𝙄 𝙠𝙣𝙚𝙬 𝙮𝙤𝙪 𝙬𝙚𝙧𝙚 𝙩𝙧𝙤𝙪𝙗𝙡𝙚 • 𝙋𝙅𝙊

𝘊𝘢𝘱í𝘵𝘶𝘭𝘰 3 - 𝘋𝘦𝘴𝘥𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘷𝘰𝘤ê 𝘴𝘦 𝘪𝘮𝘱𝘰𝘳𝘵𝘢 𝘤𝘰𝘮 𝘧𝘪𝘭𝘢𝘯𝘵𝘳𝘰𝘱𝘪𝘢?

Imra sabia que seu dia iria ser ruim antes mesmo de abrir os olhos. Ainda deitada, mil e um pensamentos de "E se eu não for hoje?" passaram por sua mente, cada um acompanhado de possíveis consequências e explicações que deveriam ser fornecidas. Ela não gostou de nenhuma das opções, contudo, e optou por ir mesmo assim.

Abriu os olhos e espreguiçou-se, sentido todo o corpo alongar e começar a se preparar para o dia que teria pela frente. Imra percebeu que não acordara dolorida pela primeira vez em dias embora ainda sonhasse a mesma coisa repetidas vezes. Era melhor do que nada.

A verdade era que em algum momento do dia anterior, algo a fez sentir-se mais relaxada em relação a situação que estava vivendo e isso permitiu encerrar seu horário de trabalho com muitas de suas tarefas concluídas e ter uma boa noite de sono... na medida do possível. A morena riu de si mesma. Nunca em sua vida ficara tão... fissurada? Obcecada? Curiosa? Não sabia qual palavra melhor definia o que sentia em relação à loira.

Fosse como fosse, ainda precisava se levantar da cama e ir trabalhar. Durante todo o trajeto de sua casa até sua sala no trabalho, pensou em inúmeras desculpas para cancelar sua presença no evento que aconteceria na noite daquele mesmo dia, mas bastou uma mensagem de seu chefe para que percebesse sua completa falta de sorte. Em suma, a mensagem poderia ser simplesmente resumida em: "Não estarei presente porque não me importo com esse evento e estou ocupado vivendo minha vida. Você é minha segunda no comando e já está no país correto. Você deve ir me representar. Passar bem e não falte."

Imra se sentia como sendo parte de uma piada cósmica de muito mau gosto, mas ela infelizmente não tinha nenhuma ferramenta ou artimanha para contra-argumentar com forças claramente maiores do que ela.

Apesar de não estar contando as horas para a festa, seu dia passou de forma lenta e tediosa. Os ponteiros do relógio sequer pareciam sair do lugar. Reuniões com diferentes equipes passaram, acordos vantajosos foram selados e, mesmo assim, a total atenção e disposição de Imra pareciam ter ficado em seu quarto, em sua casa.

A morena finalizou a leitura de um relatório vindo de um outro setor e desligou momentaneamente a tela do computador. Pegou o celular dentro da bolsa e voltou a sua busca em um site simplório de rastreamento no qual eram colocados fotos ou desenhos e lhes davam uma lista de possíveis nomes. A confiabilidade era questionável, mas ainda era o melhor que ela conseguira. Novamente, sem resultado algum.

Imra bufou, mas seu momento longe das telas não durou muito, visto que seu celular começou a apitar com as notificações de prazo e entrega de trabalhos que precisava enviar naquele dia e não parou por um segundo até seu horário de almoço.

A tarde não foi menos caótica. Em uma de suas passadas pela mesa de sua secretária, Imra com seguiu perceber que a agitação por causa da preparação para o evento noturno. Haviam mais pessoas ali dentro do que de costume, mesmo que a festa fosse ocorrer em um salão bem mais abaixo do andar em que trabalhava. Para sua surpresa, Mark a encontrou ali em cima.

— Animada para hoje? — Perguntou, mesmo que já soubesse a resposta. Ele simplesmente adorava irritar sua amiga em qualquer oportunidade.

Imra revirou os olhos claros e arqueou uma sobrancelha em sua direção:

— O que você acha? — Devolveu a pergunta sem medo de que ele se sentisse ofendido. Ela o conhecia bem o suficiente para saber que era preciso muito mais do que uma simples pergunta para fazer Mark se sentir desconfortável.

Mark riu ao encarar sua expressão de tédio e desânimo. Na verdade, ele secretamente se perguntava como Imra conseguia frequentar boates tendo uma personalidade, aparentemente, tão reservada e sarcástica. De qualquer forma, essa era apenas uma de suas características que o tornava curioso a seu respeito.