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Bárbara Baldwin - Ponto de vistaLondres, Reino unido

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Bárbara Baldwin - Ponto de vista
Londres, Reino unido

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Dizem que quando as mulheres engravidam tudo fica mais sensível: o corpo, as emoções, as reações e até mesmo os pensamentos. Agora, na décima semana de gestação, eu estava provando isso na pele.

Depois do que pareceram trinta minutos apenas encarando aquele homem, pude ver que todos os cantos de seu rosto expressavam medo. Ele não estava errado, até porque a minha única vontade naquele momento era simplesmente arrancar todos os seus órgãos e vendê-los no mercado negro, e tenho certeza de que meu semblante evidenciava isso.

Normalmente, eu não estaria tão enfurecida. Apesar da fama desagradável que cultivava, nunca partia para força física, já que meus argumentos sarcásticos costumavam ser predominantemente suficientes.

Tive apenas uma briga na época da escola e foi porque um idiota do último ano, Cameron, começou a perseguir o Pietro por sua orientação sexual. Em uma sexta-feira, no fim da aula, cheguei sorrateiramente até o garoto, desferindo um magnífico soco em seu nariz. O rosto de Cameron ficou torto no mesmo instante, e eu fiz questão de receber todos os aplausos enquanto ele chorava.

Entretanto, eu duvidava muito que acertar a face de Victor fosse resolver alguma coisa, embora minha vontade fosse essa. Para a felicidade dele, meu raciocínio ainda funcionava o bastante para que meus punhos se contivessem.

- Ei, o que aconteceu? Você está nessa porta faz... - a voz de Pietro morreu assim que ele chegou ao meu lado. - Oh.
O Cara do Esperma.

- Cara do...? - Victor repetiu, franzindo o cenho em extrema confusão, mas desistiu de entender e meneou a cabeça. -
Esquece. Bárbara, eu vim para conversar. Por favor.

Senti o olhar dos dois garotos esperando minha resposta, mas ela não veio. De repente, fiquei mais irritada ao perceber que teria que ignorar meu orgulho em prol da minha gravidez. Como eu poderia fechar aquela porta na cara dele se estava carregando um feto do mesmo, afinal?

Céus, maldita pílula!

Pietro murmurou um palavrão frustrado quando dei um passo para o lado e abri espaço para que Victor entrasse. O cacheado compreendeu, movendo-se rapidamente como se eu fosse mudar de ideia. Novamente, não estava errado.

- Fica à vontade - resmunguei, indicando o sofá.

Enquanto o homem ia até o estofado, troquei um olhar com meu amigo. Bastou uma piscadela para que Pietro entendesse que eu conseguiria lidar com a situação sozinha.

- Estarei na cozinha, caso precise de mim - o moreno falou mais alto do que o necessário, na intenção de que Victor escutasse.

O garoto apenas acompanhou meu amigo com os olhos enquanto o mesmo ia na direção do outro cômodo, dizendo em alto e bom som que lutava karatê. Comprimi os lábios para não rir, na esperança de manter qualquer seriedade no ambiente.

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