setor de compras e vendas.

Imra bufou sem fazer questão de esconder seu descontentamento. Sim, ela estava mais do que lembrada porque ninguém na maldita empresa conseguia falar de outro assunto que não a festa beneficente, no DJ contratado para a after e os possíveis pratos que seriam servidos. Mas claro que todos iriam estar presentes porque tinham interesse genuíno de ajudar quem realmente precisava.

— Afirmativo. Não precisava ter me ligado apenas para se certificar disso, Mark. —Retrucou com evidente impaciência que fez o homem do outro lado da linha soltar uma pequena gargalhada que a fez revirar os olhos.

— É aí que você se engana. Sou seu melhor amigo, Imra e é óbvio que eu precisava te lembrar disso... até porque não quero te dar nenhuma chance de me deixar sozinho nessa festa. — Confessou em meio a uma risada.

Imra percebeu que às vezes odiava a perspicácia de Mark. Ele simplesmente tinha alguns jeitos diferentes de conseguir o que queria, mas ao menos, jamais tinha machucado alguém... pelo menos, até onde ela sabia.

— Haha. Muito engraçado. — Respondeu, sem realmente achar graça da situação e com o máximo de sarcasmo que conseguiu colocar em sua voz.

— Eu senti a dor daqui... literalmente, a alguns bons andares abaixo de onde você trabalha. — Devolveu.

𝙄 𝙠𝙣𝙚𝙬 𝙮𝙤𝙪 𝙬𝙚𝙧𝙚 𝙩𝙧𝙤𝙪𝙗𝙡𝙚 • 𝙋𝙅𝙊Onde histórias criam vida. Descubra agora